Mundo da Rádio

  Rádio antigo Capehart International

Banda VHF Aeronáutica (118-137 MHz):


    avião da TAP Portugal
    Todos os dias, milhares de aviões cruzam os céus, transportando milhões de passageiros, carga, cartas e encomendas enviadas por correio, entre outros. A gerir um número tão grande de voos, existem controladores de tráfego aéreo nos aeroportos. Surge, então, a pergunta: como podem comunicar as tripulações entre aviões, e de cada avião para a torre de controlo que serve a área sobrevoada? A resposta, como o leitor entusiasta das radiocomunicações esperava, é elementar: ondas de rádio.

    Na verdade, há dois tipos de comunicações utilizados entre pilotos e os aeroportos:

  • Comunicação a médias e grandes distâncias: utiliza frequências dentro da faixa HF (fora das faixas de Onda Curta utilizadas pela radiodifusão); tais transmissões são efectuadas em Banda Lateral Única (SSB).
  • Comunicação a curtas distâncias: utiliza frequências numa faixa específica da VHF, entre os 118 e os 137 MHz. É precisamente este tipo de transmissões que iremos abordar neste artigo.
AVISO

    Ainda que não o seja em Portugal, a escuta de emissões aeronáuticas pode ser ilegal em certas regiões e até nalguns países, pelo que se recomenda vivamente ao leitor deste artigo que não viva no país que confirme o enquadramento legal da escuta deste tipo de transmissões, aplicável na sua região. O site "Mundo da Rádio" não se responsabiliza pelo exercício de actividades ilegais baseado na informação disponibilizada, pelo que, se o leitor prosseguir com a escuta mesmo sabendo que tal prática é punível por lei na região ondese encontra, saiba que estará por sua conta e risco. Em qualquer circunstância, o leitor deste artigo deverá utilizar equipamento de comunicação (radioamador, etc) para transmitir na faixa reservada à aeronáutica. Além de praticar, de forma  evidente, uma ilegalidade, estará a colocar em causa a segurança das aeronaves em voo. Lembramos que, em qualquer circunstância, a escuta ou a transmissão em frequências reservadas a operações militares é, geralmente, proibida, ainda que se alguém escutar de forma privada e responsável, sem divulgar o conteúdo, não deva, em princípio, ser apanhado). Utilize as informações presentes neste artigo de uma forma responsável.


   Banda VHF Aeronáutica:

    Regra geral, as comunicações rádio em VHF efectuadas na aviação comercial e noutros tipos de aviação são feitas na faixa entre os 118 e os 137 MHz. Tratando-se de uma faixa próxima da VHF-FM empregue na radiodifusão (87,5-108 MHz), rapidamente se percebe por que razão a ANACOM (em Portugal), ou outra entidade reguladora (noutro país), pode mandar desligar um emissor de uma rádio que esteja a colocar espúrias na faixa reservada à aviação. Para a tripulação de uma aeronave, uma falha de comunicação motivada pela interferência de uma estação de rádio na frequência sintonizada, pode, em certa medida, comprometer a segurança do voo.


    Alfabeto Fonético da NATO:

    Numa área sensível como a aviação, em que a segurança dos voos é a prioridade máxima, as comunicações são quase sempre efectuadas em inglês aeronáutico (excepto nalguns serviços regionais dentro de um país) e, havendo o imperativo de minimizar as ambiguidades e confusões de linguagem entre as tripulações e o controlo de tráfego aéreo, é adoptado o alfabeto fonético da NATO. Imaginemos uma aeronave portuguesa com a matrícula CS-ABC. A aeronave está a contactar uma segunda aeronave; a comunicação prossegue com breves falhas de sinal e algum ruído. O piloto da segunda aeronave escuta: "ci esse ei ii ci" e interpreta como "CS-AEC". Facilmente se conclui que a simples soletração de letras é demasiado ambígua e susceptível a erros crassos de interpretação. Assim, em vez de se soletrarem letras, "soletram-se" palavras que representam letras. Neste contexto, adoptou-se, a nível mundial, o alfabeto fonético da NATO, que é composto pelos seguintes códigos:

Letra Código Pronúncia em
todas as línguas
A alpha al fa
B bravo bra vo
C charlie tchar li
D delta del ta
E echo é 
F foxtrot fox trot
G golf golf
H hotel ho tel
I india in dî a
J juliett djou li ett
K kilo qui 
L lima li ma
M mike maic
N november no vem ber
O oscar oss car
P papa pa pa
Q quebec qué bec
R romeo ro me ô
S sierra si e rra
T tango tan 
U uniform iu ni form
V victor vic tor
W whiskey uîs qui
X x-ray ecs rei
Y yankee ian qui
Z zulu zu lu

Número Código Pronúncia no
Alfabeto Fonético
Internacional
Pronúncia em
todas as línguas
0 zero [ˈziːɹoʊ] ze ro
1 one [wʌn] uan
2 two [tuː] tchu
3 three [tɹiː] tree
4 four [foʊɝ] 'fór
5 five [faɪf] faiv
6 six [sɪks] sics
7 seven [ˈsɛvən]  ven
8 eight [eɪt] eit
9 nine [ˈnaɪnɝ] nain
(tabelas retiradas da Wikipédia)

    Como referi, a esmagadora maioria das comunicações são feitas em inglês, pelo que é essencial o domínio desta língua para compreender alguma coisa das comunicações. Todavia, o inglês aeronáutico não segue exactamente a pronúncia da língua inglesa, pelo que há palavras pronunciadas de forma ligeiramente diferente. O número "3" é pronunciado como tree, o número "4" é por vezes pronunciado como fower, o número "5" como fife e o número "9" como niner. Estas e outras variações são deliberadamente usadas para eliminar ambiguidades com outras palavras parecidas, minimizando o risco de equívocos graves nas comunicações.



Matrículas das aeronaves:

  Tal como um carro, por exemplo, cada avião tem de ter uma matrícula que a identifique de uma forma inequívoca. Assim, recorrendo ao código fonético descrito anteriomente (NATO), as aeronaves identificam-se à torre de controlo usando a matrícula como referência. Socorrendo-nos do exemplo anterior, a aeronave "CS-ABC" identificar-se-ia em antena como "charlie sierra alfa bravo charlie", aplicando o código fonético da NATO. A matrícula das aeronaves é composta por um prefixo aeronáutico, que identifica o país de registo, seguido de várias letras que identificam a aeronave. Segue-se alguns exemplos de prefixos aeronáuticos utilizados nos países lusófonos e outros:

País
Prefixo aeronáutico
Notas
Angola
D2

Brasil
PP, PR, PS, PT ou PU

Cabo Verde
D4

Espanha
EC

França
F

Guiné-Bissau
J5

Macau
B

Moçambique
C9

Portugal
CR (antigas colónias), CS (Portugal, ainda hoje utilizado)
matrículas "CS-AAA" a "CS-ZZZ": aviação geral
"CS-BAA" a "CS-BZZ": balões
"CS-DAA" a "CS-DZZ": aviação geral
"CS-GAA" a "CS-GZZ": autogiro
"CS-HAA" a "CS-HZZ": helicópteros
"CS-PAA" a "CS-PZZ": planadores
"CS-TAA" a "CS-TZZ": transporte (aviação comercial)
"CS-UAA" a "CS-UZZ": ultra-leves
"CS-XAA" a "CS-XZZ": aeronaves experimentais
Reino Unido
G

São Tomé e Príncipe
S9

Timor-Leste
4W




Frequências de comunicação utilizadas em Portugal:

    Alguns exemplos de frequências de comunicações aeronáuticas utilizadas regularmente em Portugal:


  • Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa)

Frequência (MHz)
Operador
Horário
118,100
Lisboa Tower
24h
119,100
Lisboa Approach

122,150
EuroAtlantic Airways

131,500
SATA Internacional

131,650
Groundforce Portugal Handling

131,850
TAP Portugal


  • Aeroporto Francisco Sá Carneiro (Porto)

Frequência (MHz)
Operador
Horário
118,000
TWR
24h
118,925
Delivery

124,300
ATIS

131,900
Groundforce





Alguns jargões utilizados nas comunicações aeronáuticas:

  • Mayday: palavra utilizada para declarar uma emergência em que exista um risco iminente para a segurança da tripulação e/ou passageiros. Quando um piloto declara uma emergência que compromete gravemente a segurança da aeronave, fala para a torre de controlo: "mayday, mayday, mayday".
  • Pan-pan: expressão que representa uma emergência que não coloca em risco imediato a segurança da aeronave. Por exemplo, um passageiro que se sente mal e requer cuidados médicos que possam ser prestados assim que a aeronave aterre de emergência.




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