Isto para mim resume-se a contas simples, quase de merceeiro:
70% da audiência na rádio portuguesa faz-se entre as 07 e as 10h e entre as 17 e as 20h (mais hora, menos hora, por aqui). O corpo do dia, 10-17, faz audiência de talvez uns 15%; o período das 22 às 01h faz 10%; os períodos 20-22 e 01-07h vão buscar os restantes 5% juntos.
É uma tendência amplamente conhecida. Não sou eu que digo isto, são os manuais de Marketing e os estudos sobre a rádio em Portugal
Portanto, ter espaços de desporto que vão das 15 às 23h não tem, na minha opinião, grande razão de ser e é simplesmente demasiado longo para qualquer pessoa sana acompanhar quando a escuta média de rádio é o período de um jogo de futebol + intervalos + pré/pós-match (2 horas +- em média). Ninguém vai acompanhar 8 horas seguidas de desporto sem imagem em 2025. Mesmo na televisão a SportTV fica muito a fazer figura de corpo presente em vários momentos nos cafés e em todo o lado.
Faz sentido acompanhar jogos importantes às 19h45 que se estendam até ali às 21h30 e encerrar a coisa às 22h ou fazer como a Antena 1 faz/fazia, que era um fórum de ouvintes na ultima hora, que não era interessante mas valia pelo entretenimento.
Faz sentido acompanhar jogos às 17h? Nem sempre, depende.
Faz sentido começar uma emissão de desporto às 15h e mais a mais por sistema? Nem por sombras, a não ser que se venha trazer relato de modalidades que não está em mais lado nenhum e que faz serviço público.
Faz sentido fazer isso tudo seguido em antena, dois dias seguidos por semana e precisamente no período de maior descanso das pessoas? Nem pensar. É massudo. É massivo e as pessoas têm mais em que pensar que 8 horas de desporto.
Com base a isto, quem planeia e quem gere tem que ter cabeça e gerir.
O problema da Antena 1 não é a falta de 16 horas de desporto por semana fora as que não ficam emitidas durante a semana pelas competições europeias ou portuguesas. É a desorganização do alinhamento de alguns recursos humanos; é a inconsistência no acompanhamento de competições fora dos escalões principais; é também um problema externo a ela própria, que é a péssima organização de horários da Liga e o próprio afunilamento da Liga; é sobretudo a resposta e o "digestivo" a não haver desporto na rádio ser música a metro e a quilómetro apenas (boa, não se retira), em vez de haver programas de entretenimento de grande alcance que fossem encaixados no horário, como o Máquina do Tempo, o Gramofone ou o Velhos Amigos.
Mas daí a serem 16 horas por semana, todas as semanas com desporto... a Antena 1 não é a SportTV FM. É uma rádio generalista. Ocupar grande parte da emissão com desporto é tudo menos equilibrado.
Achar que cuspe, cola, um preguinho e uma tabuinha vão resolver todos os males da Antena 1 é afundá-la e não promovê-la.
Ando em fóruns vai para 16 anos e é sempre o mesmo discurso e a mesma narrativa, há 16 anos. Já cansa. Talvez para quem a promove (sempre a mesma pessoa, já agora) já fosse altura de perceber que as coisas não vão mudar, por muito que escreva a insistir nos "serviços públicos da Europa".
E olhem que eu pagava o triplo para termos mais RTP.