O quê que o meu amigo quer provar com isto?
Aqui o que emporta é que a CMTV está sempre na frente!
Melhor primeiro!
E o que este comentário contribuiu para a discussão! meu Deus que até me venho!
Visto que estas discussões (e bem) foram desviadas do tópico da Rádio Observador para este, sinto-me na liberdade de botar a seguinte posta de pescada.
A CMTV, mas também o grosso da programação dos canais generalistas em sinal aberto, são o reflexo do nível cultural e social em Portugal.
E não me estou a armar em intelectual de pacotilha... eu próprio dou por mim a consumir, a espaços, o universo Correio da Manhã.
Mormente, pela Europa fora, o Telediario tem 30 minutos, Journal de 20 heures tem 40 minutos, os espaços BBC News At... têm 20 minutos, o Tagesschau é um autêntico «News Beat» de 5 minutos...
Por cá, o Telejornal tem uma hora e, nas privadas, o tempo de emissão já bateu a 1h45.
Em Portugal confunde-se a trivialidade com a notícia, além de que o sangue e o ruído em torno da política e do futebol minam os nossos espaços noticiosos.
Isto porque, não só o povo, mas também uma parte substancial das nossas classes A e B, pecam no espírito crítico e têm horizontes culturais curtos.
A que se deve? Incompetência no sistema de ensino em Portugal? Desleixo por parte do serviço público de audiovisual? Reflexo de 48 anos de uma ditadura de direita (as de esquerda são tão ou mais nefastas, mas havia diferenças na forma de «entreter o povo»), que sucedeu uma 1.ª República de balbúrdia composta por muita gente incompetente e de uma monarquia, em muitos aspectos, que vivia um regime feudal?
Talvez!
Mas, infelizmente, estar com uma câmara apontada à porta de uma Igreja à espera que saia o cortejo fúnebre de uma menina brutalmente assassinada, ou transmitir imagens de gente a ser executada num atentado, ou ouvir gritaria em debates que tinham a intenção de falar de futebol, ou até, assistir a escutas telefónicas pessoais (não confundir com casos concretos) e escarrapachar que político A, B ou C consome isto ou aquilo e tem um motorista que leva os filhos à escola, bem como chegar a locais de buscas antes mesmo das autoridades... em surdina, pela manhã fresca, é tudo menos jornalismo...
São, vá, «filtros» com intenções bem definidas para nos levarem a dizer chega a algo que, num futuro já tardio, chegaremos à conclusão que nos era essencial.
Sabe quando eu procuro a CMTV, dizendo até que, bem trabalhada, fazia MUITO MAIS serviço público que a RTP?
Quando, infelizmente, há uma desgraça em terras/municípios que me são queridos. É o meu provincialismo bacôco de bom espécime de origens lusitanas e mouras...
Possa estar no interior do município de Mação, ou na urbana cidade do Porto, eles são sempre os primeiros a chegar.
A Medialivre tem uma rede de correspondentes invejável cuja essa capilaridade é muito há custa de curiosos e membros dos poucos OCS locais que ainda persistem neste centralista e padrasto país...
Desconfio é que haja alguns repórteres que não possuam a Carteira Profissional de Jornalista.
Mas quem sou eu para suspeitar disso, não é? Sou apenas um mero adereço piloso sobre o lábio do meu amo!
Contudo, nada como consultar esta lista para que senhores como o Mirco, possa consultar e aferir se estou a dar-vos um bigode com este paleio todo!
https://www.ccpj.pt/pt/profissionais-do-sector/
O que me deixa descansado é que a ERC tem feito um trabalho incansável na regulação destas potenciais irregularidades...
Tens aqui pontos muito válidos relativamente às notícias. Aqui, a informação é uma estratégia de programação e de corte de custos, porque fica mais barato pagar a um jornalista que pagar uma produção completa de um programa; nos restantes países europeus é mera parte de uma programação mais vasta que é mais direcionada ao entretenimento.
Quem começou essa estratégia de alongamento foi Emídio Rangel nos anos 90: "jornal com jornal, novela com novela". Estendia-se o jornal pelo tempo que fosse necessário até a RTP1 arrancar para a novela, assim que estava para arrancar a SIC acabava. E para encher, fait-divers.
Com o tempo, e a falta de dinheiro, o jornal foi estendido em todos os canais até chegarmos à realidade atual. A TVI tinha 1 hora em 2000, por exemplo, porque precisava de garantir 4 do horário nobre com os diários do Big Brother e novelas a 45/60 minutos cada uma. A parte interessante é que se virmos um informativo da SIC Notícias, ficamos despachados em 50 minutos ainda hoje.
Acho que é um reflexo clássico não só de falta de dinheiro, como também do povo que somos. E só isso, e nada mais, explica esta queda para a faca e para o alguidar que a CMTV reflete tão bem. No demais, dizes tudo e eu não tiraria ou acrescentaria uma linha, tenho exatamente a mesma opinião.
Mas olha que não sei se o teu amo gostaria do estado atual de coisas...
Que bela memória trazes da televisão generalista em Portugal, sempre valorizando a História para explicar o presente.
Ó Memórias! O meu amo pertence a uma geração de comunicadores que já não se fabrica. É verdade que o mercado era bem curto, que estava «muito por inventar» e que os tempos, invariavelmente, mudaram.
É claro que não defendo uma rádio maioritariamente de autor como nos anos 70 e 80, mas naquela época, as estações estavam pejadas de Mestres que ou já não estão entre nós ou estão retirados.
Não sendo um telespectador assíduo, no outro dia, refém da vasta oferta que a nossa TDT nos brinda, estive a assistir o Inesquecível do Júlio Isidro.
É, talvez a par do Goucha (mesmo sabendo que faz programas que não vejo) um dos «últimos moicanos» que se recusa a ser papagaio de teleponto.
Na rádio ainda temos o luxo de ter um maior número de Mestres que, na minha opinião, deveriam ter como principal incumbência transmitir a arte de comunicar aos mais novos.
Daí ficar siderado quando escuto jovens de grande qualidade como um Gonçalo Câmara, um Tiago Ribeiro, uma Catarina Palma, uma Mariana Oliveira, uma Tecas, um António Botelho, uma Vanessa Cruz, um André Santos, um Rui Alves de Sousa, um Nélson Soares ou uma Catarina Moreira.
O busílis talvez não esteja na qualidade dos comunicadores actuais, mas sim, na liberdade que eles têm de serem eles próprios em antena. Todos estes nomes conseguem o privilégio de terem alguma liberdade nos postos onde comunicam.
Talvez falta a mescla com os Mestres como o meu amo.