O Rui Maria Pêgo, com todo o respeito, não foi feito para o TNT.
Cada vez que ouço, sinto que não puxa pela audiência e que quase se limita a debitar as músicas.
O programa TNT (Todos No Top) foi o percursor, o primeiro, de uma nova forma de fazer rádio que surgiu no início dos anos 80. Na altura, dinamizado pelo tio do Rui Pêgo, Jorge Pêgo, e outros radialistas de renome, ia para o ar de segunda a sexta, das 10h até às 12h, e aos sábados, no mesmo horário (10h-12h), era divulgado o TOP 20 do programa. Este foi o primeiro programa de rádio que comecei a ouvir em FM, aos 11 anos (por volta de 1981). Com critérios de seleção, divulgava o que de melhor se fazia por essa Europa fora, EUA e mundo, com um dado adicional, os êxitos eram lançados em simultâneo com as rádios congéneres. Moldou os gostos e a cultura cumulativa de uma geração. Por aqui também se mede a força da rádio: numa reunião em Coimbra, enquanto tomava café no bar, calhou em conversa falar-se do que ouvíamos na juventude, tendo eu referido o programa supracitado e, para surpresa minha, toda a gente daquele grupo também ouvia esse programa. Os que participaram na conversa provinham de diferentes pontos do país, os gostos musicais eram coincidentes, e partir daqui criou-se o mote para outras conversas, assim como, uma simpatia automática ente todos.
Na minha perspetiva, embora não ouça o TNT atual, para o Rui Pêgo deve ser uma honra conduzir um programa que, 4 décadas antes, marcou a rádio em Portugal (não só a rádio, também a televisão, com a extensão do programa para os ecrãs com o Vivámúsica) e foi dinamizado pelo seu tio Jorge Pêgo (entre outros), mas também a responsabilidade de dar o seu melhor e, se possível, superar-se. Jorge Pêgo, para a minha geração, foi um radialista que admirámos e respeitámos, possivelmente, o impacto do programa para os seus concidadãos vai para lá do que possa ter imaginado. Uma curiosidade: durante anos, o TNT foi patrocinado pelo champô “Timotei” e a sonorização do anúncio com a narração do Jorge Pêgo é absolutamente inesquecível.