Nos países civilizados, o investimento na difusão hertziana convencional continua, agora com o digital DAB+ e também no obsoleto analógico FM, por dois propósitos fundamentais:
i) o serviço de radiodifusão é universal e gratuito. Não depende de subscrição de operadores de Internet ou outros meios de comunicação pagos;
ii) o streaming pela Internet, ou Internet Radio, é considerado redundante com a difusão hertziana, considerando-se a última o meio principal de receção. Isto porque, os serviços de Internet podem falhar em determinadas circunstâncias, afetando todos os utilizadores de um operador ou de todos os operadores ao mesmo tempo. Veja-se o ataque informático recente à Vodafone. Se a rádio fosse exclusivamente acedida por serviços de Internet, uma parte da população portuguesa ficaria sem acesso à Internet, à televisão e à rádio, ou seja, faria uma viagem no tempo até à Idade Média, isolados da civilização. Outros cenários podem ser considerados, como catástrofes naturais, tempestades, cheias, incêndios, tremores de terra, ou outros. Portanto, nestas situações, se o serviço de Internet falhar para todos os utilizadores, ou uma parte destes, a radiodifusão terrestre convencional (digital ou analógica) consiste em uma forma de Autoridades comunicarem orientações às populações.
Portanto, a difusão hertziana convencional (Digital ou Analógica) vai continuar nos países civilizados e desenvolvidos Ad Infinitum, só assim se justifica os investimentos que têm vindo a ser feitos por toda essa Europa. A ligeireza com que este assunto é tratado em Portugal causa estranheza e estupefação a qualquer um. É de um amadorismo total.
A radiodifusão hertziana vai continuar, não obstante em Portugal apenas se considerar o obsoleto FM. Os normativos que regulam o setor parecem documentos medievais, tresandam a incompetência, bloqueiam o desenvolvimento, estagnam o meio, tornam o surgimento de novos operadores uma tarefa impossível. São documentos de interpretação dúbia, criam obstáculos atrás de obstáculos, proibições atrás de proibições, criam alçapões opacos, enfim, documentos próprios de regimes autocráticos, rodeados de cleptocratas. Há interesses instalados que beneficiam com isto. Estes regulamentos são a principal causa da desorganização que se assiste, desajuste, estagnação, vão em contraciclo uma sociedade moderna e de mercado e são os cidadãos que saem a perder. Isto parece o terceiro mundo.
Um distrito como o de Leiria, para ter uma cobertura cabal de uma emissora em toda a extensão, necessita de 3 emissores de rádio, como toda a gente sabe. De um extremo ao outro são 180 km por estrada, com orografia que não facilita a propagação dos sinais de rádio. Porque motivo estão impedidos de ter 2 emissores a difundirem a mesma estação 24h/dia, se isso vier a acrescentar um ganho para as pessoas, dentro das hipóteses de escolha disponíveis?
Isto como está, não serve.