Caros companheiros do Fórum da Rádio: tenho um tema que gostaria de dialogar convosco, algo muito curioso (no meu entender!), e sobre o qual gostaria muito de ler as vossas opiniões e conhecimentos sobre tal matéria.
No passado mês de Outubro de 2023 – não existindo ainda as emissões da Rádio Maria no Alentejo (emissor de Portel na frequência 97.5 MHz com 500 W), e havendo tão só as emissões da Grande Lisboa (emissor de Palmela na frequência 102.2 MHz com 2000 W) e do Grande Porto (emissor de Valongo na frequência 100.8 MHz com 1500 W) – estava eu numas mini-férias junto ao mar na zona costeira de Lagoa, no Algarve, já mesmo no extremo litoral dessa região algarvia, e tendo, ao longe, mas como barreira direccional, a "grande muralha" da Serra de Monchique, eis que, no período nocturno, eu captava sempre perfeitamente, com um simples telemóvel (ou seja, sem nenhum aparelho receptor especial de rádio), a emissão dos 102.2 FM da antena emissora de Palmela! Ora isso aconteceu durante todos os dias (neste caso, noites) em que lá estive, e todavia no Baixo Alentejo (procurei confirmar junto de outras pessoas) ninguém captava essa mesma emissão... estranho, não? Entretanto, actualmente já não se consegue captar nada disso (voltei lá pelo Natal, e zero!).
Terá ocorrido o efeito de
difracção "fio de navalha" que o nosso caro Luís Carvalho tão bem explica no seu livro? Mas, em caso afirmativo, não teria o território (o Baixo Alentejo) anterior à montanha (que era, neste caso, a Serra de Monchique) de conseguir captar essa mesma emissão visto estar mais próximo da antena e sem barreiras orográficas?
Confesso-vos que esta é uma matéria que muito me interessa (do campo da propagação das ondas de rádio) e do qual ainda não estou 100% convencido de todas as coisas que tenho lido. E confesso que estou expectante de vos ler (fá-lo-ei atentamente, sobretudo sobre este caso concreto).
(Ilustração do Sr. Luís Carvalho)
Deixo as seguintes notas: entre a antena da Palmela a emitir em FM na frequência 102.2 MHz com 2000 W e o local onde captei essas emissões distavam, pelo menos, 168,60 km; entre a antena emissora e o aparelho receptor estava exactamente a parte mais alta da Serra de Monchique, ainda que, tanto a antena emissora, quanto eu, estivéssemos ambos bastante longe da referida barreira natural; tais captações, sem ruídos ou interferências (tinham som limpo) ocorriam apenas no período nocturno; nos meses mais recentes nunca mais foram possíveis quaisquer captações similares.
Anseio pelas vossas respostas