Autor Tópico: DAB+  (Lida 55452 vezes)

pdnf

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Re: DAB+
« Responder #90 em: Dezembro 16, 2021, 11:17:57 am »
Mas voltando ao essencial: quem paga o DAB? O Estado (RTP), ou a Bauer está disposta a investir sozinha largos milhares de euros no sistema? É que, como disse e bem o caro Augusto, não creio que a Renascença ou a TSF queiram/possam investir milhares de euros em tecnologia quando a emissora católica portuguesa já emagreceu onde podia emagrecer. E a TSF nem investe num técnico competente para assegurar o normal funcionamento das emissões FM, quanto mais para apostar no DAB+...

Nem mais! A pergunta sacramental que ainda não responderam na thread: quem paga e com que dinheiro? A RDP recebe uma fatia pequena do orçamento da RTP. Os ingleses da Bauer não quererão gastar milhares no DAB sem terem o apoio financeiro das rádios portuguesas para construir/modernizar a rede de emissores. Não vejo outra possibilidade a não ser uma "bazuca" europeia ou coisa semelhante (Portugal 2030 ou Portugal 2040).

Obviamente... a juntar aos custos com a mudança dos recetores dos automóveis que também terá de ter um financiamento para as famílias similar ao que existe, por exemplo, para a aquisição de veículos elétricos do Fundo Ambiental, obviamente com um maior bolo orçamental. Tudo isso só se faz com um quadro comunitário, tanto do lado dos grupos de rádio, como do lado das famílias.
Rádio é:
Ir ao fim da Rua, a ligar Portugal, aconteça o que acontecer.
Mais música nova para sentir (e decidir).
Estar no carro, em casa, em todo o lado, só se quiseres.
Saber que se a vida tem uma música, ela passa-a.
É a arte que toca, mais do que música...PESSOAS. Ah, and all that "unique" soul.

pdf

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Re: DAB+
« Responder #91 em: Dezembro 16, 2021, 11:35:09 am »
Rui Cleto (e já agora para o Luís Carvalho). Há um multiplexer instalado em Portugal. Não se sabe o estado dele nem o que foi feito dos emissores. Não é ciência aeroespacial. É só converter o sofware das cabeças de rede. Isto foi-me dito por um engenheiro que já fez emissões experimentais de TDT e RDT (DAB). O DAB+ é uma melhoria significativa de transmissão. O DAB utiliza o velhinho codec MP2 enquanto o DAB+ utiliza o HE-AAC v2 (AAC+). Comparar isto com som FM é comparar alta definição com analógico. Quem não sabe dá risadas por ignorância. Quem acha que o som do DAB+ não é de boa qualidade está tão errado quanto aqueles que afirmavam que os CD´s cortavam frequências de som do vinil e que era pior que o analógico.
Velhos do Restelo é o pão nosso de cada dia. Tivemos a hipótese de no início da década de 2000 de ter TDT e DAB a par do resto da Europa. Decidimos estragar tudo. Até tivemos a originalidade bizarra de encerrar o DAB. A TDT não andaria muito longe de também fechar não fosse o facto da RTP através do Nuno Artur Silva (agora também como Secretario de Estado) ter metido mais a RTP Memória e a RTP3 e preparava-se para meter a RTP África/Comunidades e um canal científico/documental na TDT no próximo ano (mas com eleições este cenário de mais 2 novos canais foi ao ar).
A rádio digital em Portugal tenho a certeza que vai mudar de rumo a partir do momento que a Bauer comprar a MCR. Sei que há pessoas na RDP interessadas e só vai depender de quem estiver à frente desta pasta no próximo Governo. E este é que vai ser o motor de arranque. Grupo Renascença (que já tiveram de encerrar um canal) Grupo TSF (que nem se aguentam com uma só rádio) e grupos com redes de rádios locais que não aumentam o número de rádios e de emissores há anos a fio é para esquecer. Ou então como sempre só se mexem quando o vizinho do lado se mexer.
Numa perspectiva pessimista eu diria que 10 anos e talvez tenhamos DAB+. Se a Bauer e a RDP chegarem a conversações penso que em 5 anos é possível ter DAB+ em Portugal. Já se perderam entretanto 20 anos.
Eu adorava o FM mas não se vive do passado (principalmente em tecnologia). RIP FM.

Continua sem perceber e a chamar os outros de ignorantes...

A capacidade de um mux é limitada; a implementação do digital na nossa orografia é difícil a curto e médio prazo e vai deixar muita gente sem rádio; vai haver a tentação de encher o chouriço dos muxs até termos rádios de palavra a 24 kbps e algumas musicais a 32 kbps.

A única forma de minimizar isto é manter redes FM e DAB+ em simulcast. Não é nada que não esteja a ser feito...

Eu quero o DAB+ em Portugal tal como qualquer pessoa normal com olho no futuro - mas tecer loas a uma tecnologia sem olhar aos defeitos e só porque "lá fora estão a fazer x e y" é um bocadinho redutor.

Luis Carvalho

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Re: DAB+
« Responder #92 em: Dezembro 16, 2021, 11:43:53 am »
Eu também quero o DAB+ em Portugal - mas com pés, mãos e cabeça. Pensar de forma realista e compreender os desafios e pesar os prós e os contras. E não ficar deslumbrado com a tecnologia, como se os problemas fossem resolvidos com um truque feito por um qualquer mágico. Acredito que a rádio digital vai ser o futuro, mas, no cenário mais optimista, não a menos de 10/15 anos.
Cumprimentos,
Luís Carvalho

Administrador do "Fórum da Rádio"

pdnf

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Re: DAB+
« Responder #93 em: Dezembro 16, 2021, 12:20:27 pm »
Eu também quero o DAB+ em Portugal - mas com pés, mãos e cabeça. Pensar de forma realista e compreender os desafios e pesar os prós e os contras. E não ficar deslumbrado com a tecnologia, como se os problemas fossem resolvidos com um truque feito por um qualquer mágico. Acredito que a rádio digital vai ser o futuro, mas, no cenário mais optimista, não a menos de 10/15 anos.

Até porque há outro aspeto a considerar: à medida que vai existindo disseminação por essa Europa (mundo) fora os equipamentos diminuem de preço, uma vez que há maior produção e, portanto, economias de escala que permitem reduzir os custos de produção. O prazo parece realista!
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Re: DAB+
« Responder #94 em: Dezembro 16, 2021, 12:21:00 pm »
Um período em que vão coexistir FM é DAB+ é obrigatório. Como em qualquer nova tecnologia é preciso um tempo de transição.

Quanto a financiamento no caso português sem dinheiro da UE simplesmente não haverá DAB+ em Portugal.

ruicleto

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Re: DAB+
« Responder #95 em: Dezembro 16, 2021, 12:24:19 pm »
Julgo que, tal como já referi, é importante haver uma transição sem sobressaltos entre tecnologias, mantendo as redes FM e DAB+ em simulcast, de modo a haver uma cobertura 100%, mesmo nos sítios mais recônditos. Dava, também, tempo à população para ser informada da nova tecnologia (campanhas publicitárias), adquirir a custos baixos os recetores (lembro que não é necessário para as novas viaturas) e permitir que os mercados se ajustem com a lei da oferta/procura. Julgo que, passo a passo, tal como por exemplo a França está a construir, poderíamos ir implementando uma rede bem "pensada", com lugar para todas as nacionais e proporcionar às regionais essa ambição, bem como para surgimento de novas rádios regionais e a implementação de MUX ao nível mais local. Com esta atitude proativa, encontrando fontes de financiamento para o necessário processo, manteríamos a paridade tecnológica e de oportunidades com os nossos parceiros europeus de referência...

Memorias da Radio

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Re: DAB+
« Responder #96 em: Dezembro 17, 2021, 02:00:35 pm »
Também sou da opinião que FM e DAB+ se devem manter em simulcast. Mas a questão dos 73,8km é uma falácia.

Não creio que sequer a questão que o Luís Carvalho mencionou se coloque: é que nós já temos boa experiência com isto. A TDT arrancou em 2009 em sistema de SFN e as interferências destrutivas foram uma realidade em várias zonas do nosso país e para televisão (no mítico canal 56), não para rádio. Isso foi corrigido há uns anos.

A realidade no nosso país será a que já ocorreu em tempos em Espanha, com orografia que a espaços é aproximada à nossa: redes em MFN e redes em SFN. Foi esta a configuração em vigor em Espanha até Junho de 2011: https://www.worlddab.org/countries/spain

Fácil de antever que algumas zonas estarão em SFN, as de maiores relevos, e as de planície em MFN. É tão tão óbvio que nem sequer considero futurologia.

Já há rádios à venda em Portugal com DAB+, só não está anunciada essa função. Na Norauto. Mas a info não está no site deles, devem procurar pelo modelo ou em loja. Cerca de 100/150€ já compram um rádio assim e sem sequer haver essa tecnologia em Portugal ainda. Agora pensem quão ubíqua pode ficar.

Por outro lado diz muito da pobreza deste país que tenhamos que estar à espera de dinheiros europeus para desígnios nacionais. Não só nisto como em tudo. Mas é o mais que irei comentar.

No demais, é o futuro, e será o que irá acontecer quer queiram quer não. Desde Dezembro de 2020 que todos os novos carros já vêm com DAB+ no rádio em toda a União Europeia. Agora, isto não impede de um simulcast, é aliás desejável.

Mas ainda assim o ideal teria sido o que o Augusto neto disse, HD Radio nas frequências de FM (e nas de AM também teria sido importante, já agora). Mas enfim...
« Última modificação: Dezembro 17, 2021, 02:08:00 pm por Memorias da Radio »

augusto neto

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Re: DAB+
« Responder #97 em: Junho 07, 2022, 12:41:15 am »




Isto faz-me recordar os tempos em que havia televisores de alta definição à venda e estávamos a anos luz da TDT.
De qualquer forma os preços não são tão proibitivos como os 50 contos (250€) dum bom receptor digital DAB na altura (1998) e à volta de 20 (100€) um médio. Agora é cerca de metade 139€ um bom e 59€ um médio. Há vários rádios DAB+ base nas lojas digitais na casa dos 30€. Mas a questão é mesmo essa. Por 35€ compra-se um Chromecast e tem-se acesso a milhares de rádios na internet.
Adiar a entrada da Rádio Digital em Portugal a meu ver vai dar o mesmo que a Televisão Digital (TDT). Um desastre quase total, com boicote até por parte dos operadores privados como a SIC e a TVI que se estão a marimbar para a TDT.
Como a RDP está escaldada da DAB que mandou encerrar em 2011 e não tendo a rádio pública o menor sinal de avanço acho mesmo que podemos perder de vez este comboio. E não sei mesmo se não seremos dos primeiros do Mundo a encerrar a TDT também.

ruicleto

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Re: DAB+
« Responder #98 em: Junho 07, 2022, 10:37:30 am »




Isto faz-me recordar os tempos em que havia televisores de alta definição à venda e estávamos a anos luz da TDT.
De qualquer forma os preços não são tão proibitivos como os 50 contos (250€) dum bom receptor digital DAB na altura (1998) e à volta de 20 (100€) um médio. Agora é cerca de metade 139€ um bom e 59€ um médio. Há vários rádios DAB+ base nas lojas digitais na casa dos 30€. Mas a questão é mesmo essa. Por 35€ compra-se um Chromecast e tem-se acesso a milhares de rádios na internet.
Adiar a entrada da Rádio Digital em Portugal a meu ver vai dar o mesmo que a Televisão Digital (TDT). Um desastre quase total, com boicote até por parte dos operadores privados como a SIC e a TVI que se estão a marimbar para a TDT.
Como a RDP está escaldada da DAB que mandou encerrar em 2011 e não tendo a rádio pública o menor sinal de avanço acho mesmo que podemos perder de vez este comboio. E não sei mesmo se não seremos dos primeiros do Mundo a encerrar a TDT também.

De facto, é como existir TV a cores e querermos ver a preto e branco... :-\   Ainda acalento a secreta esperança que a BAUER acorde o marasmo português...
Reafirmo que devemos manter-nos atualizados com o que se passa, na restante europa (da qual vamos ficando cada vez mais afastados), no âmbito da rádio digital:  https://www.worlddab.org/news

pdnf

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Re: DAB+
« Responder #99 em: Junho 07, 2022, 10:59:52 am »

Isto faz-me recordar os tempos em que havia televisores de alta definição à venda e estávamos a anos luz da TDT.
De qualquer forma os preços não são tão proibitivos como os 50 contos (250€) dum bom receptor digital DAB na altura (1998) e à volta de 20 (100€) um médio. Agora é cerca de metade 139€ um bom e 59€ um médio. Há vários rádios DAB+ base nas lojas digitais na casa dos 30€. Mas a questão é mesmo essa. Por 35€ compra-se um Chromecast e tem-se acesso a milhares de rádios na internet.
Adiar a entrada da Rádio Digital em Portugal a meu ver vai dar o mesmo que a Televisão Digital (TDT). Um desastre quase total, com boicote até por parte dos operadores privados como a SIC e a TVI que se estão a marimbar para a TDT.
Como a RDP está escaldada da DAB que mandou encerrar em 2011 e não tendo a rádio pública o menor sinal de avanço acho mesmo que podemos perder de vez este comboio. E não sei mesmo se não seremos dos primeiros do Mundo a encerrar a TDT também.

De facto, é como existir TV a cores e querermos ver a preto e branco... :-\   Ainda acalento a secreta esperança que a BAUER acorde o marasmo português...
Reafirmo que devemos manter-nos atualizados com o que se passa, na restante europa (da qual vamos ficando cada vez mais afastados), no âmbito da rádio digital:  https://www.worlddab.org/news

Ora bem: efetivamente não são preços extremamente elvevados. Não obstante, para quem como eu liga uns phones no telemóvel a servir de antena, e consegue apanhar com bom sinal, RDS e RT estações a mais de 100 km do meu local de escuta, parece-me um custo um tanto ou nada exagerado. Mas eu tenho possibilidade de atualizar. A grande questão é: e quem não tem? Vai acontecer o mesmo que com a TDT ou o que ia acontecendo quando um PM queria obrigar todos os veículos a ter um identificador, e felizmente foi travado pela maioria parlamentar do seu próprio partido? Atenção, há ainda um grande índice de pobreza em Portugal. Muita dela está oculta, envergonhada. Portanto, avançar para a transição sim, mas com três condições essenciais:

1. Existência de verbas para a troca dos postos receptores, financiadas pelo OE ou pelo FEDER (o PRR teria sido muito interessante para este fito, mas está programado integralmente).
2. Assegurar que as emissões em FM coexistem durante um período razoável de tempo, diria que uns 3 a 5 anos (ainda que não seja com a totalidade do Parque Emissor).
3. Apoiar as estações com um mecanismo combinado entre incentivo reembolsável e não-reembolsável: sim, desde a RDP às privadas, estamos a falar de elevados custos de transição. Custos esses que poderiam servir para, por exemplo, melhorar salários de RH's, num contexto em que a pressão para aumentos é maior, e onde a publicidade tenderá a retrair. Não ignoro, contudo, a poupança futura que o DAB + trará em eficiência energética, pelo que uma combinação desses dois mecanismos de financiamento será essencial. Não esqueçamos que no âmbito do FEDER, com exceção da RDP, R/Com (porque é uma entidade privada sem fins lucrativos, com estatuto de utilidade pública) e das rádios religiosas (Maria, Esperança, etc) que têm direito a 100% de taxa de financiamento (Regulamento de Isenção Geral e Categoria de Bruxelas), a taxa de financiamento através do FEDER não deverá ultrapassar os 75% para os emissores situados no Norte, Centro e Alentejo, e de 50% para Lisboa e Vale do Tejo e Algarve. Para as Regiões Autónomas nem há possibilidade de recurso ao FEDER. Portanto, mais uma vez, perdeu-se uma oportunidade de ouro para modernizar o setor com o PRR. Mas que é preciso atentar nestes fatores, sem dúvida que é. Se o Governo está disponível para isso? Não me parece, mas tenhamos esperança no P2030 que há de começar a lançar avisos em Setembro. Dependerá também muito da pressão de cada um dos grupos de rádio. Mas também tenho a percepção que em nenhum deles existe muito quem domine estes mecanismos, e, por inerência, a pressão a exercer sobre a tutela será diminuta.
« Última modificação: Junho 07, 2022, 11:02:01 am por pdnf »
Rádio é:
Ir ao fim da Rua, a ligar Portugal, aconteça o que acontecer.
Mais música nova para sentir (e decidir).
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ruicleto

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Re: DAB+
« Responder #100 em: Junho 07, 2022, 11:10:31 am »
Excelente análise de "pdnf" :)
Dá-me a impressão de que, nos grupos de rádio, os gestores e responsáveis técnicos não andam atentos ao caminho que a evolução digital está a tomar, bem como o benefício que se pode alcançar!

augusto neto

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Re: DAB+
« Responder #101 em: Junho 08, 2022, 12:26:01 am »
Ó rui cleto e pdnf... Vamoláver...
Pelo que percebi vocês andam ali pelos 30 e tal anos. Não acham que já chega de termos mais uma geração a querer pendurar-se em subsídios do Estado? Um país com as carências como o nosso a nível de saúde, educação, justiça, infraestruturas fundamentais e íamos dar subsídios a empresários e a grupos de rádio que mais não fazem quase na totalidade do que leitores de MP3? Com que direito uma empresa como a Rádio Comercial que visa o lucro tem de ter um subsídio para emitir no digital se uma rádio semelhante noutro país não tem?
A TDT é um exemplo a não seguir. Não se pode concessionar a gestão da rede digital de rádio a uma empresa que seja concorrente. A PT (agora Altice) à custa de uma péssima TDT alavancou para o espaço a meo tornando-a actualmente em empate técnico com a nos na liderança do mercado de tv paga por cabo/fibra.
A RTP (RDP) tem de ter um mux em rádio próprio (tal como deveria ter em televisão).
As rádios privadas que digam o que querem. 1 mux nacional dá para colocar todos os canais da MCR (agora Bauer "uma pessoa cansa-se de ter de andar sempre a mudar de designações") da R/Com e da TSF. Acabava-se com a aberração das semi redes nacionais da TSF e da M80.
Não há concessões especiais para rádios de igrejas. Estão num mercado comercial, estão a disputar mercado e estão registadas comercialmente. Já chega de benesses que foram dadas à igreja católica de ter 2 canais nacionais de rádio. 1 até foi dado por decreto pelo Governo na altura.
Depois a questão das locais. Eu acho que está mais do que provado que mesmo em DAB o mercado local aos poucos é comido pelos grandes grupos tal como está a acontecer em Inglaterra, Itália e França por exemplo (em França as tv´s locais em TDT estão a ser praticamente todas compradas para fazerem de retransmissoras). O panorama em FM é o que se vê. Leitores de MP3 de imitação de rádio hits (praticamente sem locução) ou de música pimba (que ainda bem que nunca teve uma rádio nacional do género).
As rádios locais restantes ou são retransmissoras dos grandes grupos ou já deixaram de emitir. Eu deixaria as licenças de FM extinguirem-se findo o prazo e faria como o regulador britânico. Se há mercado local para rádios digitais avança-se mediante propostas concretas dos operadores interessados. Senão não se avança.
Agora estarmos em 2022 a falar duma coisa que já encerrou em 2011 e que está em implementação em quase toda a Europa é surreal. Se os directores e donos das rádios nacionais estão atentos à Rádio Digital? Estão a marimbar-se. Vivem como sempre viveram na idade da pedra. É esticar o que há até não dar mais ou então que venha lá o subsídiozinho do Estado. País preso à mama do Estado não se desenvolve. Por isso é que a regionalização vai matar o país. Vai formar mais uma meia dúzia de mamas públicas regionais com mais clientes a querem o subsídio regional para o seu projectozinho.
O problema de Portugal não é a regionalização. É a mentalidade de grande parte do povo que aqui vive. E aposto que a imensa maioria nem sequer sabe um que é a DAB.

ruicleto

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Re: DAB+
« Responder #102 em: Junho 08, 2022, 10:27:16 am »
Tenho 55 anos, quase 56! :)
Realço que o DAB+ é uma tecnologia muito melhor que o DAB, com enorme potencial (não é por acaso que está a ser implementada por países ditos desenvolvidos) e que existiu em Portugal até 2011. Houve uma enorme negligência na implementação desta tecnologia (DAB), naquele tempo, pois nem recetores havia nem existiu uma campanha informativa a publicitar esta tecnologia junto dos ouvintes. Claro que deu uma enorme asneira...
Urge agora recuperar o nível de desenvolvimento e arrepiar caminho de qualquer forma - pois a transição digital (que ainda não chegou à nossa rádio) tem sido deveras apregoada. Assim, torna-se necessário que o Governo/ERC/ANACOM se reúnam e diligenciem que os grupos de rádio estejam presentes para decidir qual o melhor caminho. A Frequência Modulada, mais cedo ou mais tarde, tem os dias contados... qualquer dia, nem sobressalentes haverá para reparações!

pdnf

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Re: DAB+
« Responder #103 em: Junho 08, 2022, 10:52:13 am »
Ó rui cleto e pdnf... Vamoláver...
Pelo que percebi vocês andam ali pelos 30 e tal anos. Não acham que já chega de termos mais uma geração a querer pendurar-se em subsídios do Estado? Um país com as carências como o nosso a nível de saúde, educação, justiça, infraestruturas fundamentais e íamos dar subsídios a empresários e a grupos de rádio que mais não fazem quase na totalidade do que leitores de MP3? Com que direito uma empresa como a Rádio Comercial que visa o lucro tem de ter um subsídio para emitir no digital se uma rádio semelhante noutro país não tem?
A TDT é um exemplo a não seguir. Não se pode concessionar a gestão da rede digital de rádio a uma empresa que seja concorrente. A PT (agora Altice) à custa de uma péssima TDT alavancou para o espaço a meo tornando-a actualmente em empate técnico com a nos na liderança do mercado de tv paga por cabo/fibra.
A RTP (RDP) tem de ter um mux em rádio próprio (tal como deveria ter em televisão).
As rádios privadas que digam o que querem. 1 mux nacional dá para colocar todos os canais da MCR (agora Bauer "uma pessoa cansa-se de ter de andar sempre a mudar de designações") da R/Com e da TSF. Acabava-se com a aberração das semi redes nacionais da TSF e da M80.
Não há concessões especiais para rádios de igrejas. Estão num mercado comercial, estão a disputar mercado e estão registadas comercialmente. Já chega de benesses que foram dadas à igreja católica de ter 2 canais nacionais de rádio. 1 até foi dado por decreto pelo Governo na altura.
Depois a questão das locais. Eu acho que está mais do que provado que mesmo em DAB o mercado local aos poucos é comido pelos grandes grupos tal como está a acontecer em Inglaterra, Itália e França por exemplo (em França as tv´s locais em TDT estão a ser praticamente todas compradas para fazerem de retransmissoras). O panorama em FM é o que se vê. Leitores de MP3 de imitação de rádio hits (praticamente sem locução) ou de música pimba (que ainda bem que nunca teve uma rádio nacional do género).
As rádios locais restantes ou são retransmissoras dos grandes grupos ou já deixaram de emitir. Eu deixaria as licenças de FM extinguirem-se findo o prazo e faria como o regulador britânico. Se há mercado local para rádios digitais avança-se mediante propostas concretas dos operadores interessados. Senão não se avança.
Agora estarmos em 2022 a falar duma coisa que já encerrou em 2011 e que está em implementação em quase toda a Europa é surreal. Se os directores e donos das rádios nacionais estão atentos à Rádio Digital? Estão a marimbar-se. Vivem como sempre viveram na idade da pedra. É esticar o que há até não dar mais ou então que venha lá o subsídiozinho do Estado. País preso à mama do Estado não se desenvolve. Por isso é que a regionalização vai matar o país. Vai formar mais uma meia dúzia de mamas públicas regionais com mais clientes a querem o subsídio regional para o seu projectozinho.
O problema de Portugal não é a regionalização. É a mentalidade de grande parte do povo que aqui vive. E aposto que a imensa maioria nem sequer sabe um que é a DAB.

Augusto,

Eu sou economista, nunca votei à esquerda, portanto, sinto-me completamente à vontade para defender que esta mudança tem e deve ser subsidiada, como referi, na parte que é custo afundado dos operadores a fundo perdido, na parte que venha a ser recuperada num horizonte temporal razoável (10/15/20 anos, aí é discutível) deverá ser como incentivo reembolsável. Os incentivos do FEDER e do PRR estão fortemente limitados pelo RGIC, para serem passíveis de atribuir diretamente ao setor público, exceto quando este opera em condições de mercado (por exemplo, nos transportes públicos ou na rádio e televisão) ou quando a participação nos projetos visam alavancar a competitividade das empresas ou cluster industrial. Como seria o caso, se existisse financiamento para esta mudança estrutural. É para este tipo de projetos de apoio às empresas que os fundos estão justamente concedidos. Os setores que refere, como sendo a Saúde, a Educação que não operam no mercado (são gratuitos e bem) deverão ver a melhoria das suas infraestruturas ser financiadas pelo Orçamento Geral do Estado. Decorre da opção política que é hoje feita por Bruxelas, para evitar o que aconteceu nos tempos do Prof. Cavaco Silva e do Eng. Guterres, com os primeiros pacotes dos então "fundos comunitários" que foram queimados em Betão, cujo o impacto na competitividade empresarial existiu, mas foi reduzido.
Deve-se evitar, claramente, o que foi feito com a TDT: a gestão do sistema não pode ser atribuída a um operador, ou se o for, só vejo a RDP a poder fazê-lo, obviamente que compensada pelas privadas dos custos inerentes.
A questão da R/Com tem razão, realmente, eles operam em concorrência com a RDP, MCR (qual é mesmo a sigla agora?) e TSF. Mas acontece que decorre do RGIC que as entidades sem fins lucrativos ou que sejam controladas por elas, têm direito a taxas mais generosas de financiamento, mormente os 100%. Daí que as Antenas e a RR e afilhadas estejam no mesmo saco. E também daí, decorreria para mim, que estas últimas deveriam ter outro tipo de obrigações em termos de prestação de serviço, mas isso é outra conversa. Portanto, quanto às taxas, efetivamente, não se pode fazer muito, mais uma vez, decorre das normas de Bruxelas, aplicam-se a Portugal e a qualquer outro do grupo dos 27 países beneficiários de Fundos Estruturais (FEDER) ou do PRR.
No que respeita às locais (verdadeiras), concordo que se deva deixar extinguir as licenças e, posteriormente, abrir concurso para rádios regionais, a uma cadência de 4/5 por região. A chave é que nesses concursos terá de ser definido um caderno de encargos verdadeiramente rígido e que torne os produtos competitivos. Outra questão que se tem de colocar é se não haverá, nos grupos mais pequenos, rádios que até tenham escala para ser nacionais, e se não seria possível, havendo espaço disponível, o que no DAB + não me parece ser problemático, ter licenças senão nacionais, pelo menos metropolitanas, onde existem realidades muito comuns e particulares entre Lisboa e Porto.
Finalmente, continuo a reafirmar que a modificação da tecnologia dos receptores deverá ser financiada. Não podemos dizer que a rádio é o meio mais democrático e deixar centenas de milhares de idosos com pensões baixíssimas sem acesso a ela, por não terem 40 ou 50€ para mudar um receptor.
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Re: DAB+
« Responder #104 em: Junho 08, 2022, 01:55:21 pm »
Aliás, esse subsídio aconteceu na migração analógico para a TDT, em que houve receptores a 20 euros e os de satélite eram subsidiados (a pedido) até 86 euros. Autoradios e etc também não é barato substituir. Portanto faz todo o sentido neste caso.

Agora, não me parece correto subsidiar para os operadores fazerem o mesmo. Teria que haver adicionais. Isto só com a liberalização de espectro (rádios que são aprovadas sem concurso público, por proposta empresarial e programa autorizados por ERC e ANACOM) é que se resolve. E no processo, acaba-se encher os cofres ao senhor Marinho e negociar em privado recursos públicos.