pdnf... Você tem o condão de irritar uma parede. Essa coisa de ser de direita neoliberal tolda-lhe a o raciocínio. Portanto em DAB+ onde o Estado pode finalmente ter uma Antena 4 de informação/desporto e quem sabe até uma Antena Regional e você quer só Antena 1 e 2 porque a Antena 3 é comercial? Você alguma vez ouviu a BBC Radio 1? Mas há rádio mais comercial do que esta que é das primeiras a nível mundial (quando não mesmo a 1ª) a emitir as mais recentes obras dos músicos mais conhecidos?
Mas o sector de rádio do Estado tem de ser pequenino e coitadinho e só falar para meia dúzia de caramelos?
Sr. Augusto,
Não é uma questão de ser de direita, muito menos neo-liberal. Se for ver, nem a IL defende a privatização total da Rádio, coisa que eu nem sequer defendo. Para que conste, defendo que o Estado deve ter um serviço público de rádio, como de transportes urbanos, de saúde, educação, entre outros. No fundo, o ponto é que o Estado deve operar em três situações. Onde há falhas de mercado, que podem ser de dois tipos: ou de não existir mercado de todo por parte dos privados, de que são exemplos a Antena 2, os Hospitais Oncológicos, ou as ligações Ferroviárias no Interior, ou então quando o serviço prestado pelo Estado seja imensuravelmente superior àquele que é prestado pelos privados, como é o caso dos transportes urbanos e das Universidades Públicas. O Estado também nunca deveria entregar monopólios aos privados, como são exemplos a REN, a REFER, a ANA, os CTT, ou as concessões dos parquímetros. Ora, no contexto atual, a Rádio não se inclui em nenhum dos últimos dois casos, porque o serviço público atual consegue ser mais fraco que o dos privados e o setor não é um monopólio. Diria que no Universo empresarial do Estado, comparado à RTP/RDP, neste momento só encontro a CGD. Daí que defenda que se existir concurso, apenas Antena 1 e 2 não deverão ir a concurso, porque não faz sentido. Não quer dizer que se o Estado entregar uma proposta de valor que seja superior para a Antena 3, 4 ou 5 que não possa e a meu ver deveria ter essas redes. Não obstante, ao momento atual, tenho algumas dúvidas de que a Antena 3 sem publicidade, a operar apenas com recurso a fundos públicos, num mercado onde existe concorrência (o que não acontece com a 2, e considerando que a 1 cumpre efetivamente obrigações de serviço público) não estará em incumprimento de matéria relativa a auxílios de Estado e distorção da concorrência. Outro aspeto que importa refletir é se em Portugal temos condições económicas para manter 3 ou 4 ou 5 rádios nacionais detidas pelo Estado. Honestamente, adoraria que tivessemos, mas acho que não, e isso também explicará algum do marasmo que se vive. Portanto, é preferível ter duas redes públicas de qualidade que disputem com as congéneres por essa Europa fora os lugares cimeiros do que quatro ou cinco medíocres. Repare, até a BBC que citou e que é de facto a melhor rádio europeia, penso que é mais ao menos consensual, vai fazer cortes brutais. Os tempos estão difíceis em matéria económica. O que deveria, e poderia fazer, é no segmento em que opera a BBC 1, em que temos mercado para as privadas, defender cadernos de encargos exigentíssimos em matéria de qualidade, que suplantem em muito o poucochinho que temos hoje.