O tema DAB é recorrente neste fórum há anos e ainda não vi dados em lado nenhum que comprovem que a tecnologia está obsoleta ou que não tem aceitação da parte do público. Obsoleto está o FM, com 80 anos, o que se comprova pela redutora (e medÃocre) oferta de estações nacionais, que impede que os ouvintes de uma parte significativa do território nacional tenha acesso e opção de produtos radiofónicos que vão além do banal. Aliás, o que tenho lido, principalmente da OFCOM e da BBC no Reino Unido, contraria o discurso pessimista que prolifera por aqui. A audiência DAB tem vindo a aumentar consistentemente de ano para ano. Provavelmente, o mesmo se passa noutros paÃses europeus que disponibilizam a tecnologia DAB aos cidadãos, com opções diversas de escolha em toda a rede DAB, e mesmo a Noruega desligou o FM.
Portugal deitou fora 11 milhões de Euros investidos numa rede DAB que ninguém conhecia, sem nada apelativo e novo, sem divulgação, sem nada. O extremo da incompetência, sem um único responsável pelo desvario. Claro que o DAB não interessou aos interesses instalados, os mesmos que pensando no imediato, comprometem o futuro de todo o setor. A rádio é cada vez menos apelativa, cada vez mais igual, divide o paÃs entre norte e sul, litoral e interior, cada vez mais irrelevante, só mesmo para ouvir no carro e esquecer tudo o que se ouviu 5 minutos depois. É cada vez mais o imediato, instantâneo, superficial, para esquecer depois.
Na Internet (que, apesar de tudo, nem toda a gente tem acesso ou tem acesso limitado) e 5G (pago), a radio passa a ficar desmaterializada, perde identidade, deixa de haver um recetor dedicado para sintonizar a estação A ou B e um emissor que permite que o aparelho funcione. Perde-se a magia da rádio, passa-se a ter outra coisa, que não cativa da mesma forma e provoca a dispersão/desinteresse de público-alvo. Esses meios tecnológicos têm interesse para ouvir rádios estrangeiras.
Portugal está 30 anos atrasado em relação ao resto da Europa no que concerne à rádio. Não cabe na cabeça de ninguém que, em pleno séc. XXI, uma estação de rádio como a ‘SmoothFM’ e outras, que interessa a público espalhado pelo paÃs e ilhas, que acrescenta valor à s opções dos ouvintes, pluralismo no éter, que é uma lufada de ar fresco num conjunto de estações cada vez mais igual, apenas esteja disponÃvel numa pequena parte do paÃs como rádio, gratuita para os cidadãos, e desmaterializada pela Internet e serviços de televisão paga (ouvir rádio pela televisão, uma aberração!) para a restante população. Isto não tem cabimento, é um setor atrasado.
Falemos, então, de uma tecnologia com quase 90 anos que é o FM (dizem que o espetro radioelétrico está saturado, precisamente o ponto forte do DAB; outro ponto forte é a partilha de custos, dado que uma antena emissora difunde várias estações de rádio em simultâneo; para não falar dos pontos fortes óbvios, como a qualidade de som e serviços):
Referi emissores FM (é a tecnologia pré-histórica que temos, certo?), um para Leiria e Região Oeste e outro para Évora, com o intuito de haver uma cobertura contÃnua da ‘SmoothFM’ numa área geográfica cada vez mais alargada e sem cortes de sinal dentro do seu perÃmetro. Ambas as zonas têm potenciais ouvintes para a estação. É bastante desagradável escutar uma estação que se ouve aqui, deixa-se de ouvir ali, para se voltar a ouvir mais à frente; ou seja, com cortes de sinal que se sucedem.