Vamos a factos...
Existia ao fim-de-semana a Frente Desportiva (só aqui temos pelo menos 10 horas de palavra).
Jornal das 12:00 + Bola Branca (60 minutos de palavra).
18:00-19:00 - jornal + BB + Terço (60 minutos de palavra).
22:00 - 00:00 - Universidade Aberta + Bola Branca + Edição da Noite (120 minutos de palavra).
Programas de análise e entrevista política ao fim-de-semana (120 minutos de palavra).
Sem esquecer que os programas eram quase todos em dupla
com conversa e participação de ouvintes e convidados...
Havia um grande problema com o Jornal das 12, do qual eu ainda me lembro porque ainda o ouvi: não havia 25 minutos de notícias para dar na rádio, na maioria do tempo. Era mais que evidente que ao fim de 10/15 minutos eles já estavam sem temas para falar, e então começavam a encher numa boa parte do tempo. Alguns editores conseguiam preencher bem esses 25 minutos com chamadas telefónicas com mini-entrevistas ou entradas de repórteres, mas não era sempre nem era todos os dias sequer.
Depois havia ainda um segundo problema: boa parte do tempo o bloco entre o Jornal das 12 e a Bola Branca não era seguido, havia minutos inteiros de publicidade pelo meio (a começar às 12h25). Este tema só foi resolvido algures no início dos anos 2000, quando a publicidade passou a ir primeiro para as 12h20, depois para o meio ou início do jornal de forma mais aleatória, e antes da Bola Branca ou não havia nada, ou havia 30 segundos.
No horário 18-19h durante muitos anos a RR ou puxava a publicidade para o meio/início do jornal, ou inteiramente abdicava da publicidade nesse horário. Outros tempos.
No horário das 22h já não sou do tempo da Universidade Aberta, que mais tarde foi transmitida noutro local e depois desapareceu inteiramente da rádio, mas a avaliar pela versão TV isso era convidar a desligar o rádio. 22h30-00h, os dois programas eram muito dinâmicos e bem trabalhados, a tal ponto que quem não ouvisse na televisão ficava mais que informado na rádio. Serviço público autêntico.
Quanto à Frente Desportiva, em dias menos cheios fazia 17-23 nos dois dias (12 horas de total); em dias com muita coisa para trabalhar chegava a fazer 14-23, com Taça de Portugal, Campeonato e mais algumas coisas, ou seja 18 horas de total. Isto era o standard nos anos 90 e ao início dos anos 2000.
Na era Rui Pêgo e sobretudo depois da crise de 2002 nos OCS e da ascensão da RFM à liderança, a Frente Desportiva chegou a ser dividida em 2 segmentos com 1/2 horas de música pelo meio para intervalar (essa ideia durou muito pouco, nem 2 meses se aguentou), e depois chegou a iniciar apenas às 19 ou 19h45 - sendo seguramente daí que o Atento tirou a ideia das 10 horas de palavra, porque só num dos 2 dias faziam isso.
A partir de certa altura a "Frente Desportiva" passou a ser só de nome, porque já arrancava apenas às 19/19h30 e tinha um certo antecedente ao jogo ou jogos que fossem acompanhar, no máximo dos máximos ia para as 17h por causa da Taça de Portugal. Esta foi a última alteração de horário da Frente Desportiva já em 2004/2005, sendo que depois, pelo desvirtuar da marca se bem me lembro, acabaram por terminá-la. Pelo menos foi essa a justificação dada já bem para lá das 22h, no último dia da Frente Desportiva, por um Ribeiro Cristóvão que em antena estava muito a contragosto, um desconforto visível e um bocado mal disfarçado.
Era muito ouvinte da Renascença nesta altura e era o meu único meio de contacto com o mundo, a rádio. Daí ter esta memória tão detalhada (não que recomende a alguém).
A decisão da Renascença poupou imenso dinheiro à estação mas também a fez cair em audiências. O problema é que na altura foi aposta ganha porque a queda não foi assim tão grande e foi compensada pela subida da RFM no contexto de grupo, que era o que eles apostavam mais na época, olhar ao grupo. Também já era uma altura em que a SportTV já era rainha e senhora para tudo o que era desporto.