Segundo as declarações da responsável pelos podcasts da Impresa na Prova Oral de hoje, alguns programas da SIC/ SIC N são mais ouvidos em podcast que vistos na TV...
Será que é desta que os anunciantes finalmente começam a abrir os olhos?
Sinceramente acho que não. Complementando este assunto, veja-se o que o Pedro Ribeiro escreve sobre o perigo da sustentabilidade da rádio e dos números do Spotify (e afins):
https://www.linkedin.com/posts/pedro-ribeiro-04280bb_spotify-announces-record-breaking-payout-activity-7176214433101209600-nged?utm_source=share&utm_medium=member_android
As ameaças ao setor são muitas. É de valorizar é quem ainda está nele e não dá o salto.
E a propósito do Pedro Ribeiro. Vi no LinkedIn dele, post mais abaixo desse, uns números bem interessantes...
Isto é a base de contacto com rádio pela Internet nos últimos 30 dias e nos últimos 7 dias (a dos 7 dias será mais próxima do reach semanal). Há muitas coisas interessantes por onde olhar aqui:
- o Total Rádio a 7 dias já vai em 22.5 via online (de 83.8 reach semanal, mesma amostra populacional), o que significa que para efeitos estatísticos estamos com uma penetração global de 26,84% de peso do online face ao FM. Esta percentagem foi acelerada com a pandemia e compara favoravelmente com valores sub-15 e com o facto de... nem existir um estudo geral para isto, aqui há nem 7 anos. Basta recordarmos que em 2019, só em Lisboa se conseguiam penetrações de 25%; em 2024,
é a nível nacional. A aceleração é notória.
- A distribuição da influência do online sobre o FM entre cada estação é a seguinte:
Comercial - 24,22%
M80 Rádio - 17,74%
Cidade FM - 15,04% (!)
Smooth FM - 29,03%.
RFM - 19,26%
Renascença - 21,55% (!)
Mega Tits - 13,63% (!!!!)
TSF - 22,62%
Antena 1 - 15,88%
Rádio Observador -
41,94% - percentagem mais alta das analisadas
Antena 3 - 26,92%.
- Ou seja:
» a Comercial abre 5 pontos de vantagem sobre a RFM no online. O impacto nas audiências deve traduzir-se na prática em cerca de 0,5% de AAV e deve já ter sido o seguro de vida da Comercial nalguns Baremes em que ficaram muito próximas, traduzindo uma visão e aposta certeiras do Pedro Ribeiro.
» Sem surpresa, rádios mais especializadas com pior rede de emissores têm percentagens superiores, a SmoothFM bate quase nos 30% e a Observador tem 42%... quase a garantia de que aqueles 1.x que aparecem nas estações são muito baseados também ao online e que estas estações, a longo prazo, tenderão a crescer para valores de 2% quando a penetração do online for superior. A surpresa é a Antena 3 também lá aparecer, ou seja, a sensação que dá é que
não é mais ouvida também porque as suas frequências FM não são divulgadas. Isto parece-me cristalino e efetivamente, nem eu próprio me lembro às vezes das frequências da Antena 3, não sei se alguns de vós partilham este problema comigo?
» Como é que as rádios jovens têm uma penetração tão fraca? A Cidade FM tem apenas 15% e nem sequer os 15-24 salvam, se repararem, apesar da tabela estar truncada, vai a 5.x%, cerca de metade da Comercial. Por outro lado, a Mega Hits é a vergonha nacional: não se "aguenta das canetas" no online e se os 4.x% já são fracos para uma rádio direcionada a públicos bem urbanos, onde a penetração online é consideravelmente superior ao resto da média nacional, e jovem nisso, pior ainda é quando se pensa que a rádio tem 3%; está já inflacionada/beneficiada pela falta de representatividade da amostra tender a beneficiar as estações com menor peso; e a captação de online é a pior de todas as nacionais, mesmo pior que "velhas-guardas" como a Renascença, TSF e Antena 1.
Isto denuncia que se a Mega Hits ficasse online, seria um jogo de sorte nula, e que só se safa por causa da rede de emissores ser mesmo boa.
A 30 dias, os números são de olhar, porque o alcance do estudo é metade do do Bareme (que são 60 dias) e mostra como a consistência de um produto pode influenciar e interferir no online. E aí, só a Comercial (+3.4% de contacto) e a RFM (+3.0% de contacto) saem mais beneficiadas, as outras todas refletem um diferencial curtíssimo de entre 0.3% e 1.3%, o que indicia que as audiências são globalmente mais fidelizadas a todas as rádios mais especializadas que à Comercial e à RFM (o que faz sentido) e que também temos cerca de uns 7-8% de "indecisos" no online, contrariando uma certa ideia que poderia medrar de que o online ia dar cabo das rádios pela pulverização.
As variações nos 15-24 também são giríssimas de comparar, nos chamados "novos consumidores": a RFM ganha pelo dobro ou mais à Mega Hits a 7 dias e a 30 dias *no próprio target dela*, a Comercial perde para a RFM, os contactos a 30 dias disparam na CidadeFM e na Mega Hits, mas as variações mais curiosas acontecem nas informativas/generalistas: a RR é
sempre mais ouvida que a média de valores nos 15-24 anos, a Antena 1 é quase insignificante no online neste target, a TSF é mesmo virtualmente insignificante que nem a 1% chega a 7 dias, e a Rádio Observador tem também uma quebra materialmente relevante, mas comparativamente não tão grande.
Nota muito negativa para a Antena 3 nisto: não aproveita o diferencial da mesma forma que as rádios jovens. Isto quer dizer que os podcasts colocados e a forma de chegar à emissão das estações nos sites respetivos está profundamente ineficaz, e os programas temáticos da Antena 3 pouco apelam à escuta no online. A trabalhar urgentemente.