Penso que temos um recorde nos posts de rádio dos últimos 15 anos para "post mais longo que consegue só falar de locutores e trocas e baldrocas com especulações à mistura e considerações pessoais". Os mais antigos que me confirmem, mas penso que é um recorde.
Pessoalmente resumo tudo isso a quatro pontos:
- a Mega Hits era muito forte no segmento dos 15 aos 24 anos, é esse o seu público histórico;
- esse público está muito afastado da rádio e anda por outras bandas;
- a Cidade FM entrou no target da Mega Hits passado vários anos, com sucesso, e ouvir a RFM ou a Mega Hits vai dar quase ao mesmo fora umas músicas mais pesadas.
- dois emissores novos em Viseu e Rio Maior são despesa a mais em manutenção e eletricidade e também tem que ser rentabilizada (é a primeira mudança de grelha desde essa integração).
Resultado: tem que se tentar viabilizar o produto, que é uma coisa que tem talvez uns 15% de distinção da RFM no global, e mandá-lo para os 4%, ou a casa mãe andou a afetar emissores adicionais para basicamente nada. Pôr e tirar locutores, programas, horários... e olhar só a isso é basicamente olhar às peças do xadrez apenas, e não olhar para a imagem grande, a da estratégia do tabuleiro; e de que, no fim de linha, não é uma rádio - é um produto de rádio, está cá é para dar lucro e não para fazer serviço.
Foi tempo perdido a escrever. A questão está mais acima, hoje na rádio mais que nunca. Isto não é debate sobre rádio, isto é debate sobre recursos humanos. Tire-se Mega Hits e meta-se Deloitte e 90% do post fica a fazer sentido igual.
Cumprimentos.
Boa Tarde,
Peço desculpa pela demora na réplica, mas, por um lado, pretendi esperar por alguma inside information que consegui obter, por outro, o meu tempo é limitado, sendo pensar sobre comunicação, e neste caso a rádio o meu hobbie.
Colegas, eu sei que o post foi longo, mas esse é um defeito meu. Quando começo a escrever e a pensar sobre um assunto, gosto de detalhar e admito a minha dificuldade de sintesse.
O Memórias da Rádio está a pensar a parte do capital na sua reflexão. Eu estou a pensar sobre trabalho (RH). E penso que nada tem de mal. Já vi em outros tópicos palpites sobre o locutor A ou B, até sobre a vida privada.
O falecido Professor Oliveira Marques, de Estudos Empresariais da FEP e que geriu uma empresa com enormérrimos custos de estrutura, o Metro do Porto, dizia-nos sempre que quando analisamos a estratégia de uma empresa, fazemo-lo na seguinte ordem: trabalho, trabalho, trabalho, capital. Ora, no caso da Mega, o trabalho são, fundamentalmente os animadores/produtores. O restante trabalho está afeto à estrutura, que por sinal está integrada num grupo de empresas, pelo que os seus custos serão diluÃdos na consolidação de contas, seguindo uma estratégia
cross-selling. Aqui arrumo já a questão apresentada dos custos do emissor de Viseu e Rio Maior, que considero relevantes, sem dúvida, mas não tanto quanto o que estará na base do problema. Quanto a falta de publicitação dos mesmos, concordo. Até no RDS dão sempre detaque aos 92,4, 90,6 e quanto muito aos 90,0 e 92.9.
Ainda assim, justiça me seja feita, já falei para trás neste tópico sobre os problemas de estrutura. A este respeito, falo da região onde habito, o Grande Porto. E nesse capÃtulo vos digo: enquanto a Mega não pensar em dar um destino decente aos 90.6 não vai crescer no Porto. Não tenho acesso aos dados regionais, mas aposto que a Cidade FM ganha no Porto à Mega. Já nem falo da Nova Era.
Os 90.6 falham redondamente entre o nó da A29 e quase até ao Arrábida Shopping na A1. São 7Km de escuta, que facilmente podem ser 40 a 60 minutos. De manhã, onde o trânsito começa a parar, junto à Ãrea de Serviço de Gaia, num dia de Sol ouve-se com interferência, em dia de chuva só se ouve estático. Sim, já exprimentei com três carros, um deles um BMW com menos de um ano. Juntam o sinal com o ruÃdo de analógico e é o convite perfeito a quem tem a Mega sintonizada troque para os 107.2 ou para os 101.3/100.1 (que estão mais longe e emitem melhor). As concorrentes, em linha de vista ao Mte da Virgem, com o bónus de ambas terem animadores que trocam os b's pelos v's, são a solução ideal. Em Gaia e Porto, onde reside a maioria do target, ou não se ouve ou ouve-se mal. Em muitas zonas e dentro dos edifÃcios, fraqueja mesmo nos centro de Gaia ou no Campus da Asprela. Querem agarrar jovens assim? Já tenho pensado nisto, sendo a rádio local de Gondomar, porque não trocam o emissor para o Monte da Virgem? Faz fronteira com Gaia. O que está a fazer na Santa Justa? A competir com a Cidade e com a Nova Era, façam-no em iguais condições.
Fala nos jovens e na dificuldade de os agarrar. Sabe que este tipo de hábitos é como a doutrinação polÃtica ou religiosa. Ou fideliza os "clientes" em jovens, ou dificilmente os fideliza mais. A Mega existe para agarrar ouvintes para o grupo desde cedo. Tal como uma Cidade ou uma Antena 3 (dessa já nem falo) existem para criar relação entre o público e a rádio, evitando a fuga para o streaming. Ouvir rádio é mais que a música a metro do Spotify. Com ou sem publicidade. Quem ouve a Mega entre os 25/35 vai ouvir aos 35/40 a RMF e aos 50 a RR, indo até atrás de animadores de que gostam e que vão transitando dentro do grupo e de géneros musicais que vão fazendo mais sentido a cada momento da vida.
Quanto à s peças do xadrez, bom, são elas que fazem o produto. O emissor ajuda, mas podes ter o melhor emissor do mundo, se estiver a trabalhar automaticamente 24H/dia, o resultado está à vista. Se não as tiver satisfeitas, lamento, é difÃcil passar a energia necessária em antena para fidelizar os ouvintes, falando principalmente de jovens. Posso substituir aqui MegaHits por Deloitte ou por Continente ou por Millenium BCP. Até mesmo por reparticção de finanças.

É igual. Colaboradores satisfeitos atraem e fidelizam clientes. Ninguém gosta de ser despromovido. E nesta grelha existiram despromoções, sem promoções correspondentes.
Para além disso, não esqueças que, hoje em dia, ser animador é ter uma presença nas redes que chame ouvintes, nomeadamente jovens. Ora, asseguro-te que nenhum dos animadores está obrigado a iteragir nas suas contas pessoais sobre a rádio. Fazem-no quando e se lhes apetecer e já agora, se estiverem mais ou menos interessados em ganhar dinheiro no Instagram. Mesmo nas contas da Mega, a decisão é relativamente livre, pelo que já me foi dado a conhecer.
Convém, para que essa presença exista, estarem bem dispostos com a entidade patronal. Quer que lhe diga que a Teresa, a Inês Nogueira, o Alexandre ou mesmo a Palma ficaram satisfeitos com estas mudanças? O feedback que obtive (falei com 3 fontes) não foi nada positivo.
Isto é muito simples.
A Mega, como uma rádio privada e comercial, tem que facturar. Tem que ter uma audiência interessante, que atraia publicidade, que trás dinheiro para pagar salários e investimentos.
Desculpem o frieza, mas é disto que estamos a falar.
Nelson Cunha fez um excelente trabalho, fez da Mega uma rádio atrativa, conseguiu o impossÃvel, com metade dos emissores, suplantou a grande rival, cidade fm.
Sem festivais, com aquelas imensas horas fora do estúdio, que podiam fazer a diferença ( a Cidade não faz reportagens de festivais), a aposta é em mais música em antena.
Ora com mais dois emissores, as audiências tinham que ser melhores.
Ontem ouvi o novo programa da tarde, praticamente sem publicidade.
Isto não pode ser...
A estrutura do grupo RR não pode estar satisfeita com esta situação e algo tem mesmo que mudar...
Rapidamente, e falando dos programas em si, que quanto mais audiência tiverem, mais publicidade atraem: o drive in é uma espécie de Girls Night Out em hora de ponta, onde a publicidade será mais cara. Pior a emenda que o soneto. Tenho mesmo pena da Palma, aquele formato não condiz com ela nem com a sua veia intelectual-chic. Basta olhar para as rúbricas que tinha no painel dela. Volta NTNC. Estás perdoado. Quanto às 10h, a Teresa faz o que pode, mas morre muito aquela passagem do frenético Snooze para o registo dela que é muito mais tarde. Ela própria já o disse várias vezes, não é uma
morning person e isso capta-se na emissão. Vale-lhe ser uma comunicadora nata. Se tivessem mantido o TOP ajudada a ir ajustando a tónica.
Como referi, esta mudança foi um erro e dos grandes. Ainda para mais sem fazer qualquer suspanse, que no caso do público jovem, funciona imenso. Fazem promos a uma Gala a fingir no Youtube a toda a hora, mas não há uma promo a criar suspanse quanto à nova grelha. Volto a frisar, têm excelentes colaboradores, está é na altura de os ajustar a registos diferenciados. O Nelson será a pessoa certa para isso, daà ter referido que estar em antena não é o comboio dele. É um recurso demasiado valioso e com um know how imenso. Só tenho louvores ao trabalho dele, agora, mesmo o CR7 não faz sempre jogos fabulásticos. Quase sempre, mas não sempre. Para além disso, talvez assumir um pouco mais o papel de diretor não fosse mau. Passa a ideia que naquela estação há demasaida liberdade, mas isso sim, admito que esteja no domÃnio da opinião.
Ainda no tocante à publicidade: interessa mais boa publicidade que má publicidade (que origina mudança de estação): novelas da SIC ou o Expresso, com promos faladas na 3ª pessoa, quando a rádio comunica sempre no registo tu... é incoerente.
No meu ver desconfio posso estar enganado que vão começar com emissões locais em Rio Maior e em Sintra,com o Alexandre e a Inês Nogueira.
O resto foi otimizar a grelha e dar lhe nova roupagem...
Mudanças,que não concordo,mas que do jeito que está pouco ou nada acrescem.
Pelo que apurei, não andaste longe, mas para já, continua tudo em emissão nacional. A ERC anda a dormir? Por acaso até acho bem que ande, as emissões locais à la Cidade ou M80 são só estúpidas.