Claro que o país é uno.
que em tempos ocupou o eixo Antas-Rio Tinto e que (felizmente) tem vindo a desaparecer.
Porquê Antas - Rio Tinto? Está a aludir ao FCP e ao JNPC? Realmente, penso que seja o maior responsável desse sentimento de quase ódio que temos na cidade pelos Lisboetas, profundamente injustificado, não obstante, existir uma nacional parolice associada ao SLB, que não tem qualquer paralelo com o SCP, que tem dimensão regional, tal como o FCP.
Dito isto, reconheço que vivemos num país profundamente centralista. Quer um excelente exemplo? A sua cidade, Coimbra, e a gestão da sua rede de transportes, em que se faz muito, mas que é muito pouco, porque nunca existiu dinheiro, nem preocupação do poder central com o assunto. Para Lisboa há camarão, para o Porto um pão, e para o resto do país migalhas. Isto não é odiar ninguém, é olhar as evidências, e não enfiarmos a cabeça na areia como a avestruz.
O meu caro está no Porto, para la da falta de rádios locais, sente a falta de mais alguma coisa?
Há bons hospitais, boas escolas , um bom aeroporto, boas estradas, boas estações ferroviárias.
Falta algo?
Ora os investimentos no PAÍS , tem que ser onde é preciso.
Se as coisas nao funcionam assim, então a culpa é das decisões políticas.
E lembro lhe que nos governos há sempre muito gente, fora do eixo lisboeta.
Portanto, nem é a falta de representatividade das regioes nos governos o problema dessas más decisoes que podem prejudicar esta ou aquela região. ou cidade
Quantos teatros existem em Lisboa, quantos no Porto? Quantos meses estão as peças aí em exibição, por contraponto ou dois ou três dias aqui?
Quantos grandes concertos há no Porto, por cada um que há em Lisboa? Custava muito umas vezes irem uns a um lado, outras vezes irem os outros? E, porque não dizê-lo, também a Coimbra?
Quantos Museus Nacionais há em Lisboa? No Porto, há um, dos mais pobres, diga-se. Quantos Monumentos o Estado Português adquiriu ou construiu no Porto? Resposta: zero, o que temos está nas mãos de privados ou da Igreja.
Quantos organismos públicos estão sedeados no Porto, mesmo que, logisticamente fizessem sentido cá estar? António Costa quase que foi torturado por querer instalar aqui o INFARMED, chegaram a argumentar que estava em causa a segurança nacional, porque, obviamente, no Porto, ainda temos todos o 9º ano, e trabalhamos nas fábricas têxtil do Vale do Ave, que isto aqui parou no tempo, e só há cursos de Farmácia e Bioengenharia em Lisboa.
Universidades? Compare a rede e esfera de influência de uma Nova SBE, com a de uma FEP, não obstante, em termos académicos, o ensino desta ser, no mínimo, duas vezes mais exigente, mas, neste retângulo que perde o juízo com facilidade, contactos são tudo. Veja quantos altos cargos dirigentes da nação saíram da FDUL, veja quantos da FDUP ou da FDUC, há uma artigo muito interessante sobre isso no Eco, de um colega da FEP. Instalações? Em Lisboa tem edifícios imponentes, com obras-de-arte, no Porto, a Faculdade de Direito tem o telhado a cair há anos, a FEP teve amianto até 2013, a FEUP construiu um campus todo à base de dívida, nos finais dos 90's, senão ainda hoje estava nos Bragas e na Parada Leitão.
Se vamos mesmo pela conversa das infraestruturas... Em termos de infraestrutura de transportes, comparar a densidade da rede da STCP com a da CARRIS, dentro do Porto, é brincar; se formos para a periferia, a UNIR parece o 3º mundo em comparação com a CMET. Não vejo em Lisboa metros à pinha como no Porto, até porque aqui fomos brindados com um elétrico, construído todo ele, na primeira fase, linhas A a E, à conta de endividamento das Autarquias e que, coitado, faz o que pode para fazer de Metro (e bem!), com a desculpa que o subsolo é muito duro, mas que não tem metade da capacidade. Não há metrocoiso em Lisboa, aqui brindam-nos, na nossa Avenida mais nobre, com uma coisa surreal. Continua a existir mais investimento no MdL do que no MdP, quando este, na parte que não é assentar carril no meio do campo, tem óbvias falhas de cobertura.
O serviço de comboios suburbano é inexistente, temos problemas de congestionamentos crassos de Aveiro ao Porto e até Ermesinde, mas já há planos de quadruplicação da Cintura, enquanto aqui Leixões, que faz o mesmo efeito de distribuição de tráfego, anda em via única, e sem que se assegure um ramal de 1km, para ligar a Matosinhos, que é fulcral para gerar procura.
Em Lisboa há CRIL, CREL, IC19, Eixo N-S, IC2 paralelo à A1 a ganhar moscas, A5, A16, aqui temos uma VCI entupida, e uma A41 estapafurdiamente cara, que não serve para coisa nenhuma.
A única coisa em que damos banho a Lisboa, é em matéria de Hospitais do SNS, mas não tanto pelo investimento, mas porque a ARS Norte tem uma capacidade de gestão que devia fazer corar imensos organismos públicos, bem como graças ao tremendo esforço dos profissionais de saúde.
E, claro, depois ainda há o parolismo do Clube Nacional, que gostam de dizer que é mundial, apesar de ter Lisboa no nome, mas ser o rival, que é regional como o FCP, a ter Portugal na designação.
Desculpem o offtopic, mas lutar por um Porto mais ao nível de Lisboa, é essencial para quebrarmos esta macrocefalia, amplamente estudada por várias ciências, e que tanto tem atrofiado o nosso país. Evidentemente que, em todos os países, existem grandes cidades, e se queremos que mais existam, não podemos concentrar tudo no mesmo sítio, nem vir sistematicamente, com conversas vazias de que, porque sai do Porto não tem qualidade, tem sotaque ou é buçal, termo agora aburguesado para rural. Não temos o mais belo dos sotaques, é verdade, mas não é motivo para nos calarmos, ou, indo para Lisboa, ter de o disfarçar, para se ter lugar à mesa.