3 notas importantes:
1. Parabenizar o António Botelho da TSF pela conquista do Prémio Artur Agostinho. É bem entregue, é justo. Tem muito talento, e merece ser reconhecido.
2. Tornar público, que a partir de hoje, o Carlos Rui Abreu da Antena 1 passou oficialmente para os quadros da RTP, após 17 anos a recibos verdes. Aproveito também para parabenizá-lo publicamente, é mais que justo, só peca por tardia esta decisão, sendo inquestionável a qualidade profissional e humana que tem.
3. Falar sobre o assunto que se falou aqui há uns dias, e que tenho tentado não falar publicamente. No dia 17 de maio, fiz a minha declaração de final de carreira, na RUA FM. Isto, porque a rádio está a ponderar terminar com um projeto que construí juntamente com eles, um projeto que envolveu esforço, dedicação e muita paixão da minha parte. Um projeto que tinha como base principal, não só o acompanhamento dos jogos do Farense em casa e fora, como também a aposta nos jovens da Universidade do Algarve, que quisessem experimentar rádio desportiva, o que ainda faz perceber menos esta decisão. Confesso, estou muito cansado e desgastado do meio radiofónico. Em 6 anos, estive em 6 projetos, que ou falharam comigo, ou que terminaram. Em 26 anos de idade, 12 foram totalmente dedicados à rádio (comecei a fazer rádio com 14). Para terem uma noção, no final da emissão de dia 17 de maio, o comentador, jovem da Universidade do Algarve, que estava comigo, chorou, e disse-me que o que me estavam a fazer, era uma grande injustiça. Ao que lhe respondi: "Não é injustiça, é a realidade". Às vezes a realidade dói, mas tudo aquilo que já entreguei ao mundo radiofónico, todos os esforços... Estou muito cansado de estar literalmente a remar contra a maré. Já nem faço conta às injustiças que tenho sofrido nestes últimos 5 anos, sobretudo no meio, mas as coisas são como são, não há nada a fazer. Se o projeto que construí terminar, não tenho mais força para voltar a fazer rádio. E não é por falta de propostas, porque felizmente existem, mas na minha região, o que me propõem, são projetos que não têm a força do projeto que construí. Não vou dizer que são projetos vazios, mas seria uma queda assinalável naquilo que foi a minha carreira nestes últimos anos. A região onde resido, que é a região de onde sou natural, também não me favorece, e eu tenho noção disso. Há 3 caminhos possíveis neste momento: A minha saída do Algarve, para continuar a lutar pelo sonho desta paixão (mesmo já não tendo forças para tal), a continuidade do projeto que construí durante toda a temporada, ou o abandono definitivo ao meio radiofónico. O que me entristece de verdade, é que nada disto depende de mim, estou totalmente dependente de outros, e por isso, não acredito no meu regresso ao meio. Mas, cá estarei como sempre estive, como ouvinte de rádio que sou e que continuarei a ser, para debater, sugerir, e elevar o conteúdo radiofónico em Portugal. Para terminar, leio todos os comentários que fazem aqui no fórum, as palavras que muitas vezes têm em relação a mim, agradeço-vos de coração. Foi uma boa fase. Foi uma honra. Não cabe a mim tirar considerações sobre o que quer que seja, deixo isso para vocês. A única coisa que eu luto e continuarei a lutar aqui no fórum, é que os meus colegas (ou ex-colegas daqui para a frente) tenham dignidade no meio radiofónico, que a precariedade termine de uma vez por todas, porque é injusto que algo como a rádio, não tenha a valorização que deveria ter no nosso país. E posso vos dizer, há muita coisa que eu sei, que se fosse pública, faria corar muitos dos foristas de vergonha, relativamente ao meio. Desde das nacionais às locais (mais até nas nacionais). Daí, esta minha posição de poder deixar a rádio, e francamente, não me arrepender nadinha se tiver que fazê-lo. Não me posicionei ainda nas minhas redes sociais sobre este assunto, e só o farei, quando for oficializado o fim do projeto que construí. Mas acho que aqui no fórum devo uma explicação, porque alguém trouxe esta conversa para este tópico.