Boa tarde, Ricardo.
O nome da rádio foi inspirado no rio que atravessa a Vila de Miranda do Corvo, rio Dueça, portanto, Rádio Dueça. É como se tivéssemos a Rádio Tejo, Rádio Douro ou Rádio Mondego, etc. Aliás, quando surgiu na primeira metade da década de 90, a TV CABO, com 30 canais, foi dividida em delegações para fazer face à demanda de subscritores e essas delegações foram identificadas com os nomes dos principais rios. Na zona centro, por exemplo, a TV CABO Mondego, entre outras, servia a cidade de Aveiro. Já aqui, em Santarém, o serviço era assegurado pela TV CABO Sado, já que a delegação de Lisboa não tinha mãos a medir para dar resposta à procura.
No post anterior, referi o caso da radialista Maria João para dar a conhecer ao fórum um testemunho que achei curioso e, de alguma forma, grandioso. Uma pessoa que tinha a sua atividade profissional estável, o dia-a-dia profissional não era fácil, e mesmo assim, nas horas vagas, como hobby, colaborava na rádio sem que tivesse nenhuma contrapartida financeira. Pelo que percebi, na altura, a Maria João tinha participado na aventura das Rádios Piratas, em meados dos anos 80, e experiência foi de tal forma marcante e enriquecedora que se manteve ligada ao meio, como alguém que tem as raízes numa determinada região e tem a necessidade de a visitar regularmente.
Ainda no seguimento do post anterior, quanto à Rosalina, na altura com mais de 60 anos e do mesmo grupo dos almoços, achava fascinante o seu conhecimento sobre Rock e música no geral, a ponto de perder a noção do tempo quando se falava nestes assuntos. Sabia mais destes temas do que eu, pelo que entrava em modo “Learn”. Uns anos depois, de Miranda do Corvo para a Azambuja, portanto em duas regiões diferentes, também nos períodos de almoço, repetem-se as conversas sobre música no geral e Rock em particular, desta feita com um Eng. Eletrotécnico formado no Instituto Superior Técnico. Também em contexto de conversa de grupo, surgem entusiastas conhecedores que fazem de um simples almoço algo deveras interessante.
Onde pretendo chegar: em termos de banda sonora, a rádio portuguesa tem lacunas. Baseia-se em playlists e algoritmos, mecanismos artificiais que coletam preferências e organizam conteúdos por categorias, falta-lhe a faceta humana, portanto há aqui algo de limitativo. Bandas sonoras que elenquem os temas intemporais com os do presente, fazem toda a diferença, porque colocam o ouvinte perante o que já conhece e perante a descoberta de algo novo (neste contexto, o novo pode ter 5 dias ou 50 anos. Para uma pessoa que ouve pela primeira vez algo com décadas, isso é novidade. Cabe ao radialista DJ enquadrar as sequências e dar-lhes um significado, assim como construir a matriz sonora identitária do programa ou estação. Rádio também é descoberta.). Falta ainda o fator surpresa, ou seja, ouvir um tema que não está à espera, algo que não funciona da melhor forma com playlists estafadas.