Linxtuga:
Será que li bem?
A percentagem na Rádio Comercial de Lisboa é de 75% e do Porto é de 25%?
A Rádio Comercial, é 99,9% Lisboa, feita em Lisboa. Lá por estar num festival em Gaia e promover alguns concertos no Coliseu, tal apenas existe por questões de publicidade e venda de produto. Todo o grupo da Média Capital respira Lisboa e apenas tem um sotaque, o Lisboeta.
A M80 chega ao ponto de dizer que se está a ouvir a M80 Valongo, estando o papagaio sentado em Lisboa, neste caso a papagaia.
A Comercial é um conjunto de amigos/as que vivem em Lisboa, seja ele da Margem Sul ou Norte do Tejo. Vivem na Grande Lisboa e isso é que conta.
No Porto é mais heterogéneo o quê? Só se for a desgraça e a ausência de rádio.
No Porto quase que não há rádio, quanto mais discutir-se se moram na Foz, Boavista ou Gaia.
Fico espantado por chegar ao ponto de achar relevante e importante se os animadores da Comercial são de Cascais ou de Lisboa. O centralismo é tal que Cascais é longe.
È por isso que o paÃs morre por causa dessa visão puramente lisboeta, mas pior, fala-se do Porto não se conhecendo a realidade actual do Porto em matéria de Comunicação social, pois ela não existe. Está morta.
Mas que raio de heterogeneidade que se refere no Porto? Estou curioso em ver que tese vem por aÃ..
Boxx: Saudades da Rádio Atlântico...
O sotaque de Lisboa, quer queiramos quer não, é o que vale para o paÃs. É um sotaque nacional. É assim há séculos. Por algum motivo os profissionais do Porto e de outras zonas têm tudo normalizado por Lisboa, salvo algumas ressalvas pontuais que mantêm identidade. De Bragança ao Algarve, o que vale é esse sotaque, jogando no seu campo. Não se afirma superioridade alguma por aqui, apenas uma escolha secular do poder central que definiu parte do rumo do paÃs. Não se entender isto é não se entender a história de Portugal.
A M80 não mente sem dúvida ao dizer que se está a ouvir a M80 Valongo, porque a frequência é de Valongo. E se há uma emissão local para Valongo, mesmo que com o mesmo formato da de Lisboa e feita a partir de Lisboa, é melhor do que ser tudo à bitola da sede porque cria proximidade aos públicos do Grande Porto (mesmo que limitada por não sair de lá, sim). E isso é muito importante, quer queiramos quer não, e faz diferença nas audiências das cadeias de rádio.
Revela de resto um profundÃssimo desconhecimento da morfologia aqui no centro/sul ao referir que a margem sul do Tejo é Grande Lisboa - é na prática, sim, mas tecnicamente não o é. Pertence à Grande Lisboa a área compreendida pelos concelhos de Lisboa, Oeiras, Cascais, Amadora, Sintra, Odivelas, Loures e Vila Franca de Xira. Os concelhos de Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete são margem sul do Tejo, mas distrito de Setúbal. Pertencem apenas à área metropolitana.
Quando refiro que as coisas na região do Grande Porto e, mais amplamente, no Norte, são mais heterogéneas refiro-me às pessoas e à noção de unidade que existe em boa escala, não ao panorama rádio que apenas conheço parcialmente (agora em Junho vou explorar mais a fundo). É algo que qualquer pessoa desta região afirma e, se o Zeca o negar, não lhe vejo qualquer provimento para a sua argumentação com tons-base de "isto está tudo uma desgraça, o Porto está desconsiderado, o centralismo Lisboeta alastra a olhos vistos, não se faz nada de jeito aqui, etc etc" porque isso faz parte da região. É a noção de unidade e reforço que confere muita da identidade e importância que o Norte tem. No dia em que for cada um para seu lado bem podem rezar.
De resto, um esclarecimento: não acho importante se as pessoas são de Cascais ou Lisboa, estou apenas a fazer a argumentação lógica de quem vê padrões na organização das coisas na área de atuação da Grande Lisboa, e há uma maior presença, de forma claramente nÃtida, do Norte do Tejo face ao Sul do Tejo. Tem muitos fatores, sim, mas o que queria que se refletisse eram quais. Questões históricas? Localização de partida quando se nasce? Poder de atração? Mas enfim, para o seu discurso contra o "centralismo" (qual centralismo?) não interessam as matrioskas dentro da matrioska maior, é óbvio - foi pura perda de tempo da minha parte.
Nota ainda para o Zeca a afirmar que "Cascais é longe". Meu caro, eu morei muita da minha curta vida até agora a muito mais do que os meros 25 km's que separam Cascais de Lisboa. E toda a Linha é vista - e bem! - como uma extensão natural da área de influência e agregação de Lisboa, tal como a Linha de Sintra o é também, e tal como a Margem Sul do Tejo o é também, embora aqui com algumas, poucas, diferenças identitárias. Qualquer pessoa que estude Sociologia lhe explica isto sem dificuldades.
Uma nota por fim para acabar com o offtopic que é enorme e ainda por cima ainda o incentivei mais no meu tópico (coisa parva...): se há coisa que não tenho, é visão puramente lisboeta. É afirmar um contexto como meu quando ele simplesmente não existe. A minha visão é nacional, vejo utilidade em cada uma das regiões, tanto que sou até a favor de uma regionalização bem feita, com pés e cabeça. Não o pode afirmar não me conhecendo enquanto forista, porque não só não me conhece na realidade como desconhece por completo o meu real contexto.
Fim do offtopic da minha parte.