Em matéria audiovisual, como noutras áreas e setores, convém analisar o sistema mediático europeu, bloco a que pertencemos, até para não cairmos no atraso ou retrocesso civilizacional face aos países congéneres. Uma coisa é certa, não há nenhum estado europeu que abdique dos serviços públicos de rádio e televisão porque são considerados como estruturantes na coesão social e territorial, promotores de vínculos de pertença e/ou ligação ao país, divulgadores de conhecimento, cultura e entretenimento consentâneo com padrões de civilização ocidental, bem como, instrumentos de veiculação de informação enxuta (tratada sem tiques sensacionalistas ou de espetáculo) e de debate dignificante, fundamentais para formação de cidadãos informados, portanto, para o bom funcionamento dos estados democráticos. Também não conheço um operador de rádio ou televisão pública que abdique de uma parcela significativa de programação, digamos, de teor comercial, dado que capta audiência. Na prática, são impostos limites ao teor desses programas, ou seja, não são exploradas emoções primárias ou abertas as portas do sensacionalismo ou espetáculo mediático de não assuntos. As grelhas de programas são diversificadas nos canais generalistas e evita-se uma conduta monocultural. A esmagadora maioria dos operadores públicos europeus têm publicidade, no entanto, há um número relativamente reduzido que apenas é financiado pelo estado.
Ainda ontem, o canal público alemão ARD, das erst, exibiu um espetáculo de variedades dirigido às massas que, dada a grandeza, na mentalidade tacanha de Portugal seria considerado um escândalo, pois seria apontado como estando em território das privadas. Suponham um recinto de espetáculos maior que o Altice Arena, cheio, apinhado de gente, uma cenografia e espetáculo visual de grande impacto, chamava a atenção de qualquer um, um palco gigante por onde desfilaram os músicos e artistas do panorama musical alemão, uma dinâmica constante, na qual o apresentador mudava de papel para cantor e vice versa. A ARD tem publicidade. Foi isto que aconteceu e na TV francesa, italiana, britânica, espanhola, etc. acontece o mesmo. Isto é comum por essa Europa fora.
O canal da TV Cabo, ODISSEIA, tem vindo a exibir documentário científicos muito bons produzidos pela ZDF, BBC e France Televisions, que são públicos e promovem a atividade/divulgação científica nos respetivos países. Posteriormente esses programas são encaminhados para os canais de distribuição internacionais e são promovidos os respetivos países e cientistas no globo.
...And so on...