Fórum da Rádio > Conversas soltas
Plano do Governo para a Comunicação Social
Zeca 2021:
O governo apresentou hoje um conjunto de medidas que quer colocar em prática nos próximos 3 anos. Para as rádios locais, apenas se encontra isto:
As rádios locais têm importantes funções sociais, designadamente no âmbito da difusão de informação, produção de património cultural e sonoro, combate ao
isolamento e promoção do desenvolvimento local. Com o objetivo de valorizar estes meios e após uma auscultação aos mesmos, o Governo quer garantir que as
rádios locais são abrangidas pelo regime de transmissão do “Direito de Antena” em todas as eleições, sendo que atualmente este apenas se cinge às eleições
autárquicas. Com esta medida o Executivo visa, também, assegurar a igualdade de oportunidades de comunicação de todas as candidaturas políticas, quer seja nas
eleições autárquicas, legislativas, europeias ou presidenciais. Para materializar esta medida, o Governo tenciona avançar com uma alteração legislativa a ser submetida
à Assembleia da República e discutida com os Grupos Parlamentares.
Ou seja, nada. Os grandes grupos agradecem, os monopólios e aquisições de emissores locais vai continuar ou aumentar e os amigos sentados em Lisboa agradecem do fundo do coração.
O compadrio e clubite partidaria de mãos dadas com a politica.
Radiofilo:
Coloco aqui, neste tópico, porque me parece ser o mais adequado face àquilo que está em causa, o plano do governo para a CS, já não só para a RTP, DAB+, etc., esta reflexão bastante pertinente da investigadora e professora universitária Raquel Varela publicada na sua página pessoal na rede social facebook à poucos minutos, na qual ela levanta questões bastante relevantes face àquilo que foi exposto pelo Governo...
"Montenegro anunciou a descapitalização da RTP, e o financiamento aos media privados. Agora a comunicação será empresarial, mas paga por nós, o sonho do PSD. Além dos profissionais dos jornais e televisões privados serem dependentes da empresa privada, serão pagos pelo Estado para trabalhar nessa empresa privada...
Não há qualquer forma de chamar jornalismo a isto. Jornalismo por definição é esfera pública. Assim nasceu. Pode chamar-se comunicação da empresa tal, do Partido tal, do governo x.
Jornalismo não pode, porque o jornalismo nasce como projecto iluminista - ousar saber - contra o Poder, em defesa do público (não em defesa do Estado, nem do mercado, em defesa do bem comum, público, essa é a sua origem e sentido de existência). Estado e público não são o mesmo.
Não há nenhum défice democrático que tal medida do PSD possa colmatar. Há um défice financeiro de jornais, cheios de dívidas, que nós, o nosso salário, é chamado a pagar de forma ignóbil nesta proposta do PSD (apoiada por outros partidos?!)
Esta medida significa um gasto público e menos democracia, menos saber. Mais subvenções privadas. E ainda mais pressão sobre os seus profissionais. Ler e reler as obras da jornalista Sylvia Moretzsohn da Uni do Minho, sobre isto. Pagaremos agora, todos nós, jornais que são projectos políticos, privados, como todos os jornais, lembra Moretzsohn, nenhum é isento, tal coisa não existe.
O Correio da Manhã e a Sábado e o Observador apoiam o CDS, a IL e o Chega, o Expresso o PSD, o Público oscila entre o PS e o PSD e por aí fora. Todos os órgãos de comunicação contém em si um projecto politico, é legítimo, projecto que defende o seu interesse particular (parte, partido) na sociedade. Têm uma linha editorial que não é nem nunca foi a defesa do bem púbico, comum. São escolhas, não podem fazer-nos pagar isso.
Os impostos são para o bem comum. Não podemos aceitar financiar jornais privados, que são sistematicamente usados para defender interesses de empresas e partidos contra os funcionários públicos, o SNS, a educação pública, o trabalho com direitos, a paz. Quem quer ter projectos privados paga do seu bolso.
Para quem não ouviu o discurso, obsceno para a democracia, atestado de infantilidade a todos nós, Montenegro disse - cito- que “todos os órgãos de comunicação fazem serviço público”, que devem ser protegidos da “selvajaria” do mercado e “que as redes sociais são inimigas da democracia”".
Atento:
--- Citação de: Radiofilo em Outubro 08, 2024, 05:28:06 pm ---Coloco aqui, neste tópico, porque me parece ser o mais adequado face àquilo que está em causa, o plano do governo para a CS, já não só para a RTP, DAB+, etc., esta reflexão bastante pertinente da investigadora e professora universitária Raquel Varela publicada na sua página pessoal na rede social facebook à poucos minutos, na qual ela levanta questões bastante relevantes face àquilo que foi exposto pelo Governo...
"Montenegro anunciou a descapitalização da RTP, e o financiamento aos media privados. Agora a comunicação será empresarial, mas paga por nós, o sonho do PSD. Além dos profissionais dos jornais e televisões privados serem dependentes da empresa privada, serão pagos pelo Estado para trabalhar nessa empresa privada...
Não há qualquer forma de chamar jornalismo a isto. Jornalismo por definição é esfera pública. Assim nasceu. Pode chamar-se comunicação da empresa tal, do Partido tal, do governo x.
Jornalismo não pode, porque o jornalismo nasce como projecto iluminista - ousar saber - contra o Poder, em defesa do público (não em defesa do Estado, nem do mercado, em defesa do bem comum, público, essa é a sua origem e sentido de existência). Estado e público não são o mesmo.
Não há nenhum défice democrático que tal medida do PSD possa colmatar. Há um défice financeiro de jornais, cheios de dívidas, que nós, o nosso salário, é chamado a pagar de forma ignóbil nesta proposta do PSD (apoiada por outros partidos?!)
Esta medida significa um gasto público e menos democracia, menos saber. Mais subvenções privadas. E ainda mais pressão sobre os seus profissionais. Ler e reler as obras da jornalista Sylvia Moretzsohn da Uni do Minho, sobre isto. Pagaremos agora, todos nós, jornais que são projectos políticos, privados, como todos os jornais, lembra Moretzsohn, nenhum é isento, tal coisa não existe.
O Correio da Manhã e a Sábado e o Observador apoiam o CDS, a IL e o Chega, o Expresso o PSD, o Público oscila entre o PS e o PSD e por aí fora. Todos os órgãos de comunicação contém em si um projecto politico, é legítimo, projecto que defende o seu interesse particular (parte, partido) na sociedade. Têm uma linha editorial que não é nem nunca foi a defesa do bem púbico, comum. São escolhas, não podem fazer-nos pagar isso.
Os impostos são para o bem comum. Não podemos aceitar financiar jornais privados, que são sistematicamente usados para defender interesses de empresas e partidos contra os funcionários públicos, o SNS, a educação pública, o trabalho com direitos, a paz. Quem quer ter projectos privados paga do seu bolso.
Para quem não ouviu o discurso, obsceno para a democracia, atestado de infantilidade a todos nós, Montenegro disse - cito- que “todos os órgãos de comunicação fazem serviço público”, que devem ser protegidos da “selvajaria” do mercado e “que as redes sociais são inimigas da democracia”".
--- Fim de Citação ---
Um dos dias mais negros de Montenegro.
Se não arrepiar caminho, começa aqui a sua queda.
À hora a que escrevo está na tv do DDT a ter um desempenho medíocre com a tia Avillez cada vez mais incontinente verbal...
pdnf:
--- Citação de: Atento em Outubro 08, 2024, 09:09:27 pm ---Um dos dias mais negros de Montenegro.
Se não arrepiar caminho, começa aqui a sua queda.
--- Fim de Citação ---
Tendo a concordar, o que se ouviu hoje de manhã é, de facto, muito mau. A Raquel Varela tem razão, pergunto-me é se diria o mesmo se o Avante fosse ajudado, ou fosse o PCP a nacionalizar os OCS, mas isso são outros 500's.
A campanha eleitoral nas locais, sejamos sinceros, é para fazer o frete à Bauer, fundamentalmente, que não vai receber lá grande coisa pois tem pouco jornalismo. Para a Mega, TSF e Observador, bem como para a CMR isto é pífio. Olhem, pode ser que dê para a Rádio Maria lagar um emissor em condições.
Estou curioso para perceber se a Observador vai, novamente, rejeitar o apoio do Estado, agora que é a Direita que está no poder.
Quanto ao que referiu o Pedro Duarte:
https://eco.sapo.pt/2024/10/08/a-grande-surpresa-seria-manter-a-publicidade-na-rtp-aponta-pedro-duarte/
Percebo a ideia, de não por a RTP a correr atrás das privadas, que já são tão fracas, a fazer o mesmo. No fundo, é aquilo que nós escrevemos muitas vezes por aqui. Não sei é se será a publicidade a conseguir alterar isso. Veremos.
O Bigode do Sala:
--- Citação de: pdnf em Outubro 08, 2024, 10:06:58 pm ---
--- Citação de: Atento em Outubro 08, 2024, 09:09:27 pm ---Um dos dias mais negros de Montenegro.
Se não arrepiar caminho, começa aqui a sua queda.
--- Fim de Citação ---
Tendo a concordar, o que se ouviu hoje de manhã é, de facto, muito mau. A Raquel Varela tem razão, pergunto-me é se diria o mesmo se o Avante fosse ajudado, ou fosse o PCP a nacionalizar os OCS, mas isso são outros 500's.
A campanha eleitoral nas locais, sejamos sinceros, é para fazer o frete à Bauer, fundamentalmente, que não vai receber lá grande coisa pois tem pouco jornalismo. Para a Mega, TSF e Observador, bem como para a CMR isto é pífio. Olhem, pode ser que dê para a Rádio Maria lagar um emissor em condições.
Estou curioso para perceber se a Observador vai, novamente, rejeitar o apoio do Estado, agora que é a Direita que está no poder.
Quanto ao que referiu o Pedro Duarte:
https://eco.sapo.pt/2024/10/08/a-grande-surpresa-seria-manter-a-publicidade-na-rtp-aponta-pedro-duarte/
Percebo a ideia, de não por a RTP a correr atrás das privadas, que já são tão fracas, a fazer o mesmo. No fundo, é aquilo que nós escrevemos muitas vezes por aqui. Não sei é se será a publicidade a conseguir alterar isso. Veremos.
--- Fim de Citação ---
O ponto-chave aqui é o fim da publicidade na RTP sem o aumento da CAV.
É verdade que são 20 M €, mas arrisco-me a dizer que está inerente ou a alienação de canais ou a privatização de alguns.
Por fim, sou um feroz crítico do status quo em que o jornalismo português se está a acometer, contudo, e mesmo concordando com as palavras do Primeiro Ministro, dá-me um arrepio na espinha quando qualquer governo, seja de que cor for, tece essas considerações e tenta moldar a informação.
Já vivemos tempos tenebrosos no passado e é algo que não queria voltar a assistir.
Hoje, apesar da RTP dar tiros nos pés no que toca à ambição de chegar a resultados de audiência positivos, o serviço público de audiovisual é muito mais independente e isento que há década e meia.
Nesse aspecto, tenho que louvar o trabalho do ministro social-democrata Miguel Poiares Maduro que, após a delapidação ocorrida pelo seu antecessor, soube pôr ordem na casa.
Por fim, a Raquel Varela, pessoa que até tenho algumas discordâncias de opinião, tem razão no que se refere.
Da mesma forma que fui liminarmente contra a nacionalização da TSF, também sou contra pôr o Estado (ou seja, todos nós) a financiar OCS privados.
Sobre a política concreta do actual Governo e as suas intenções, tenho muitas considerações, mas fica para outros fóruns.
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