Apesar deste espaço no nosso forum ser maioritariamente um santuário para aqueles que, com mestria, ornamentam, com mestria, as emissões da nossa rádio, não poderia deixar em branco o desaparecimento do grande Fausto!
Músico multi-facetado, soube como ninguém ligar as nossas raízes históricas com sonoridades contemporâneas, oriundas de sítios por onde a portugalidade passou e estreitou laços.
É um pouco redutor, no meio de uma carreira repleta, mencionar apenas um álbum e, logo, o seu maior sucesso. Contudo, eu tenho a plena consciência que, se fôssemos britânicos ou hispânicos, «Por Este Rio Acima» seria um trabalho reconhecido à escala mundial.
Agora, é escutar a Antena 1. Logo à noite, Chico Mateus na TSF.
«Diz-me agora o teu nome, se já dissemos que sim
Pelo olhar que demora, por que me olhas assim?
Por que me rondas assim?
Toda a luz da avenida se desdobra em paixão
Magias de druida pelo teu toque de mão
Soam ventos amenos p'los mares morenos do meu coração
Espelhando as vitrinas da cidade sem fim
Tu surgiste divina, por que me abeiras assim?
Por que me tocas assim?
E trocamos pendentes, velhas palavras tontas
Com sotaques diferentes, nossa prosa está pronta
Dobrando esquinas e gretas pelo caminho das letras
Que todo o resto não conta
E lá fomos audazes por passeios tardios
Vadiando o asfalto, cruzando outras pontes de mares que são rios
E num bar fora de horas, se eu chorar, perdoa
Ó, meu bem, é que eu canto por dentro, sonhando que estou em Lisboa
Dizes-me então que sou teu, que tu és toda p'ra mim
Que me pões no apogeu, por que me abraças assim?
Por que me beijas assim?
Por esta noite adiante, se tu me pedes enfim
Num céu de anúncios brilhantes, vamos casar em Berlim
À luz vã dos faróis são de seda os lençóis
Porque me amas assim
E lá fomos audazes por passeios tardios
Vadiando o asfalto, cruzando outras pontes de mares que são rios
E num bar fora de horas, se eu chorar, perdoa
Ó, meu bem, é que eu canto por dentro sonhando que estou em Lisboa»