A propósito do papel da Inteligência Artificial na indústria da locução (que corre numa pista paralela à da rádio), tomo a liberdade de partilhar algumas passagens do texto que o Diogo Pires publicou na sua newsletter, que recomendo bastante que subscrevam, vale bastante a pena.
Sobre os malefícios da IA, utilizada de forma desregulada, por países que respeitam 0 a propriedade intelectual, acho que estamos conversados.
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Beverly Standing é Voice Over Artist há mais tempo do que aquele em que eu existo no mundo. Ao longo da sua carreira deu voz a campanhas de grandes marcas como Disney, Honda, entre outras. Portanto, alguém com uma carreira sólida, reputada e com tudo para continuar dessa mesma forma. Mais ou menos…
Standing começou a receber, de amigos seus, vídeos onde estava a sua voz, lendo frases que nunca tivera lido ou gravado sob que forma fosse. Os vídeos vinham de vários perfis de utilizadores do TikTok, que recorreram à funcionalidade Text-to-Speech da aplicação, para colocar em voz o que quer que fosse que tivessem escrito como legenda. Estão a ver onde isto vai dar, certo? Beverly era a voz padrão do TikTok sem saber como, sem controlo sob o que “andava por aí a dizer” e sem ter sido compensada por isso.
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A generalização do uso da voz de Beverly em conteúdos sem qualquer tipo de crivo quase que levou a zeros o valor que a voz da locutora tinha no mercado. Standing viu contratos com alguns dos seus clientes mais antigos serem cancelados, ao mesmo tempo que mal conseguia fechar um novo trabalho na indústria onde trabalhava há tanto tempo.
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Contudo, asseguro-vos que os valores de projetos text-to-speech rondam não menos do que 10.000 euros por projeto. Será que compensa?
Sobre os malefícios da IA, utilizada de forma desregulada, por países que respeitam 0 a propriedade intelectual, acho que estamos conversados. (por bug, não é possível retirar o itálico).