Caro "augusto neto" já percebi que divergimos quanto ao método, porque parece que convergimos quanto ao gosto de haver muitas rádios (pelo menos em Londres), porque quanto a haver muitas rádios em Portugal não estou certo do seu desejo.
Assim sendo não vale a pena continuar a discussão porque nenhum vai mudar de opinião, e eu continuo a achar que a divulgação é essencial para esse crescimento. Faz parte da natureza humana e da construção da sociedade que foi fazendo ao longo de milénios. Assim se fizeram as grandes transformações filosófico-religiosas e polÃticas e assim se fizeram as transformações dos gostos e modos de vida. Muitas vezes por interiorização, outras por mero mimetismo... mas foi assim.
Acho que vale a pena fazer um pouco de história quanto à s rádios piratas em Portugal. Quando começaram já havia aparelhos de detecção (radiogoniómetros) como hoje, julgo até que não houve grandes alterações neste domÃnio. Essas emissões eram detectadas e os "radialistas" perseguidos. Alguns foram apanhados e multados, outros conseguiram fugir com o material literalmente à s costas, outros mandaram o material para o quintal do vizinho, outros não abriram a porta até "desmancharem a tenda", outros emitiam numa carrinha no meio do pinhal... há tantas histórias que nem vale a pena continuar. E as perseguições acabaram porque tornou-se humana e tecnicamente impossÃvel: eram tantas que já não valia a pena. E porque é que de repente eram tantas? Pois... por isso mesmo!
Ao contrário do que as pessoas possam pensar esta não foi a primeira vaga de rádios piratas em Portugal. No final do anterior regime houve uma primeira tentativa de fazer rádios piratas em Portugal ainda em Onda Média. O que é que falhou? Aquilo que veio a existir anos mais tarde: a disseminação do novidade! O paÃs estava sob ditadura e as pessoas tinham medo de dizer umas à s outras que ouviam uma rádio pirata, o que soava a altamente conspirativo. Se tal não tivesse acontecido era provável que as coisas pudessem ter sido diferentes.
Termino por fim rendendo as minhas homenagens à primeira rádio pirata alentejana (e portuguesa?) desse tempo, a Rádio Clube de Alcácer do Sal onde pontificava o então jovem Armando Carvalheda.