"Manudamaia":
Começaria por dizer que Onda Média não é Onda Curta... Quero com isto dizer que as emissões de Onda Média foram planeadas para se escutarem em Portugal - e mesmo assim torna-se evidente que as potências utilizadas pela antiga RDP, actual RTP, e a localização de alguns emissores não asseguram uma cobertura uniforme do território nacional.
Mercê da reflexão ionosférica nocturna, o facto de determinadas emissões espanholas se ouvirem melhor em França está também relacionado com a distância a que se encontram tais emissores do local de recepção. Pode suceder que o sinal reflectido na ionosfera atinja uma determinada região com intensidade mais forte do que um sinal proveniente de um emissor mais perto ou mais longe; considere a seguinte analogia:
Imagine que estamos num jardim a regar plantas com uma mangueira. Sabemos, quanto mais não seja da experiência pessoal, que a água que sai da boca da mangueira forma um arco. Essa água vai quase toda para dentro do canteiro, todavia, se colocarmos o dedo debaixo do arco, apanhamos, quanto muito, umas pingas.
Terceiro problema: as frequências de rádio são coordenadas internacionalmente. Os 666 e os 720 kHz, entre outras, são frequências que foram atribuÃdas a Portugal, tendo as emissoras portuguesas o direito de as usar recebendo o mÃnimo de interferências das emissões de outros paÃses. Tal significa que, havendo interferências persistentes, só haverá direito a reclamação junto da Espanha ou de outro paÃs interferente se tal perturbação ocorrer em território português. Por outras palavras, a RTP não tem direito a reclamar se as emissões OM da Antena 1 são interferidas na França. E infelizmente, os seus responsáveis, com o aval do governo da altura, acharam-se no direito de aniquilar a Onda Curta...