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Rádio Placard - 96,0/95,5 MHz Porto

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Nuno Brito:
Quem viveu há 30, 40 anos no Grande Porto, como eu sempre vivi, lembra-se das emissões da Rádio Placard, principalmente aos Domingos à tarde, quando ainda nem se quer se falava em rádios piratas. Estávamos em plena década de 70.
Esta rádio, inicialmente vocacionada para o desporto sobretudo futebolístico, emitia precisamente ao Domingo à tarde um programa denominado "Panorama", inicialmente divulgando apenas notícias dos campeonatos distritais de futebol da zona Norte e chegando mais tarde, também a fazer os relatos de futebol da equipa do velhinho Salgueiros ( Sport Comércio e Salgueiros ), que à data jogava no escalão principal do futebol português, na altura, salvo erro, designada Primeira Divisão.
A Rádio Placard emitia em FM-Estéreo, na frequência de 96.0 MHz, com período de emissão exclusivo, inicialmente, apenas ao Domingo à tarde, preenchendo o tempo de antena integralmente com este programa que referi, que era apresentado por um senhor que passou também pela Rádio Renascença, que se chamava António Paulus. Penso que, pela sua idade, já terá falecido. Os estúdios e sede da estação, com departamento comercial, para os anunciantes, ficavam no centro do Porto, na Rua de Camões, próximo da Lapa e do viaduto de Gonçalo Cristóvão, num prédio, em que o emissor estava instalado no terraço do último andar.
A Rádio era dirigida por dois senhores que se chamavam, se não me engano, Teles de Menezes e Ferreira Maia.
No lendário programa desportivo das tardes de Domingo, as notícias e os relatos eram intercalados com boa música nacional e internacional e com anúncios publicitários, tudo em som estereofónico de grande qualidade ( o que naquela altura, por ser uma tecnologia relativamente recente em Portugal, era um privilégio para o ouvinte comum ).
Em meados dos anos 80, com a explosão das rádios piratas, a Placard manteve-se de pedra e cal. Dado que o período de emissão diário não abrangia as 24 horas, todos os dias, na abertura, era transmitido o hino nacional, à semelhança do que acontecia também com o Programa 2 da RDP, hoje Antena 2.
Em 1987, com a abolição das rádios piratas e início do processo de legalização a nível nacional, as emissões foram suspensas e, em 1988, após conclusão daquele processo, foi atribuído à Placard o alvará para instalação de um emissor de 1 KW de potência para a cidade do Porto, na frequência de 95.5 MHz. Nessa altura ficaram também com 1 KW as Rádios Festival e Activa ( já extinta ), a Rádio Press ( integrada mais tarde na rede TSF ) ficou com 3 KW e a Rádio Nova foi contemplada com a maior potência na Invicta, tendo obtido alvará para 5 KW. Após a legalização, os estúdios e emissor foram montados num centro comercial perto da Praça do Marquês, as Galerias Atlantis e posteriormente transferidos para um edifício também ele localizado perto do Marquês, na Rua da Constituição.
No início da década de 90, a Placard após um período de crise finaceira, conseguiu garantir a sua sobrevivência, ao ser adquirida pela IURD.
E quando Paulo Portas foi nomeado Ministro de Estado no Governo de Pedro Santana Lopes, aquele ministro, na sequência de uma alegada utilização de potência excessiva pelo emissor da estação, após uma visita relâmpago de fiscalização às instalações da mesma, foi apreendido todo o material de estúdio e selado o emissor, tendo a Placard ficado sem o alvará e silenciada durante um longo período, até a frequência ser ocupada pela Gaia FM ( ex-Rádio Manchete ), já na década de 2000, tendo depois adoptado novamente o nome Placard, por volta de 2013, até ser integrada na rede nacional de emissoras da Record FM, propriedade da IURD, situação que se mantém até ao dia de hoje.
Nomes de locutores e jornalistas que deram voz a esta rádio emblemática da cidade do Porto, antes de esta ter sido adquirida pela IURD nos anos 90 ( além do António Paulus ):
Locutores: Isabel Silva, Isabel Guimarães, Maria João Costa, Luís Santos, Carlos Sobral, Filipe Figueiredo, Mário Andretti, Carlos Rui, José Carlos Castro ( este último também da TVI e CMTV ), etc.;
Jornalistas: Vítor Hugo ( RTP ), Luís Henrique Pereira, Américo Maio, Carolina Duarte, Carlos Rico ( estes 4 também da RR ), Rosa Azevedo ( RDP ), etc.

guest6:
Falta referir a "fabulosa" (!!!???) gestão, e não só, em certo período dessa rádio, de um tal de Alexandre Pinto da Costa que foi tudo menos a mais assertiva e correta, e que "se calhar" contribuíram para a cassação do alvará...!!! Ou estou errado...?? E a "alegada" potência excessiva, se calhar, quem se lembrar das "prestações" do emissor, não foi "só" alegada...!!! E já agora o alvará actualmente usado pela Record em 95.5 é da extinta Manchente de Gaia. O alvará do Porto da Placard "original" cessou "for ever"...

Julio Carvalho:
A Placard foi durante alguns anos, a responsável pela programação desportiva da RR, nomeadamente através dos relatos. António Paulus( também actor) foi locutor do Porto da RR, que também participava nessas emisoes, A Placard tinha também emissões, na programação do Porto da RR, onde pontificava um grande senhor da rádio, Manuel Fernandes. Nos relatos, sobressaia um narrador  brasileiro, muito popular, Gomes Amaro.
O Paulus foi durante muito tempo o homem das madrugadas de fim de semana da RR.

Aquando da legalização das rádios, vivia no Porto e vi essa estação renascer, com outro homem da RR, Jorje Peixoto, isto até a IURD, adquirir a rádio...

Nuno Brito:
Ao ser adquirida pela IURD, à parte de qualquer questão religiosa ou ideológica, a Placard perdeu a sua identidade primitiva de rádio local da cidade, generalista, informativa, desportiva e musical.
Lembro-me que dava gosto ouvir até os spots publicitários e os jingles indicativos dos blocos noticiosos.
Faz falta uma rádio como esta na região.
Haja alguém que possa e faça renascer esse espírito.
Eu faria tudo o que fosse preciso se isso pudesse acontecer  :-\.

Boxx:
Recomendo que ouça a Radio Nova. É certo que não tem a pujança nem tão pouco os meios que teve na sua fundação no final dos anos 80, mas é uma excelente oferta, não apenas do ponto de vista local, mas também a nivel nacional.

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