Autor Tópico: BBC Rádio  (Lida 63459 vezes)

joao_s

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Re: BBC Rádio
« Responder #30 em: Janeiro 14, 2017, 12:59:55 pm »
Caro Abílio, interessante artigo de opinião que partilhou aqui no fórum e que pode desencadear uma igualmente interessante discussão sobre o tema. Destacaria o último parágrafo:

“Internet broadcasting is great. It’s definitely part of radio’s future. But it isn’t - can’t be - a replacement for broadcast. Not yet, anyway.”

Uma parte do futuro da radio passa pelo Streaming (não será já o presente?), mas não o todo, ou seja o futuro da rádio, a meu ver, não se esgota no streaming e nas tecnologias baseadas na Internet, por 2 motivos:

i) O acesso às emissões de rádio não é gratuito, nem universal, ou seja, o ouvinte necessita de subscrever o serviço de um ISP (operador) para ter acesso à Internet e paga por esse serviço. Assim, a audição de rádio necessitaria sempre de um intermediário, o que choca de frente com o princípio de universalidade que sempre esteve associado às emissões de rádio. Portanto, a difusão por via herteziana é uma característica intrínseca da rádio como a conhecemos;

ii) Em caso de intempérie ou outro imprevisto, a emissão autónoma das emissões de rádio (separada de outras tecnologias de difusão) pode vir a ser a única forma de comunicação com o exterior quando todas as outras formas de comunicação falham. Isso aconteceu no local em que resido e em toda a região do Pinhal Interior há 3 anos, quando se abateu uma violenta tempestade. A energia elétrica falhou durante 24 horas (nos dias seguintes os cortes eram frequente e, por vezes, prolongados); telefones fixos, rede de telemóveis, TDT e Internet falharam quase durante 1 semana. O único contacto com o exterior foram as emissões de rádio que nunca falharam, mesmo no pico da borrasca.

Os países que se preparam para adotar o DAB como a principal tecnologia de difusão de rádio por via herteziana e que apostam na mesma como tecnologia de futuro não o fazem de ânimo leve, seguramente que as vantagens superam as desvantagens. Entre esses países está o Reino Unido que é tão-somente um país de referência nestas temáticas, este assunto já foi devidamente estudado e planeado. O DAB traduz-se numa mais-valia para os ouvintes. Em Portugal o DAB, o futuro da rádio, foi posto de parte, após se gastarem quantos milhões?

guest6

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Re: BBC Rádio
« Responder #31 em: Janeiro 14, 2017, 01:33:16 pm »
Faço uma pergunta simples e rápida: há quantos anos existe o DAB, e em quantos países em todo o mundo se massificou e quantos usam o DAB regularmente? Outra questão também de fácil resposta: qual a percentagem de carros novos trazem um sintonizador de DAB? E pergunto a nível "global". Com isto haverá quem preveja algum futuro para o DAB? Eu duvido muito, e continuo a achar que FM vai subsistir bem mais tempo que o DAB.

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joao_s

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Re: BBC Rádio
« Responder #32 em: Janeiro 14, 2017, 06:04:53 pm »
Caríssimo Abílio, poderia colocar a mesma questão há 40 anos, quando começou em Portugal a transição da Onda Média para a Frequência Modulada. Foi na década de 70 que o FM se popularizou em Portugal e, em boa parte, quando iniciaram as emissões do FM Estéreo da Rádio Comercial, tendo as pessoas um argumento que justificava a aquisição de novos recetores, ou seja um produto radiofónico inovador à época e que apenas emitia em FM. As pessoas não aderem a uma nova tecnologia para ouvir o mesmo. Evidentemente, que a adesão ao DAB seria feita de forma progressiva, aquando da substituição do automóvel, quando for necessário substituir um recetor avariado, atualização de equipamentos áudio, etc. e quais seriam as vantagens?

Maior número de estações (podendo rádios que estão atualmente restritas a uma área geográfica chegar a todo o território, por exemplo, Rádio Sim, Smooth FM, M80, rádios regionais, etc.- sendo esse o principal argumento a favor), inexistência de interferências causadas pela saturação do espetro RF ou pela desadequada organização das frequências atribuídas, maior qualidade áudio, uma nova lei da rádio mais consentânea com a época em que vivemos, novos serviços que superam o RDS, redução de custos de operação.

Das desvantagens apenas estou a ver uma, que se prende com a possibilidade de ouvir uma emissão analógica até à estática, à medida que o sinal enfraquece devido à distância da fonte emissora ou obstáculos. Numa emissão digital, os cortes no áudio tendem a ocorrer num cenário do mesmo tipo. Mas, detenhamo-nos no seguinte, se há países que apostam no DAB como a principal forma de difundir rádio pela via hertziana, não estará esse constrangimento salvaguardado? Sim, como é evidente. Agora outra questão, havendo, para já, 4 países que apostam de forma inequívoca na tecnologia DAB qual será a tendência da disseminação dessa tecnologia pelos restantes países da Europa? Parece-me igualmente evidente, com Portugal de fora (nem parece um país europeu, nesta matéria).

Por último, refiro o seguinte: os representantes das marcas de equipamentos áudio importam os modelos de sintonizadores/rádios que não têm DAB. Se fizer uma pesquisa de reviews, os mesmos modelos têm DAB nos outros países. Estamos a ser prejudicados porque pagamos o mesmo. Por exemplo, na minha viatura, o manual de instruções do autorrádio tem uma ampla secção sobre as funcionalidades DAB do aparelho, só que… o mesmo não tem DAB (em Portugal, nos outros países da Europa vem equipado com essa funcionalidade).
« Última modificação: Janeiro 14, 2017, 06:10:55 pm por joao_s »

guest6

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Re: BBC Rádio
« Responder #33 em: Janeiro 14, 2017, 06:45:21 pm »
Caríssimo Abílio, poderia colocar a mesma questão há 40 anos, quando começou em Portugal a transição da Onda Média para a Frequência Modulada. Foi na década de 70 que o FM se popularizou em Portugal e, em boa parte, quando iniciaram as emissões do FM Estéreo da Rádio Comercial, tendo as pessoas um argumento que justificava a aquisição de novos recetores, ou seja um produto radiofónico inovador à época e que apenas emitia em FM. As pessoas não aderem a uma nova tecnologia para ouvir o mesmo. Evidentemente, que a adesão ao DAB seria feita de forma progressiva, aquando da substituição do automóvel, quando for necessário substituir um recetor avariado, atualização de equipamentos áudio, etc. e quais seriam as vantagens?

Maior número de estações (podendo rádios que estão atualmente restritas a uma área geográfica chegar a todo o território, por exemplo, Rádio Sim, Smooth FM, M80, rádios regionais, etc.- sendo esse o principal argumento a favor), inexistência de interferências causadas pela saturação do espetro RF ou pela desadequada organização das frequências atribuídas, maior qualidade áudio, uma nova lei da rádio mais consentânea com a época em que vivemos, novos serviços que superam o RDS, redução de custos de operação.

Das desvantagens apenas estou a ver uma, que se prende com a possibilidade de ouvir uma emissão analógica até à estática, à medida que o sinal enfraquece devido à distância da fonte emissora ou obstáculos. Numa emissão digital, os cortes no áudio tendem a ocorrer num cenário do mesmo tipo. Mas, detenhamo-nos no seguinte, se há países que apostam no DAB como a principal forma de difundir rádio pela via hertziana, não estará esse constrangimento salvaguardado? Sim, como é evidente. Agora outra questão, havendo, para já, 4 países que apostam de forma inequívoca na tecnologia DAB qual será a tendência da disseminação dessa tecnologia pelos restantes países da Europa? Parece-me igualmente evidente, com Portugal de fora (nem parece um país europeu, nesta matéria).

Por último, refiro o seguinte: os representantes das marcas de equipamentos áudio importam os modelos de sintonizadores/rádios que não têm DAB. Se fizer uma pesquisa de reviews, os mesmos modelos têm DAB nos outros países. Estamos a ser prejudicados porque pagamos o mesmo. Por exemplo, na minha viatura, o manual de instruções do autorrádio tem uma ampla secção sobre as funcionalidades DAB do aparelho, só que… o mesmo não tem DAB (em Portugal, nos outros países da Europa vem equipado com essa funcionalidade).

Caro João o DAB tem quase 20 anos (final dos anos 90 inicio da comercialização de aparelhos). Você fala do nº de aparelhos em Portugal, mas o que eu refiro é globalmente, e não só Europa. E mesmo na Europa a situação é o que se sabe, tanto em relação ao nº de sintonizadores como em relação ás estações aderentes ao DAB. O sistema é caro paras as estações e não vulgarizou para os consumidores. Ao fim de quase 20 de um sistema estar no mercado e ter a implantação que tem, não esperem outra coisa que não a sua morte lenta. E isto que estou a dizer não é o que eu acho, é baseado em conversas que tenho tido com pessoas do meio radiofônico e que estudam o assunto.
A comparação que faz com a passagem do AM para o FM só vem confirmar que o DAB não tem pernas para andar, pois se o tivesse já tinha tido mais do que tempo para massificar, e tal não aconteceu. Veja de meio a década de 70 até a década de 80 o FM vulgarizou-se em absoluto. O que tem acontecido com o DAB? Nem a introdução do DAB+ fez "espicaçar" o processo de migração. Que o sistema tem muitas vantagens sobre o FM, é indiscutível, mas o BETA também era melhor que o VHS e o MiniDisc era excelente se o comparássemos com as K7 áudio; e o que aconteceu?

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Re: BBC Rádio
« Responder #34 em: Janeiro 14, 2017, 07:03:28 pm »
Vou responder com o "copy/past" de um email trocado entre mim e um catedrático de rádio (com livros publicados), email esse que data de há 3 dias.
Esta foi a resposta que "ele" me deu á cerca do DAB e seu futuro:
" porque o dab quando o futuro é o streaming?
https://www.radioinfo.com.au/news/norway-switches-fm-why-don%E2%80%99t-they-just-do-streaming "

Sinceramente acho que o DAB ainda vai "morrer" 1º que o FM.

Tal e qual! Para quê DAB? Para quê DAB+? Os produtos assentes em redes IP e a IoT (Internet of Things) vão estar de tal forma massificados que não existirá necessidade de apostar em tecnologias complementares (ou, no limite, até mesmo redundantes).

Esqueçam o DAB. Olhem para o streaming, para a internet e em especial para a IoT.

Espero voltar a este post daqui a uns anos e ver que tanto eu como o caro Abílio e até mesmo outros que comungam da mesma opinião fizemos o tiro certeiro.

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Re: BBC Rádio
« Responder #35 em: Janeiro 14, 2017, 07:15:09 pm »
E ao ler o meu comentário anterior, os colegas forenses podem inquirir-me: "Mas... Pedro, não te esqueceste das zonas remotas onde não há acesso à internet? No meio da montanha não consegues fazer isso".

Bem, em 2005, perto de Sabrosa, precisava de sair de casa e ir até uma pequena elevação próxima para conseguir fazer/receber chamadas. Hoje, tenho 4G dentro da sala e uma instalação de fibra óptica fixa com 100 Mbps de download e 10 de upload. A resposta fica dada desta forma.

A internet já é vista como um bem essencial e assim irá continuar uma caminhada exponencial até se tornar omnipresente. O futuro é via IP, como sempre foi e como tem sido.

joao_s

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Re: BBC Rádio
« Responder #36 em: Janeiro 14, 2017, 07:45:33 pm »
Pedro, mas você paga para ter acesso à Internet, não é verdade? Assim também será no futuro, independentemente de a tecnologia estar totalmente disseminada, omnipresente e de praticamente tudo passar por ali. O negócio das comunicações é altamente rentável e não será gratuito. A rádio universal deve ser gratuita, por princípio, e de dispor de uma forma autónoma de chegar aos destinatários. Portanto, uma boa parte do futuro (e do presente) da rádio passa pelas tecnologias baseadas na Internet e a outra, porventura menor, passa pela forma tradicional de receção via hertziana. O que você refere acrescenta outro ponto, que é a completa desmaterialização das emissões de rádio de um país na web, sem nenhum fator identitário dentro do respetivos territórios. Se o que você ouve em Portugal também ouve em Espanha e em todo o mundo, o que é identitário de um país quando está dentro de fronteiras, nada?

Caro Abílio, a tecnologia FM foi desenvolvida em finais da década de 30, início da década de 40 do Séc XX, teve avanços e recuos, que culminaram com o suicídio do seu mentor, não tendo vivido o suficiente para assistir à massificação da mesma, na década de 70. Portanto, o FM demorou 30 anos a conquistar o auditório. O progresso leva o seu tempo a ocorrer, não é instantâneo.

guest6

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Re: BBC Rádio
« Responder #37 em: Janeiro 14, 2017, 08:05:45 pm »

Caro Abílio, a tecnologia FM foi desenvolvida em finais da década de 30, início da década de 40 do Séc XX, teve avanços e recuos, que culminaram com o suicídio do seu mentor, não tendo vivido o suficiente para assistir à massificação da mesma, na década de 70. Portanto, o FM demorou 30 anos a conquistar o auditório. O progresso leva o seu tempo a ocorrer, não é instantâneo.

Incio do sec. XX era outra a realidade das tecnologias e os tempos de maturação também. O DAB começa a ser trabalhado no inicio dos anos 80. Hoje as tecnologias tem tempos de maturação e consolidação MUITÍSSIMO inferiores. Veja o que se evolui no GSM em 20/30 anos. Mas para ver quem terá razão; pois tanto o João como eu não estamos totalmente errados; é esperar que daqui a 15/20 anos voltarmos á conversa e ver em que sentido as coisas foram.  ;)

joao_s

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Re: BBC Rádio
« Responder #38 em: Janeiro 14, 2017, 08:08:38 pm »
Pedro, acrescento outro ponto no âmbito do seu ponto de vista, que se baseia na globalização da rádio. A rádio portuguesa não terá hipóteses, tenderá a desaparecer, assistiremos a multinacionais do setor, cujas cópias em Portugal serão piores que os originais. Se assim for, duvido que os diferentes estados embarquem nessa aventura, a ver vamos quantas rádios portuguesas resistem.

Luis Carvalho

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Re: BBC Rádio
« Responder #39 em: Janeiro 14, 2017, 08:36:59 pm »
(...)

ii) Em caso de intempérie ou outro imprevisto, a emissão autónoma das emissões de rádio (separada de outras tecnologias de difusão) pode vir a ser a única forma de comunicação com o exterior quando todas as outras formas de comunicação falham. Isso aconteceu no local em que resido e em toda a região do Pinhal Interior há 3 anos, quando se abateu uma violenta tempestade. A energia elétrica falhou durante 24 horas (nos dias seguintes os cortes eram frequente e, por vezes, prolongados); telefones fixos, rede de telemóveis, TDT e Internet falharam quase durante 1 semana. O único contacto com o exterior foram as emissões de rádio que nunca falharam, mesmo no pico da borrasca.


Coloquei em sublinhado algumas das declarações do João S, porquanto considero que o cerne da questão reside precisamente na acessibilidade da Internet mesmo em circunstâncias excepcionais. E se o "pdf" menciona o caso de Sabrosa, permita-me a sugestão de visitar o Alentejo profundo, quiçá o concelho de Barrancos, entre outros casos, onde, em várias zonas, ainda nem sequer existe sinal GSM. Posso-lhe asseverar que até num concelho capital de distrito, houve, até há relativamente poucos anos, uma aldeia que não tinha GSM de nenhuma das operadoras e só houve a decisão de instalar uma célula por parte de determinada operadora, na sequência da realização de um evento desportivo que atravessava a povoação em causa. Ainda há redutos em Portugal onde fazer uma simples chamada é muito difícil, se não impossível, mercê da falta de cobertura 2G. Ora, se nem sequer o 2G oferece uma cobertura de 100% da população, nem vale a pena extrapolar para o 4G. E mesmo na rede rodoviária, ainda existem casos de estradas nacionais onde há falhas de cobertura das redes móveis.
Cumprimentos,
Luís Carvalho

Administrador do "Fórum da Rádio"

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Re: BBC Rádio
« Responder #40 em: Janeiro 14, 2017, 11:05:10 pm »
Estou a gostar deste tópico, pontos de vista interessantes.

Três problemas foram apontados após o meu comentário. Plausíveis, mas vamos ver onde nos levam:

1. O custo: é certo que a rádio é grátis, universal e quase omnipresente. Habituamo-nos a ouvir rádio de graça. Mas se estou num Alfa Pendular ou num autocarro da Rede Expressos com o meu smartphone a ouvir um canal qualquer da soma.fm também não estou a gastar dinheiro. Que quero dizer com isto? Que apesar de o acesso à internet ainda não ser universal, tendencialmente caminha nessa direcção e é cada vez mais prolífera e acessível.

2. A identidade: aqui o problema está do lado do ouvinte. Se existir procura por emissões em português, podem crer que vão continuar a existir. Basta que as marcas que se criaram no éter saibam perpetuar-se na internet. Assevero com algum rigor que em muitos escritórios por este país fora o rádio ao canto da sala foi substituído pelo stream na página da rádio. Pelo menos é o caso no meu posto de trabalho, onde as rádios que gosto de ouvir chegam com algumas interferências. E acreditem que preferia ouvir via hertziana - será sempre uma paixão e ouvir online "não é a mesma coisa". Aposto que pensam de maneira semelhante. É pena, mas...

3. As lacunas de cobertura: numa tendência evolutiva de cobertura universal, apostaria que essas falhas desapareceriam no médio ou no longo prazo. Podemos também estabelecer paralelismo com coberturas hertzianas: há zonas do país que mal recebem as poderosas nacionais, quanto mais locais. A extinta freguesia de Arga de Baixo, em Viana do Castelo e em pleno coração da Serra d'Arga (um sítio lindíssimo), há tempos não tinha nem rádios nacionais nem rede de telemóveis. Hoje, continua sem nacionais, mas já há comunicações móveis.

A ver vamos para onde caminha o futuro.

É certo e válido que a rádio globalizada e desmaterializada pode perder identidade. É certo e válido que a rádio via IP não tem a mesma "magia", parco custo e universalidade de recepção da rádio tradicional. É certo e válido que, apesar dos avanços, nem toda a gente tem acesso à internet.

Mas o caminho faz-se caminhando. E isto, meus caros, é demográfico e geracional. Não sei quanto tempo vamos ter de esperar, mas a rádio como a ouvimos tem os dias contados. E acreditem que tenho muita pena - mas compreendo o avanço.

joao_s

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Re: BBC Rádio
« Responder #41 em: Janeiro 15, 2017, 03:51:57 pm »
Caro Pedro, magnifico texto na redação, argumentação e pontos de vista apresentados.

Basta observar os hábitos de cada um de nós, de quem nos rodeia, nomeadamente das novas gerações, para constatarmos que o streaming e as tecnologias baseadas na Internet vieram para ficar. Portanto o consumo da rádio passa obrigatoriamente por aí, cada vez com mais adeptos. Apresento o meu testemunho, como sabe oiço regularmente a “BBC Radio 2” através do serviço “Internet Radio”, num sistema dedicado, e posso asseverar que as condições de escuta são ótimas, a qualidade de som é muito boa, o serviço não tem falhas, e ouve-se melhor a “Radio 2” do que, por exemplo, a “Rádio Renascença”, que apresenta uma receção com problemas (deve-se à interposição de um morro entre a minha residência e o emissor), isto com o centro emissor aqui ao lado. Assim, oiço em melhores condições uma rádio inglesa do que uma portuguesa. Portanto, estamos de acordo no essencial, inclusive destas tecnologias suprirem as dificuldades de receção das emissões em RF.

O que não acompanho é a sua visão de rutura no que concerne ao futuro das emissões radiofónicas. Para si, a única forma de ouvir rádio daqui a uns anos é através das tecnologias baseadas na Internet, no meu ponto de vista, a Internet irá coexistir com as emissões hertzianas (em RF) tradicionais, mas na vez do FM, será o DAB. Não obstante as vantagens, há um argumento muito forte a favor do DAB, que os noruegueses apresentaram: as emissões em DAB ficam a 1/8 do custo das emissões em  FM. Uma redução significativa (diria, gigantesca) dos custos de operação, isto quando é expectável um número cada vez maior de ouvintes pela Internet e, consequentemente, cada vez menos ouvintes na rádio tradicional (ou seja, cada vez maior dispersão de ouvintes pelas diferentes tecnologias). O encanto da rádio termina se acabarem com as emissões em Rádio Frequência, as emissões de rádio acompanham a fronteira de um país, e refletem a cultura desse povo. A importância das emissões em RF revela-se premente num cenário de catástrofe, como referia o Luís, bastando a colocação em funcionamento de emissores provisórios com o intuito de informar as populações do desenrolar dos acontecimentos e procedimentos a adotar, isto quando as estruturas de comunicações ficam inoperacionais. Basta um rádio a pilhas para acompanhar essas emissões. É importante relembrar que o nosso país situa-se numa zona sísmica e um terramoto com idêntica magnitude daquele que ocorreu em 1755 pode voltar a acontecer.

Os países do norte da Europa estão a apontar para futuro da radiodifusão, resume-se a uma palavra: digital. Difusão digital por via hertziana e plataformas digitais. Redução de custos de operação, maior número de canais de rádio e maior diversidade de conteúdos. Seguramente que o assunto tem sido estudado e amplamente debatido por especialistas da área, nesses países.

MCastro

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Re: BBC Rádio
« Responder #42 em: Janeiro 16, 2017, 10:10:49 pm »
Assumindo que o futuro passa pela transferência da audição de rádio das ondas para a Internet, que argumento tem uma pessoa que está habituada a ouvir o que quer e quando quer no Spotify, que escolhe as suas músicas, a ouvir rádios que se limitam a passar música a metro, sem critérios de qualidade?

Boxx

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Re: BBC Rádio
« Responder #43 em: Janeiro 17, 2017, 10:37:16 pm »
os nossos The Gift na Playlist da BBC Radio 6:

http://www.bbc.co.uk/6music/playlist

joao_s

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Re: BBC Rádio
« Responder #44 em: Janeiro 25, 2017, 10:54:34 pm »
Termina o ciclo de programas da artista “Suzi 4”. Aguardemos pelo próximo artista a integrar a grelha, com 4 a 5 programas de sua autoria. Acho esta ideia magnífica, fora de série. O próprio que produz música, partilha o seu conhecimento e gostos pessoais com público.

Devo dizer que ouvi com enorme satisfação este conjunto de programas, fiquei muito bem impressionado com a prestação da apresentadora e constatei que falta uma série de nomes na discografia cá de casa (este tipo de programa ajuda a refrescar a memória).  Foi um conjunto programas muito bem estruturado, com temas diferentes de semana para semana e, o mais importante, de um extremo bom-gosto.

Um olhar alternativo pela música dos 70s, foi este o tema de hoje:
http://www.bbc.co.uk/programmes/b0891yj1