Nao percebo a indignação.
Se querem estar legais, tem que cumprir a lei!
Ainda lhe digo mais. Aliás, não sou eu que vou dizer. É a Isilda Sanches, uma vez que vou citá-la numa entrevista que ela deu quando saiu da Oxigénio e foi para a Antena 3. Ela refere também outra questão absurda que está consagrada, não nesta alteração à lei (a entrevista é, obviamente, anterior a esta alteração), mas a algo que já existe na lei como ela existe:
"Aqui na Antena 3 também há uma polÃtica musical. O constrangimento principal tem a ver com a música portuguesa, por causa da aplicação da lei da música portuguesa e da fiscalização. Como a Oxigénio tinha o estatuto de rádio temática, estava posicionada num estilo que alegámos que não tinha produção musical suficiente para cumprir a quota, e foi-nos dado o direito de não a cumprir. Mas passávamos muita música portuguesa que não estava editada ou que era instrumental. A lei da música portuguesa diz que não chega a música ser feita por músicos portugueses, tem de ser cantada em português, e isso é um constrangimento muito grande no mundo actual. Não só porque o inglês está generalizado, mas também porque põe de lado a música instrumental, o que é um absurdo. Os Dead Combo são instrumentais, o Rodrigo Leão, até há pouco tempo, também era instrumental. Esse tipo de constrangimento, aqui, é maior e é fiscalizado. A Antena 3 pertence a um grupo que está ligado ao Estado, portanto há uma fiscalização contÃnua. Essa é a parte mais complicada. Para se cumprir a lei como ela supostamente está enunciada é muito difÃcil. Nem sequer a produção de música portuguesa permite isso. Ou seja, se calhar permite, mas não com a música nova que está a sair. Permite com alguns géneros antigos, com determinados estilos, mas no grosso, no indie rock, na pop electrónica, no hip-hop… Se bem que no hip-hop fala-se em português mas, por exemplo, um produtor de hip-hop que só faça beats, como o Beats Vol. 1: Amor, do Sam the Kid, não seria considerado para a quota. Essas coisas fazem-me confusão.
(...) "as rádios hoje em dia têm um software que permite fazer essas contas, mas digamos que isso à s vezes coage um pouco a playlist. Acaba por obrigar a mais repetições, para garantir que passam as músicas que têm de passar. Para mim é incompreensÃvel como é que se pode achar que instrumentais ou cantar em inglês não conta na quota de música portuguesa. Não percebo como é que isso é possÃvel num mundo global. Se as pessoas que estão a tocar nasceram em Portugal, ou vivem em Portugal — porque também temos esse caso, há muita gente que, não tendo nascido em Portugal, está cá a viver —, é música portuguesa ou não é? Daqui a pouco é preciso mostrar o cartão de cidadão… Isso faz-me confusão e estou convencida de que deve ser da interpretação."