Autor Tópico: Rádios transmontanas boicotam cobertura das Eleições Europeias  (Lida 2877 vezes)

radiokilledtheMTVstar

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Protesto interessante a mostrar uma dura realidade.

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As seis rádios locais dos distritos de Bragança e Vila Real, que integram a CIR (Cadeia de Informação Regional), decidiram avançar com um boicote à cobertura de todas as ações de campanha, no âmbito das eleições europeias, que se realizam no dia 26 de maio.

Esta tomada de posição prende-se com uma série de entraves que têm vindo a ser colocados às rádios locais, com decisões que podem levar, no limite, "ao fechar de portas de várias estações emissoras", explica o porta-voz da CIR

Fernando Sérgio afirma que "o Estado discrimina as rádios locais", apontando como exemplo a não atribuição de tempos de antena nestas eleições europeias, já que "só nas autárquicas e nos referendos é que as rádios locais emitem" estes espaços que são pagos. "Em todas as outras eleições somos excluídas pelo Estado", adianta.

Os administradores destas rádios locais garantem que os problemas que afetam o setor são há muito conhecidos pela classe política, mas a situação das rádios de proximidade está numa fase crítica e decisiva. "Estamos a atravessar um ponto de não retorno, o que poderá significar o fim destas empresas de comunicação social a muito curto prazo", afirma Fernando Sérgio, da Terra Quente FM, de Mirandela, que a par das rádios Ansiães (Carrazeda de Ansiães), Brigantia (Bragança), Onda Livre (Macedo de Cavaleiros), no distrito de Bragança e ainda a Rádio Universidade (Vila Real) e a Rádio Montalegre (Montalegre), no distrito de Vila Real, integram a CIR, um projeto que começou há 20 anos.

As rádios vivem exclusivamente das receitas da publicidade

Aproveitado o período eleitoral que se aproxima, estas empresas de comunicação social mostram o seu desagrado quanto ao tratamento que é dado às pequenas rádios, face aos grandes grupos do ramo existentes no país. "É natural que a população não se aperceba dos constrangimentos a que somos sujeitos. É até um orgulho para nós conseguirmos levar a cabo esta verdadeira missão: estar a par e dar a conhecer com verdade e rigor aquilo que de relevante se passa, mesmo estando debaixo de fogo em permanência", esclarece Fernando Sérgio.

"Ainda há quem pense que as rádios locais são apoiadas ou financiadas pelo Estado, nada de mais errado. As rádios vivem exclusivamente das receitas da publicidade", acrescenta aquele responsável pela CIR que faz questão de sublinhar que "o Estado exige às rádios locais uma carga burocrática maior do que a qualquer gigante empresarial cotada na bolsa de valores".

Cantores, músicos e a poderosa indústria discográfica querem 5% da faturação das rádios

No entanto, a gota de água que fez transbordar o copo, foi a recente notificação que chegou a todas a rádios locais para as obrigar a entregar um valor a um grupo que representa os artistas musicais em Portugal. "Sempre pagamos uma taxa fixa mensal aos autores das letras e músicas que emitimos. Agora, os cantores, músicos e a poderosa indústria discográfica, querem 5% da faturação das rádios, mas com um valor mínimo garantido", explica Fernando Sérgio.

Tudo isso, lembra "é incentivado pelo Estado que, à luz da Lei aprovada, concede, na prática, a uma entidade privada o poder de cobrar impostos a outras entidades também privadas, que deverá ser situação única em democracia", diz.

"Todas as entidades a quem somos obrigados a prestar contas, sejam públicas ou privadas (ERC, ANACOM ou SPA...) têm em consideração, na cobrança das suas taxas, um fator de progressão atendendo à realidade socioeconómica de cada local", refere.

Perante isto, o porta-voz da CIR deixa a questão: "Haverá algum meio que mais apoie e promova os cantores, músicos e editores discográficos do que a rádio?".

Fonte: JN

(não sei se este tópico deve estar aqui ou noutro local, peço que seja movido se necessário)
« Última modificação: Dezembro 27, 2023, 10:41:30 pm por AG »

Antônio Costa

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 :Um tópico muito importante para a vida da rádio mas pelos vistos não merece a atenção das pessoas deste fórum. Parece que pouco ou nada interessa as rádios do interior ou fora da Grande Lisboa. Taxas em cima de taxas criadas por verdadeiros abutres apenas irá originar um aumento da aflição das contas das já deprimidas rádios locais, favorecendo como sempre as rádios de grupos grandes de comunicação social, muitos deles esponjas absorventes de frequências de rádios locais. Basta uma viagem pelo país e é ver rádios locais da Capital a ocuparem muitas dessas frequências. É uma pena não ver ninguém preocupado o interior. Ja vi que por aqui só há Malta nova, da Capital, com excepções, preocupadas com as vozes que saltam de rádio para rádio na Capital. Pobre visão a desses.

guest6

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:Um tópico muito importante para a vida da rádio mas pelos vistos não merece a atenção das pessoas deste fórum. Parece que pouco ou nada interessa as rádios do interior ou fora da Grande Lisboa. Taxas em cima de taxas criadas por verdadeiros abutres apenas irá originar um aumento da aflição das contas das já deprimidas rádios locais, favorecendo como sempre as rádios de grupos grandes de comunicação social, muitos deles esponjas absorventes de frequências de rádios locais. Basta uma viagem pelo país e é ver rádios locais da Capital a ocuparem muitas dessas frequências. É uma pena não ver ninguém preocupado o interior. Ja vi que por aqui só há Malta nova, da Capital, com excepções, preocupadas com as vozes que saltam de rádio para rádio na Capital. Pobre visão a desses.

Não será bem assim como diz/escreve. Há aqui gente de vários pontos do país e alguns já com muitas dezenas de "primaveras...  Preocupações é uma coisa, constatação de factos é outra. O problema é conseguir "dar a volta" ao problema e "varinhas mágicas" só conheço as de cozinha...  :)

Atento

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:Um tópico muito importante para a vida da rádio mas pelos vistos não merece a atenção das pessoas deste fórum. Parece que pouco ou nada interessa as rádios do interior ou fora da Grande Lisboa. Taxas em cima de taxas criadas por verdadeiros abutres apenas irá originar um aumento da aflição das contas das já deprimidas rádios locais, favorecendo como sempre as rádios de grupos grandes de comunicação social, muitos deles esponjas absorventes de frequências de rádios locais. Basta uma viagem pelo país e é ver rádios locais da Capital a ocuparem muitas dessas frequências. É uma pena não ver ninguém preocupado o interior. Ja vi que por aqui só há Malta nova, da Capital, com excepções, preocupadas com as vozes que saltam de rádio para rádio na Capital. Pobre visão a desses.


A maioria das rádios locais não interessa a ninguém. Muitas rádios locais podem desaparecer. Não servem as localidades para as quais emitem. Essas, que são mencionadas, fazem um esforço, embora devessem servir mais as localidades que cobrem.

Devemos avançar para rádios distritais (preferencialmente dois grupos por distrito), ou rádios com espessura regional...
« Última modificação: Maio 04, 2019, 08:55:10 pm por Atento »

Julio Carvalho

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Estou de acordo com o Atento.

Mas já sabia desta asfixia que é exercida sobre estas rádios, nomeadamente agora de uma empresa que agencia vários cantores nacionais, que exige uma taxa fixa para essas rádios passarem os temas desses artistas.

Pessoalmente, como transmontano e não só, estou solidário com estas rádios da minha região de nascimente, que eu aliás acompanho, nomeadamente através das suas páginas de Facebook, estas sim, tem feito bom trabalho, nomeadamente o CIR, com bons noticiarios regionais.

Quanto ao discurso, é um pouco demagógico,  como falar nos grandes grupos como abutres de frequências, quando há ouvintes que se queixam de não conseguirem ouvir as rádios que pretendem, como é o caso da rádio Sim. A lei da rádio era muito facilitista, permitiu que muitas rádios sem possibilidades de sobrevivência fossem para a frente, endividou muita gente, com vendas  e revendas sucessivas e as localidades nada lucraram com elas..

Realmente a solução passa por rádios distritais, com passibilidades de 1 a 3 frequências por distrito.

radiokilledtheMTVstar

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Eu acho que o sucesso das locais tem tudo a ver com bairrismo de cada localidade. Comparo isto com o futebol, onde por exemplo um clube como o Moreirense de uma vila tão pequena como Moreira de Cónegos tem mais adeptos do que muitos clubes de cidades muito maiores onde toda a gente se converte aos 3 grandes e não quer saber minimamente do seu clube. Não se podem fazer cortes iguais em todo o lado, se por exemplo Guimarães e Famalicão têm duas locais cada uma que se aguentam em alguns distritos quase nem uma resiste. Teria de se ver caso a caso, eu defenderia rádios regionais fortes como em Espanha mas isso daria muita guerra para decidir que rádios juntar. Rádios distritais não seriam solução porque a maior parte do tempo seria com certeza a falar da capital de distrito.
Por isso por enquanto o que se pode fazer é uma fiscalização apertada para as locais-fantasma e pedir ajuda às Câmaras ou através de crowdfundings.

estvmkt

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Aqui na zona de Viseu há o curioso caso de São Pedro do Sul e Vouzela,distantes para aí uns 8 KMS e ambas com rádios locais.
Servem a região mas creio que bastava uma pois ambas são redundantes e pouco ou nada acrescentam a região sendo ambas leitores de MP3 com poucos conteúdos regionais. O mesmo se passa em Gouveia e Seia,com Seia a ser a que menos conteúdos produz. Nelas tem uma rádio que mais parece rádio local de Viseu do que de Nelas.

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Ja vi que por aqui só há Malta nova, da Capital, com excepções, preocupadas com as vozes que saltam de rádio para rádio na Capital. Pobre visão a desses.

Felizmente não somos todos assim, e já muitas vezes me insurgi contra esse tipo de parlatório que não interessa ao menino Jesus. Aqui discute-se em demasia se "vedeta" X está a fazer takes gravados ou em directo, ou então as "contratações" e "transferências" de figuras absolutamente irrelevantes para a rádio nacional, que se limitam a dizer o nome das músicas e a reduzir ao grau zero o tratamento do ouvinte.

Mas enfim, é a rádio que temos e isso espelha-se nos ouvintes. Não em todos, felizmente.

estvmkt

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Existe um diferendo com a PassMusica que obriga as locais a pagarem uma certa quantia para passarem músicas de determinados artistas.
Vi isso no Facebook de um responsável ligado a uma rádio local.
A ser verdade é muito mal feito isso.

jcset

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Pena é que sejam só as rádios transmontanas .. Penso que deveriam ser todas as rádios do País que nada recebem.

A alteração da Lei da Rádio quando passou a permitir a sucessão do alvará e licença, por si só fez caír alguns operadores que por razões adversas não tinham condições para aguentar. O problema é que esta permissão de venda das rádios, deixou as frequências como sendo da esfera local onde foram licenciadas mas a servir/difundir grandes grupos e conteúdos que não interessam à região..


Caro Atento, concordo com a primeira parte da sua afirmação mas parece-me que excepto as retransmissoras se contarão talvez no máximo meia dúzia no país..
Já falar em rádios distritais, é algo que de certa maneira já existiu e foi diferenciado com atribuição de mais potência.. por coincidência foram as primeiras a cair..

CT2KBX

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Viva,

Este protesto já está a ser "assinado" por algumas rádios mais abaixo.

Cláudio Silva

guest219

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Depois das Europeias, as rádios transmontanas boicotam as ações de campanha para as Eleições Legislativas
Reportagem SIC: https://sicnoticias.pt/pais/2019-09-12-Nao-se-ouve-campanha-eleitoral-nas-radios-de-Tras-os-Montes

P.S. Nesta reportagem só falam das rádios de Vila Real e Bragança

radiokilledtheMTVstar

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CT2KBX

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Só para explicar a questão da SPA e da PassMúsica:

Basicamente, existem duas entidades que representam a classe musical nacional, a SPA e a PassMusica, mas cada uma de sua forma.
A SPA representa os autores e a PassMusica representa os interpretes.

Por exemplo, a grande maior parte das musicas dos Delfins são escritas pelo Miguel Ângelo e pelo Fernando Cunha (letra e musica). Neste caso e de acordo com o que é exigido pela regulamentação, por cada vez que para a "Baia de Cascais", eles terão direito a receber pela SPA porque são autores e pela PassMusica, eles e o resto da banda que gravou a músia receberão pela interpretação/gravação.

No caso do tema "A Noite", que é dos Sitiados, tocada e gravada pelos Resistência, os herdeiros do João Aguardela receberão pela SPA, porque o João é o  autor do temas mas os elementos dos Resist~encia que a gravaram, receberão pela interpretação.

A questão da interpretação prende-se porque cada interpretante dá o seu cunho pessoal.

Cláudio Silva