(...)
Para mim a grande questão é: será que uma rádio sem FM (DAB no futuro) tem, a longo prazo, verdadeiramente capacidade de sobreviver? Honestamente, tenho dúvidas muito fundadas.
Terá quando o FM for obsoleto em Portugal...
Terá quando houver um verdadeiro investimento no digital...
Em Portugal ou qualquer outro país europeu, o FM está obsoleto. Vejamos com este exemplo, aquilo que para qualquer consumidor seria inaceitável:
A) Faz uma chamada telefónica e tem o som imerso em ruído;
B) Os routers dos vizinhos interferem com o seu. Há dias que tem Internet, outros em que não tem acesso ao serviço;
C) Dispõe de um pacote reduzido de canais de TV, que interferem mutuamente. A qualidade de imagem e de som varia em função das interferências. Os seus conhecidos não têm essa limitação de canais, estes não interferem, veem o que querem, não estão sujeitos ao que lhes querem impingir, numa oferta redutora, idêntica, vazia, sem substância.
D) Faz uma videochamada para os familiares no estrangeiro. Estes têm imagem e som com fidelidade, no lado de cá, sobreposição, cortes e interferências.
Perante este cenário, reclama junto do operador, cancela o serviço e muda de operador. Trata-se de um serviço tecnicamente inaceitável.
Com o FM o caso é análogo. O principal defeito reside no conjunto de interferências, principalmente quando surgem as propagações esporádicas, fenómeno caracterizado pelo efeito de vórtice na atmosfera que possibilita a propagação de sinais de rádio em arco, projetando-os a grandes distâncias: dentro do mesmo país, entre países vizinhos, de toda a parte. Caso coincidam com a frequência de um emissor da sua área, existe degradação de sinal (interferência), podendo, eventualmente, cancelar o som da estação que quer escutar, interferência provocada pela sobreposição de ondas de rádio que se anulam mutuamente. Isto é tecnicamente inaceitável para os padrões atuais, um defeito intrínseco desta tecnologia analógica que tem 1 século.
Outro grande defeito consiste na limitação do espetro radioelétrico, ie, o número de estações que a tecnologia comporta, sem afetar o bom funcionamento em condições normais (nas esporádicas é para esquecer, o fenómeno é incontrolável). De facto, o número de estações é reduzido (sem grandes alternativas), limitativo para o funcionamento do mercado. Rádios como a ‘Observador’ que pretendam ter a ambição de emitir para todo o país, deviam de ter hipótese de concretizar esse desígnio. Como está atualmente, tal não é possível. Por exemplo, nesta zona a ‘Observador’ não se ouve.
Investimento? Já houve verba para tal. 11 milhões de euros “torrados” numa operação secreta que ninguém teve conhecimento. Quando existiu, o DAB foi do total desconhecimento dos ouvintes, ninguém conheceu a tecnologia, nem sequer os benefícios da mesma. Quem é que se abotoou com a “massa”?
Viva o FM! Relíquia do passado.