Atenção que quem me ler neste fórum pode ficar com a ideia que sou absolutamente contra a iniciativa privada e que Portugal deveria adoptar um regime comunista.
Nada disso!
Sou muito a favor da iniciativa privada e da liberalização de alguns mercados.
Apenas sou a favor que, por questões de soberania nacional, todas as infra-estruturas sejam da esfera estatal. Nelas, podem operar qualquer empresa privada, desde que respeite as regras definidas no país e que os dinheiros públicos não sirvam para directamente financiar os seus serviços.
No caso da comunicação social, muito mal está o país que viva numa espécie de monopólio estatal ou, no nosso caso, muito mal estava a rádio portuguesa quando vivia no duopólio Estado/Igreja.
(...)
#BS, acho que os leitores do fórum não ficaram com essa ideia. Não se depreende isso nas suas palavras.
Uma parte significativa das pessoas, diria a maioria, reconhece que o desenvolvimento de um país passa por um setor privado robusto, constituído por grupos económicos de pequena, média e grande dimensão (ou clusters de grupos que trabalham em conjunto para ganhar escala), capaz dinamizar a economia, estruturar o mercando interno e conquistar o mercado externo, bem como, tornar o país suficientemente atrativo para captar investimento externo e isso só é possível com uma iniciativa privada forte. O investimento externo também serve de realimentação de todo o sistema, melhora a eficácia do mesmo e ganho de escala. Nestes casos, o estado não se deve “meter”, deve criar condições propícias à atividade privada, definir estratégias de interesse nacional (ou que resguarde o mesmo) e agilizar procedimentos, de forma a aumentar a celeridade na tomada de decisão. É deixar a economia de mercado funcionar. Isso não está em causa. Nem sempre tal se verifica e temos grupos económicos a gravitar à volta dos governantes para tirar dividendos e aumentar a promiscuidade estado-privado, em assuntos que não dizem respeito ao estado e quando não está em causa o interesse nacional. Este é um motivo pelo qual não temos conseguido acompanhar o desenvolvimento dos países congéneres europeus.
Porque não estamos numa anarquia ou somos um estado falhado, há setores estratégicos nos quais o estado tem responsabilidades, serviços fundamentais à totalidade da população, à coesão social e territorial, que delineiam uma estratégia de desenvolvimento/preparação do futuro, bem como, na beneficiação da imagem interna e externa do país coerente com os desígnios nacionais. Esses setores vitais são instrumentos de soberania que nenhum estado abdica, no entanto, nos quais os privados podem e devem intervir, funcionado os serviços do estado como estabilizadores e/ou de referência para esses setores. Exemplos? Educação (o ministro Fernando Alexandre tem feito o bom trabalho de apaziguamento e dignificação no setor), Saúde, Justiça (setor problemático e que tem causado graves prejuízos ao país), Segurança, Forças militares, Sistema Mediático, etc.
No sistema mediático, a intenção do governo revela-se um desastre, ao tornar evidente para os cidadãos a promiscuidade estado-privado. Mais, as declarações do PM sobre jornalistas amansados e de uma imprensa favorável como moeda de troca para descapitalização da RTP são inqualificáveis. Uma RTP anímica, sem cheta para produzir ou coproduzir conteúdos, sem uma vertente comercial para captar públicos (o que não é prática nos serviços públicos europeus, de todo), uma RTP irrelevante, não creio que poderá ser privatizada porque com mais um concorrente privado, matam-se uns aos outros. Uma RTP desmantelada para dividir pelos parasitas que cercam o executivo, à custa do estado e dos contribuintes, talvez seja por aí. Isto são golpadas não consentâneas com um país europeu civilizado e levanta dúvidas, legítimas, aos cidadãos se este será o modus operandi noutras áreas da governação.
Bem, aqui ao lado, a TVE1 lidera as audiências em Espanha, com 18,6% (ver link do Telediario 2 a seguir, em 41:50), investigações sobre a origem de Cristóvão Colombo indiciam que não era italiano e para quem via a TVE no início dos anos 80 (aqui no Ribatejo através dos emissores de Montánchez ou através do retransmissor nas Fazendas de Almeirim), lembrar-se-á da apresentadora do concurso 1,2,3, Mayra Gómes, que ia para o ar às sextas à noite. Este sempre foi um bom espaço informativo.
TVE1, Telediario2, 20h00, 13.10.2024