Embora se constate que as tecnologias baseadas na Internet, nomeadamente após o advento do 5G, venham a constituir a etapa seguinte no que concerne à escuta de estações de rádio (os hábitos das “gerações online†assim o indiciam), é prematuro afirmar que estas irão substituir a forma tradicional de sintonizar e ouvir uma estação de rádio. Provavelmente, vão coexistir as duas formas da rádio chegar até aos ouvintes, por um lado, porque um serviço de Internet deste tipo será, de alguma forma, pago; por outro lado, ouvida pela Internet a rádio está de alguma forma desmaterializada, não existe um recetor especÃfico, é um serviço como qualquer outro. Também se afigura importante existirem redes de emissores especÃficas para as emissões de rádio se forem equacionados cenários de catástrofe natural que possam afetar as redes de comunicação de dados. Isso aconteceu no passado recente em Portugal, em que se verificou a falha das redes de comunicações, falha da TDT, falha no abastecimento de eletricidade e a rádio foi a única forma de impedir o total isolamento das populações.
Algumas notas relativas ao DAB:
i) A tecnologia FM, de origem norte americana, é anterior à difusão de sinais de televisão analógicos;
ii) A televisão analógica foi substituÃda pela televisão digital e toda a gente tem, pelo menos, um televisor em casa;
iii) Na televisão analógica a cores havia “guerra de formatos†em função dos blocos polÃticos e económicos mundiais. Nos Estados Unidos era utilizado o padrão NTSC, na Europa o PAL (com várias normas, B/G ou I no Reino Unido) e SECAM (França), ou seja, no continente europeu havia vários formatos de difusão de sinais de TV não totalmente compatÃveis entre si;
iv) Em 1981, quando a investigação e indústria da eletrónica de consumo da Europa se encontravam no auge, começou a investigação&desenvolvimento de uma tecnologia digital de rádio na Alemanha chamada de DAB. O DAB foi apresentado como um projeto padrão de difusão da rádio digital para o continente europeu, não mundial. Com o DAB procurou-se evitar o que acontecia com os sinais de TV analógicos, em que cada paÃs ou blocos de paÃses da Europa tinham formatos de difusão de sinais diferentes. Portanto, o DAB começou como projeto normalizado de rádio digital para a Europa;
v) Na Europa, continente para o qual foi desenvolvida esta tecnologia, o DAB não é um flop. Demorou algum tempo a impor-se, até porque houve uma atualização da tecnologia para o DAB+, mas o que se constata nos diversos paÃses europeus é que cada vez mais ouvintes aderem à tecnologia. Portugal está no fim da tabela neste projeto europeu, com 25 anos de atraso. A rádio não deve cingir-se à s redes de comunicações de dados, pelos motivos supracitados. Reitero, a génese do DAB está na Europa.
etc.