Uma lista de frequências locais mortas, ocupadas por um grande grupo.
Imaginar o numero de empregos que aqui podiam existir, jornalistas e outros cargos, mostra bem o estado deste país.
Uma rádio que não passa de uma cassete FM que não emprega uma única pessoa em todos esses concelhos.
Incrível.
Só neste país parolo, moribundo e centralista.
Depois vêm com discursos em prol do interior e do país e da luta contra a desigualdade territorial.
Tretas.
Das 31 frequências, 6 estão na AMP e na AML. A questão é, das referidas, quantas estariam hoje a emitir sem serem meras cassetes, a partir das respetivas cidades? Não coneheço bem a realidade de Lisboa, mas aqui no Porto e arredores, quantas locais temos que ainda apresentem produto digno de primeira divisão? Nova, Nova Era, Festival, Rádio Clube da Feira, FAMA, Cidade Hoje, Antena Minho, RVE e TerraNova. Diria que há mais locais MP3 do que verdadeiras rádios. Precisamos é de dar meios a quem tem qualidade para emitir bem para se expandir para lá do concelho do alvará e eliminar do éter aquilo que é Spotify FM. Apesar de tudo, acho que Smooth FM, M80, Vodafone, Observador e MegaHits e até Cidade FM fazem falta no éter do Porto e do país. São rádios com vocação nacional, num país em que três das seis licenças estão atribuídas (e bem) ao Serviço Público. O problema é o modelo de locais, hoje em dia a escala concelhia está verdadeiramente ultrapassada.
Lisboa é ainda mais desolador, rádios com vocação local quase nem existem. Com qualidade, apenas a Amália (tenho de incluir aqui porque está orientada para uma público local), 105.4 (numa lógica temática, de rádio rock), RC Mafra, Sesimbra FM e Rádio Azul. O resto ou é de grandes grupos, ou rádios públicas ou então rádios controladas por seitas religiosas, e as poucas que sobram não são de primeira divisão (Popular FM é popularucha, Horizonte FM e RDS, Ultra, Lezíria, etc, do pouco que ouço são Spotify FM).
A conclusão que se chega é que umas 100 rádios verdadeiramente locais para todo o país eram mais que suficientes.
Só dar nota que a RCS-91.2 e Maria, assim como a Infomédia a Norte, apesar de serem produtos religiosos, temática aceite pela ERC, o que pode ser ou não discutível, não são de seitas, mas sim de religiões radicadas ao abrigo da Lei da Liberdade Religiosa, que não visam o mal a nenhum dos seus ouvintes. Diferentemente do que acontece com a rede RECORD e afinidades, em que tenho a sensação que se a ERC ouvisse 10 minutos de emissão, muito provavelmente existiriam razões mais que suficientes para a perda da licença, desde práticas de extorsão, a divulgação de conteúdos que até põem em causa a saúde pública de forma gravosa, fundamentos não faltariam. Aliás, se lerem as deliberações a mudança de projeto só foi aceite porque foi considerada temática "religiosa evangélica". Ora, se a ERC tivesse tido o cuidado de consultar a comissão para a liberdade religiosa, na altura presidida pelo insuspeito, Dr. Mário Soares e a Aliança Evangélica, teria percebido em 5 minutos que a IURD não é uma religião radicada, cumprindo os princípios que norteiam o Estado de Direito em matéria religiosa, sendo que utilizou a expressão "evangélica" de forma abusiva.
Não obstante, serão produtos com audiências muito, mas muito residuais. Dou o meu exemplo, eu sou protestante, a Infomédia é de uma denominação protestante e muito raramente a escuto, apesar de até ter uma boa cobertura dentro de minha casa. Até os próprios crentes percebem que rádios religiosas são produtos mais interessantes para ter no online do que no FM, porque, se não formos fundamentalistas, não vivemos numa bolha isolada do mundo.