Caro “estvmktâ€,
a meu ver fez uma análise que foca o essencial. Globalmente, a rádio é feita com o propósito de atingir uma percentagem de audiência, desenvolvem um produto de acordo com estudos de mercado que indicam que a maioria do auditório prefere o formato A ao formato B ou C, ou seja retira-se, à partida, autenticidade, já que se constrói uma grelha em sentido contrário, do fim para o principio, tipo engenharia inversa, em tudo aparenta estar condicionado à partida para atingir o resultado X, Y ou Z. Essa é uma justificação que ouvi quando estive uma única vez nos edifÃcio da Renascença, na baixa lisboeta, próximo da faculdade de Belas Artes, mas sobretudo na zona da Brasileira, onde se espera algum tempo por um simples café. Espera que compensa pelo ambiente, envolvência e cosmopolitismo. De facto o edifÃcio encontra-se numa localização privilegiada e só isso, lá dentro os estúdios são pequenos, e tem-se um primeiro impacto de espaço apertado, excetuando o hall de entrada, evidentemente, e a redação de informação mais ampla, com outro espaço para circular (aà produzem-se os noticiários e a informação que consta no website). Comparativamente, as instalações da RDP são muito superiores, os estúdios são em maior número, amplos e mais apetrechados (estão equipados com colunas que debitam um som fora de série, contraste absoluto com o som que sai dos emissores, uma amálgama de graves e agudos, sem profundidade, nem definição, apesar da excelente cobertura territorial). Na RTP a perspetiva é outra, não tanto a de correr atrás das audiências, ao imediato, até porque é o ouvinte que se adapta à rádio e se revê nesse serviço, que tem uma caracterÃstica bem definida.
Nunca estive na Sampaio e Pina, por sinal onde era emitida a primeira rádio que comecei a ouvir por opção própria, a primeira escolha neste campo. O FM Estéreo da Rádio Comercial, quando esteve na esfera pública. A única semelhança com o presente é somente o nome. Ouvia programas, como o TNT “Todos No Topâ€, em que havia a nÃtida opção de marcar o seu conteúdo pela qualidade, formar os gostos musicais dos jovens de então (e também de outras faixas etárias), promover e divulgar os músicos portugueses que se enquadravam no género do programa e, sobretudo, filtrar. Filtravam o que de melhor se produzia e editava no mercado internacional. Cada programa da Comercial tinha um caráter próprio. Por exemplo, das 10 à s 12h ouvia um determinado género musical, das 14 à s 15 h ouvia outro género diferente, etc. Comparando com os dias de hoje, é como se tivesse várias rádios de qualidade dentro de uma.
Dentro das rádios automatizadas, de baixo custo, portanto, destaco duas: a Rádio Nostalgia, de finais da década de 90/inÃcio do milénio, que de facto reavivou memórias e contribuiu para mostrar o que de melhor se fez num determinado perÃodo do Séc. XX. Agora a Smooth FM, que acho um dos melhores produtos radiofónicos que já ouvi, apesar de automatizada. Eu enquanto ouvinte adaptei-me à radio, conheci outros músicos e outros géneros, tem contribuÃdo para aumentar a minha cultura geral, considero que prima pela qualidade. Felicito aqueles que tiveram a ideia e tornaram possÃvel o projeto. Trata-se de um verdadeiro serviço público feito por privados, com um rarÃssimo enfoque na qualidade. Espero que o sinal se expanda para outras zonas, porque quando a Memória 2 do autorrádio fica sem sinal, dou-lhe pela falta (eu e a minha famÃlia).