“pdfnâ€, coloca o foco da sua reflexão no campo das ideias e acho que esse deve ser o ponto da discussão. Participo neste fórum como ouvinte, não existe qualquer relação profissional da minha parte com o meio da radiodifusão, nem com qualquer tipo de entidade reguladora.
Discordo dos seus pontos de vista, vamos por partes:
i) A parceria público-privada para mesclar a ‘SmoothFM’ com a estatal ‘Antena 2’ parece-me uma ideia “demasiado fora da caixaâ€. Faz-me lembrar um cientista que realiza uma experiência num laboratório e explode com esse laboratório. Neste caso, é para explodir com a ‘SmoothFM’, não vai resultar. Testar outro tipo de produto, quiçá… com este acho um erro irreversÃvel, o risco é muito elevado. A ‘SmoothFM’ tem muito potencial para explorar e padece de dois problemas: baixo investimento em recursos humanos, que, a ser feito, resultaria num projeto uma de excelência; o outro, a parca rede de emissores, que não se resolve com PPP que impõem restrições e falta de liberdade criativa, mas resolve-se com o DAB+, um trunfo da MCR para esta tecnologia emergente.
ii) Não é viável investir milhões numa tecnologia obsoleta, nem que seja para reorganizar o espetro radioelétrico, quando existe uma tecnologia emergente que está a ser disseminada em toda e Europa. Mas tarde ou mais cedo, chega até ao nosso paÃs. Vão-se investir milhões em algo ultrapassado, para quê? O DAB+ soluciona todas as questões que coloca e muitas mais. A questão dos recetores e preços não se coloca para o setor automóvel, qualquer veÃculo novo que adquira tem integrado de série um recetor de DAB+. Coloco a questão nestes termos: “os nossos concidadãos europeus andam em carros voadores, nós em carroças puxadas por mulasâ€. É essa a visão que tem para o nosso paÃs?
Caro João,
Eu percebi que também, tal como eu, era ouvinte. Por isso escrevi o que escrevi...
Quanto aos pontos em si mesmo, uma ressalva prévia: claro que o DAB +, nem que fosse nos três grupos (R/Com, MCR e RDP) solucionaria todos estes problemas. Só que, tal como já tive oportunidade de escrever aqui, garantidamente até ao final de 2030 não vamos ter essa migração. Existiam conversações avançadas entre a academia e os operadores para incluir verbas para a aquisição dos emissores no PRR aka Bazuca, bem como para fazer um projeto Mobilizador de grandes dimensões no âmbito das Agendas Estratégicas que estão a concurso até 30/09, mas a montanha pariu 0 euros e zero cêntimos. Ao que consta, não houve vontade de investir na área das telecomunicações (o 5G é outro parente que ficou a ver navios).
Posto isto, tenhamos consciência, pelo menos 10 anos disto, que serão seguramente mais, implicaria mexer no que temos. 15 anos (10+5 para implementar) não é, nem de longe nem de perto provisório. Até lá, vamos continuar a assistir a locais moribundas, a compras e esquemas para emitir redes que são verdadeiras nacionais, a um serviço público a cair de caruncho, etc, etc. Claro que a A2 (bem como a A1 e ainda mais a A3) necessitam de um novo rumo, de um projeto. E era isso que um projeto como a Smooth poderia dar a 2. Por seu lado, a 2 dava-lhe os emissores de que teria falta. Com 1,3 de audiência torna-se dificil a uma administração investir numa rede de emissores, seja na situação atual (por aquisições) ou numa hipotética reorganização. Mais a mais, como diz e bem, haveremos de passar para o DAB + onde não existem esses constrangimentos e, como tal, uma solução não definitiva agradaria a todas as partes. O produto fora da caixa de que fala... bom, a própria A2 já conjuga Clássica com Jazz, a BBC Radio 3 também, e a RNE Clássica pelo que investiguei também já vai nadando para fora de pé. De forma alguma rebentaria com a Smooth, pois a exploração ficaria integralmente a cargo da MCR, quanto muito, os noticiários poderiam ser feitos pela RDP. Era apenas e só criação de sinergias para apresentar um produto forte. Se pegasse, mais adiante, poderiamos avaliar a pertinência de o Estado manter uma rádio clássica ou se pode usar essa rede para fins que, de facto, não agradem às privadas. Daà que tenha, também sugerido, a transformação radical do projeto da 3, pois no segmento em que opera, o privado tem interesse. Existência de regulação? Sem dúvida, todos admitimos que é o que falta, mas regulação útil, não como a que temos agora, que regula o acessório e esquece o fundamental.
Espero que tenha ficado esclarecido. É sempre bom este debate!