Tem toda a razão Pedro Abrunhosa...
Enfim...
Só falta estourar com o Majestic e alguns cafés típicos da baixa, nos quais se misturam as várias classes sociais...
A culpa também será do centralismo, caro Zeca,?
https://www.tsf.pt/3347320576/e-mais-uma-machadada-na-cidade-pedro-abrunhosa-ja-tem-saudades-da-fnac-da-baixa-do-porto/
O problema do cantor "discurso Miss Universo" não é a FNAC, recorde-se, uma multinacional que dizimou dezenas de livrarias por esse país fora, ter saído dali. É, isso sim, o destino do Palladium.
O que foi escrito no Diário de Lisboa, em 1940, é ainda a ideia da elite portuense hoje em dia: "Palladium é uma instalação de luxo, conforto e bem-estar", acrescento eu, mais sinónimo de um status absurdo do que de uma perda real de oferta na cidade. Tal como o é o Majestic, onde um café não é acessível diariamente ao vencimento de um português, de classe média alta.
Nesse capítulo, a saída da Latina da Baixa, que foi comprada pela Leya, a maior editora em língua portuguesa, multinacional com origem no nosso país, é muito mais crítica para a cidade, e também condenável. A esse respeito refere Abrunhosa que "ainda vamos tendo a Latina", assim em passagem, como sendo uma coisa de segunda, mas não creio que o vamos ver barafustar por causa disso.
O que o Mister Universo e a elite bacoca, que canibaliza 12 minutos da emissão da TSF para um não assunto, que faz a Guilhermina Sousa ir "falar com o ministro" por causa de uma loja de uma multinacional, não toleram, isso sim, é que para o Edifício de Marques da Silva vá a "loja dos pobres". Já porem os cotos em São Bento... sabe Deus, vade retro a CP e a IP, que só o Longo Curso lá deveria parar, pobres é para os suburbanos em Campanhã.
Sim, a Primark vende coisas fracas, mas é a alternativa para muitas pessoas que não têm posses para mais. Há ainda muitas Donas Glórias, "para quem saia caro em transportes" ir à Primark (
https://www.youtube.com/watch?v=y-zik9EcJis). A Dona Glória é o retrato do país real, que querem enfiar em guetos, longe das suas vistas, nas áreas nobres da cidade. Olhem, o Porto das Tripas. Que tem direito de existir. Na cabeça desta gente, a Baixa, no quarteirão do Coliseu, do Sá da Bandeira e do São João, deveria ter um letreiro: "proibida a entrada a pobres e classe média. Frequentável apenas pela elite e pelo turista rico" Depois, porque enchem a boca com a esquerda, quando são os mais elitistas e classistas de todos, vêm falar da sustentabilidade ambiental, para disfarçar. Shame on you! Não são assim tão diferentes dos "tios" de Cascais que tanto criticam. Pelo menos esses são transparentes.
Curiosamente, não vi ninguém rasgar as vestes por causa do encerramento de uma das mais completas livrarias que tínhamos na cidade, a Bertrand do Alameda. Para quem não sabe, a Bertrand é propriedade do grupo portuense Porto Editora, ou seja, uma marca da cidade. Tinha uma loja de grandes dimensões, onde se encontrava praticamente tudo e até se iam realizando alguns eventos culturais. Foi despejada, contra a vontade da Porto Editora, que se propôs a subir a renda, para no seu lugar abrir uma multinacional. Qual? A FNAC. Ficou no mesmo shopping, numa loja minúscula, a pagar praticamente o mesmo, com metade da oferta.
Este negócio é simples: o senhorio do Palladium, a CBRE Portugal recebeu uma oferta irrecusável da Primark, pelo que não renovou o contrato com o C&A e com a FNAC. Também a Urban Project, no edifício contíguo foi despejada, porque a Primark vai ocupar o mesmo, seguindo a tradição de ter grandes lojas de rua, nas grandes metrópoles. A Primark em Santa Catarina não é nenhuma disrupção da cidade e da sua malha urbana, tal como não era lá ter o C&A. Esta insígnia, que estava no Palladium desde 1987, tendo ocupado a totalidade do edifício até 2000, e que é concorrente direto da Primark, diga-se, pelo que sei, já tem em vista um espaço alternativo na Baixa, que, sem estar fechado, poderá passar pela loja e prédio devoluto há vários anos, em frente à Capela das Almas. A FNAC o que fez? Se os indianos e chineses têm dinheiro para abrir lojas aos magotes em todo o canto e esquina, esse sim, um problema, não pela nacionalidade, mas porque as lojas são todas iguais, para os turistas, quanto mais não terá uma multinacional, se quiser mesmo ficar na Baixa. Se desejar, até pode ir para dentro do Via Catarina. A questão é, será que quer mesmo, ou Abrunhosa e companhia estão a tomar as dores de quem não as sente minimamente? Repito, a Primark em Santa Catarina não é trágico, nem tampouco um problema para a Cidade. Tragédia, isso sim, temos na Rua das Flores e na Ribeira, e aí, toda a gente assobia para o lado. Santa Catarina pode ir pelo mesmo caminho, mas não será por causa da Primark, aliás, esta será, de certa forma, ainda uma tábua de salvação do que resta da verdadeira origem dessa rua: comércio de pronto-a-vestir. É pena que falte uma livraria? Sem dúvida, mas de preferência uma que não seja uma multinacional, seria interessante.
Finalmente, sabia-se disto desde... fevereiro! Ninguém apareceu, só depois do facto consumado vêm para a rádio e para os jornais, o que me faz perguntar se também não gostam de aproveitar toda e qualquer ocasião para estar na ribalta, nomeadamente o homem dos óculos escuros.
Mas nada temam, bom povo! Abrunhosa conseguiu a paz na Palestina com uma simples frase. Ah não sabiam?
https://voca.ro/158YjjP0hmRRO que não fará pela FNAC em Santa Catarina com um discurso de 13 minutos na TSF, onde apela ao "Porto das Tripas"! Prometo-vos uma multiplicação de FNAC's, maior que a de TIFOSSI's, de PARFOIS's ou de lojas dos 300's de souvenirs. Será uma a cada 100 metros, para que todos tenham cultura ao lado de casa, em toda a cidade "nobre" do Porto. Estai atentos, não tarda a Guilhermina Sousa trará a boa nova!