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Desaparecimento de Fausto Bordalo Dias (1948-2024)
O Bigode do Sala:
Apesar deste espaço no nosso forum ser maioritariamente um santuário para aqueles que, com mestria, ornamentam, com mestria, as emissões da nossa rádio, não poderia deixar em branco o desaparecimento do grande Fausto!
Músico multi-facetado, soube como ninguém ligar as nossas raízes históricas com sonoridades contemporâneas, oriundas de sítios por onde a portugalidade passou e estreitou laços.
É um pouco redutor, no meio de uma carreira repleta, mencionar apenas um álbum e, logo, o seu maior sucesso. Contudo, eu tenho a plena consciência que, se fôssemos britânicos ou hispânicos, «Por Este Rio Acima» seria um trabalho reconhecido à escala mundial.
Agora, é escutar a Antena 1. Logo à noite, Chico Mateus na TSF.
«Diz-me agora o teu nome, se já dissemos que sim
Pelo olhar que demora, por que me olhas assim?
Por que me rondas assim?
Toda a luz da avenida se desdobra em paixão
Magias de druida pelo teu toque de mão
Soam ventos amenos p'los mares morenos do meu coração
Espelhando as vitrinas da cidade sem fim
Tu surgiste divina, por que me abeiras assim?
Por que me tocas assim?
E trocamos pendentes, velhas palavras tontas
Com sotaques diferentes, nossa prosa está pronta
Dobrando esquinas e gretas pelo caminho das letras
Que todo o resto não conta
E lá fomos audazes por passeios tardios
Vadiando o asfalto, cruzando outras pontes de mares que são rios
E num bar fora de horas, se eu chorar, perdoa
Ó, meu bem, é que eu canto por dentro, sonhando que estou em Lisboa
Dizes-me então que sou teu, que tu és toda p'ra mim
Que me pões no apogeu, por que me abraças assim?
Por que me beijas assim?
Por esta noite adiante, se tu me pedes enfim
Num céu de anúncios brilhantes, vamos casar em Berlim
À luz vã dos faróis são de seda os lençóis
Porque me amas assim
E lá fomos audazes por passeios tardios
Vadiando o asfalto, cruzando outras pontes de mares que são rios
E num bar fora de horas, se eu chorar, perdoa
Ó, meu bem, é que eu canto por dentro sonhando que estou em Lisboa»
Radiofilo:
"Por este rio acima" é, sem dúvida, um álbum marcante na obra do Fausto. Mas, não é o único. Toda a sua obra, desde os discos mais políticos do início da sua carreira até ao seu mais recente trabalho de originais, creio que de 2011, são importantes.
Recordo com saudade as três ocasiões em que o vi ao vivo (Torre de Belém, Almada e CCB). Esta última em concerto transmitido em directo, na altura, pela Antena 1.
Descanse em paz!
O Bigode do Sala:
--- Citação de: Radiofilo em Julho 01, 2024, 11:49:41 am ---"Por este rio acima" é, sem dúvida, um álbum marcante na obra do Fausto. Mas, não é o único. Toda a sua obra, desde os discos mais políticos do início da sua carreira até ao seu mais recente trabalho de originais, creio que de 2011, são importantes.
Recordo com saudade as três ocasiões em que o vi ao vivo (Torre de Belém, Almada e CCB). Esta última em concerto transmitido em directo, na altura, pela Antena 1.
Descanse em paz!
--- Fim de Citação ---
Tenho por norma, ir a concertos como viver experiências.
Por razões de idade, não pude estar presente em muito tempo da sua obra. Contudo, tive a sorte de o poder ver, de forma intimista, no Teatro Virgínia em Torres Novas (2019, creio).
Dos Três Cantos, infelizmente não consegui ver o José Mário Branco.
Segundo o próprio JMB, mas também o Pedro Abrunhosa o escreveu, Fausto era o melhor dos cantautores portugueses. Eu como leigo e mero ouvinte, sinto isso em relação ao Jorge Palma, estando num patamar em que carinhosamente lhe chamo de Mestre (tal como na rádio, apelido gente como o Fernando Alves ou o Fernando Correia).
Confesso que não sou ávido conhecedor de toda a sua obra, nem consumidor assíduo da sua música, mas é sempre bom escutá-lo, nem que seja pela imprevisibilidade do Francisco Mateus o colocar em antena. E é tão boa a doçura da imprevisibilidade em rádio...
Radiofilo:
Por acaso, dos "três cantos", consegui vê-los aos três, mas, em separado, nunca em conjunto.
Luis Carvalho:
Fausto foi dos últimos grandes cantautores portugueses do século XX ainda vivos. Depois de Adriano Correia de Oliveira Afonso, José Mário Branco, Fausto, sobra Sérgio Godinho e pouco mais. Que o Fausto descanse em paz.
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