Todos aqueles que tiram comunicação social em Portugal e olham para o futuro, olham para as suas palavras e devem pensar que paÃs é esse em que vive. Um paÃs onde as mentes brilhantes emigram, onde as rádios locais fecham, onde os jornais estão afunilados na Capital, onde o sonho de ser locutor, animador ou trabalhar em rádio quase se limita à Capital, fico a pensar que devo viver numa outra dimensão que não se chama Portugal. De facto, filosofar sobre rádio é muito giro, mas daà à realidade vai uma grande diferença. Gostava de saber qual a sugestão que dá a todos aqueles que acabam este ano lectivo um curso superior de comunicação social no Porto, quais as saÃdas que vão encontrar? Sendo o seu cenário tão cor de rosa, imagino que não lhe deve faltar sugestões.
Pois “Zecaâ€, neste perÃodo de incerteza e de perspetivas reduzidas, quando se procura olhar para o que resta de positivo, você apelida logo o cenário de cor-de-rosa, ou seja de fantasia. Caso não veja nada de positivo à sua volta, então o fardo ainda é mais pesado.
Você mistura assuntos que estão em planos completamente diferentes, no qual o setor da radiodifusão é uma gota num oceano. Devolvo-lhe a pergunta nesta ótica, pelo que refere, tudo indica que os empresários do Porto e organizações de diversa Ãndole não investem na radiodifusão local. Porquê? Não dá lucro? Quais foram os motivos pelos quais venderam as frequências? Daà a apontar o dedo a Lisboa, onde estão sediados os maiores grupos de média, culpando-os de tudo parece-me despropositado. Sacudir as responsabilidades próprias, assacando-as aos outros é não querer ver o que se passa à sua volta e uma forma simplista e enviesada de contornar a questão. Não pertenço ao setor da comunicação social, sou um mero observador e consumidor. Pelo que li na imprensa online, por exemplo, a frequência de 98.4, Coimbra, foi vendida por 650.000,00 € e a de 92.8, Figueiró, por 180.000,00 € (ver hiperligação seguinte):
http://www.cmjornal.xl.pt/tv_media/detalhe/media-capital-52-milhoes-para-comprar-15-radios.htmlSupondo que os projetos anteriores eram inviáveis, não terá sido esta uma forma de pagar dÃvidas, pagar indeminizações e sair de um processo de insolvência da forma mais airosa possÃvel, limitando os danos? É que, pelo menos há 16 anos, constatava-se que haveria uma seleção darwiniana na difusão sonora local, na qual vários projetos chegariam ao seu término. Em parte devido ao excessivo número de rádios, à falta de qualidade de muitas, à recessão económica e a uma incorreta estruturação/dimensionamento à escala territorial. Talvez, o regional seja mais pertinente que o local e vá mais ao encontro dos interesses dos cidadãos. A imprensa assim o indicia, os jornais de âmbito regional vingaram em detrimento da imprensa local (em variadÃssimos casos).
Quanto à difÃcil conjetura e falta de perspetivas de quem termina um curso superior, infelizmente verifica-se em várias áreas. Eng Civil, Enfermagem, Docência, Investigação, etc., etc. Até nas áreas em que são necessários reforços nos quadros, como programação em Eng Informática, conheço casos de programadores que em Coimbra auferiam de cerca de 1.000,00 € por mês, em Londres, com um trabalho idêntico auferem de 5.000,00 € por mês (5X mais) com perspetivas de carreira de outro alcance. (Estes assuntos não são do âmbito de um fórum sobre rádio, por aqui me fico)