A ter fé que as emissões da Mega arrancam à meia-noite de hoje, gravei aquele que provavelmente foi o último noticiário da Rádio Fóia, agora às 19h.
Vou deixar o link, para arquivo:
https://drive.google.com/file/d/1jh6U7X6uWkY-vUXXbhVq9dW_ri-A3zxG/view?usp=drivesdkAntes dos administradores do fórum fecharem o tópico (e muito me custa), deixem-me fazer uma homenagem à Rádio Fóia.
Se hoje eu gosto de rádio, se faço rádio, devo muito à Fóia, mesmo que quase toda a minha carreira de 11 anos, tenha passado ao lado da Fóia.
A minha história da rádio, começa com os meus 4/5 anos, quando a minha avó materna tomava conta de mim, durante as férias da creche. Na altura, quando os meus avós maternos ainda viviam na casa do Depósito da Água da Bemposta, aqui em Portimão, todas as manhãs, os 97.1 FM estavam sintonizados na Rádio Fóia. Ouvia as notícias, os passatempos, os discos pedidos... Foi aí que comecei a conhecer o mundo da rádio. Na altura estava ainda longe de imaginar que um dia, a rádio seria a minha grande paixão. A Rádio Fóia sempre foi a rádio de eleição da minha avó materna. Só não foi durante uns anos, em que ela veio viver para o centro de Portimão, e aí passou a ser ouvinte da Rádio Costa D'Oiro. Em 2013 com o fecho da Costa D'Oiro (e mais tarde com a venda do alvará ao atual detentor da Rádio Portimão), voltou a ser ouvinte da Rádio Fóia, até aos dias de hoje. A única altura que a minha avó mudava de rádio, era às 18h30m para a Renascença, para ouvir o terço (até isso conseguiram tirar desse horário). Alguns familiares meus, da vertente mais popular, só tinham os recetores na Fóia, como uma tia minha que me recordo agora (também do meu lado materno). Voltando à minha história na rádio, uns anos mais tarde, com 10/11 anos, comecei a ter curiosidade de ouvir relatos nas rádios locais, e a Fóia era sem dúvida a minha rádio de eleição. Aos sábados a primeira e a segunda distrital, aos domingos os campeonatos nacionais, ouvia muitos nomes da rádio, na altura ainda longe de imaginar que um dia conviveria de perto com eles, mesmo que esse convívio não demorasse tanto tempo quanto isso a acontecer, pois, para uma criança de 10/11 anos, estar perto de quem só ouvia na rádio, e imaginava como seriam as pessoas que ouvia na telefonia, era algo emocionante (as redes sociais praticamente ainda não existiam quando eu comecei a ouvir relatos). Ao longo de todos estes anos, sempre fui ouvinte da Fóia (mais na parte desportiva, não posso negar). Só me afastei mais, quando fui viver para o norte. Lembro-me de estar em estúdio na Rádio Alvor, a coordenar em estúdio a Tarde Desportiva, e de ter um phone no ouvido sintonizado na Fóia, para tirar os resultados do Distrital, e apresentá-los aos nossos ouvintes (era prática comum em todas as rádios que ao longo destes 30 anos transmitiram desporto na região).
Em maio de 2023, recebi uma chamada do meu amigo José Nobre (que também passou pela Fóia), a perguntar-me se eu não queria ir para a Fóia. E aí, recordei-me de tudo isto, e decidi dizer-lhe para passar o meu contacto ao Armando Moreira (o meu coordenador de desporto). Tive a honra, durante uma época de servir os ouvintes da Fóia, no desporto. Tanto em exteriores, como em estúdio. Se atualmente me perguntarem onde gosto mais de fazer rádio, não sei responder. Mas há uns anos, não hesitava dizer que sem dúvida, gostava mais dos exteriores, e dos relatos propriamente ditos.
Hoje morre um bocadinho da rádio do Algarve. E por isso, revolta-me imenso ver algarvios contentes com isto que irá acontecer. Mas em termos pessoais, hoje morre também um bocadinho de mim. Lamento de verdade este desfecho. Pensei que se isto um dia acontecesse, que a Fóia fosse a última a quem acontecesse.
Já estive no fecho da Rádio Costa D'Oiro em 2013 (e mesmo sendo muito novo na altura, e estando a dar os primeiros passos nisto, sei o quanto me custou). Mas o fecho da Fóia, para mim, tem um impacto enorme. É a minha história na rádio, é parte da história da minha família materna, que sempre foi mais popular, neste tipo de coisas.
E como a minha vida na rádio nestes últimos tempos, têm sido extremamente injustos para mim, talvez este seja um presságio de um início do meu fim disto.
Obrigado a todos por lerem este meu desabafo e a minha homenagem.
Nelson Soares