No tempo em que foi Primeiro Ministro foi quando o Expresso foi mais contundente contra o governo e isto diz tudo.
Quem era o Diretor do Expresso nessa altura? O homem que adora meter veneno em tudo o que mexe, e que, nada me tira da cabeça, deitou abaixo um Governo de maioria absoluta e outro de minoria relativa bem recentemente, porque a sua personalidade narcísica oculta, de um modo diferente de um Sócrates ou Ventura, que são grandiosos, não suportava a ideia de não ser ele o centro das atenções.
Ainda ontem, foi o primeiro a entrar em direto e a fazer longos monólogos sobre o quão bom foi alguém a quem ele fez, literalmente, a cama. O que o Expresso fez nessa altura, não sendo eu vivo, já li bastante sobre isso, não era independência, nem sequer oposição. Ia além disso. Chama-se atirar as pessoas para a frente do comboio com objetivos pessoais. Curiosamente, outro semanário dirigido por outro Padre de Domingo à Noite, na ex-Emissora Católica de TV, fez exatamente o mesmo, a coberto de uma suposta Independência. Bem chamou Balsemão de "escorpião" a quem lhe chamou lelé da cuca.
É evidente que os maiores são Cavaco e Soares. As duas grandes figuras da política portuguesa. Os dois grandes que foram tudo o que quiseram ser. Acresce ainda que Cavaco não veio de nenhum berço de oiro como Balsemão, Soares, Sá-Carneiro, Cunhal e afins...
Soares e Cavaco são, sem dúvida, os grandes responsáveis pela passagem de um Portugal militar para um Portugal Democrático e civil, que espero que perdure a partir de 2026, pois gosto pouco de quem ainda puxa do título quando já é civil. O único aspeto que se pode apontar a Cavaco foi o de não ter sido um verdadeiro opositor ao Regime do Estado Novo, mas, como referiu o Atento, é mais difícil quando não se nasce em berço de ouro, ou se é líder do Partido Comunista e, ao mesmo tempo, ""afilhado"" do ditador. Paradoxos de uma elite portuguesa.
Quanto a Sá Carneiro, é evidente que teve também uma tremenda relevância, que uma morta prematura lhe roubou. O próprio Álvaro Cunhal, à sua maneira, apesar dos desvarios pré-PREC, também tem o seu mérito, na transição do PCP para um partido plenamente democrático, longe das tontarias de outras forças de extrema-esquerda.