Na única rádio local que gosto também tem passado de vez em quando um spot com um comunicado sobre este assunto. Pessoalmente não concordo nada. Segundo o Nuno Artur Silva, o objectivo é apoiar os músicos portugueses nesta altura em que todos eles estão a sofrer imenso (toda a Cultura, de resto) por causa do vÃrus e das restrições em vigor. A intenção é louvável e compreendo-a. A esmagadora maioria dos músicos tem os concertos cancelados e, hoje em dia, os concertos, e não as vendas dos álbuns, são de onde vem a maior parte dos rendimentos deles. Não podendo tocar ao vivo, a única coisa que lhes resta são as royalties das músicas deles serem tocadas na rádio, à s quais agora têm de se agarrar como a hera à s paredes. Na música não é possÃvel haver take-away. Ou melhor, até é. Com lives no instagram, etc, mas isso é gratuito, não é pago e eles precisam urgentemente de dinheiro neste momento. Só que estão a sofrer eles e estão a sofrer os músicos de todo o mundo, não são só os nossos. Mas estou a desviar-me um pouco do assunto. Como dizia, a intenção é compreensÃvel, só que aumentar para 40%, que seria quase metade da programação, é absurdo. Por um lado porque não se produz música em Portugal, boa e má, em número suficiente para cumprir diariamente numa rádio uma percentagem dessas e por outro porque pode dar a entender que o Governo pretende quase como que afastar os programadores das rádios e dizer "agora quem manda somos nós" e passar a ser o programador e isso já entra no domÃnio da restrição da liberdade das rádios de programarem. Seria mau para as rádios e mau para nós que as ouvimos. Para mais, é sabido que a esmagadora maioria das rádios cumpre a quota de 25% e até a ultrapassa.