Para mim, que não sou um grande ouvinte do estilo, a Radio Clásica é muito mais audível, que a irmã portuguesa.
Mas isso é apenas uma opinião
10x mais. A Antena 2 é a Rádio Serralves, cada vez mais. Dá duas voltas, uma pirueta, e quer ser simultaneamente temática musical e rádio cultura. O problema advém da Antena 1 ser uma informativa, mas que, ao mesmo tempo, tem de passar não sei quantas horas em direto de música. A Antena 3, não sabe exatamente o que quer ser. Este é o problema do serviço público, querer ser tudo ao mesmo tempo, acabando a não ser nada, e, logicamente, convidando a ser um produto onde se para porque tem cosias muito boas, mas não se fixa.
Quem aproveitou bem foi as musicais, que se aprimoraram. É indiscutível que as nossas são melhores que as de Espanha.
As locais são demasiado locais e estão limitadas ao raio mais próximo de atribuição do alvará, em vez de poderem escolher onde se posicionar no distrito e ter garantias de cobertura distrital, e por sua vez estão demasiado preocupadas com o caciquismo municipal e serem jukeboxes que empregam duas pessoas e um periquito (numa boa parte). Se às locais lhes fosse dada mais força e validação pela medição de audiências, já podíamos se calhar ter relatos assim - mas não dá, porque a Marktest obriga a ter escala para aparecer.
Tocaste em quase todos os pontos que deram cabo das locais:
1. Excesso de regulação do espectro, sendo certo que a cacofonia espanhola também não é maravilhosa (vide caso 105.1 na Galiza e até no Alto Minho)
2. Problema de escala: as nossas regionais deveriam ser nacionais, as melhores locais regionais, e só algumas locais o deveriam mesmo ser. Pensamos sempre pequenino.
3. Poder local: o verdadeiro cancro deste país, e que em parte explica porque gostamos tanto do centralismo de Lisboa
4: Marktest: cada vez mais me convenço que é a coisa que mais mal feita está em rádio - a medição das audiências.
Acrescentaria ainda um último ponto: a nacional parolice que entende que só o que aparece na TV é que é bom, e que, portanto, motiva a fuga dos empresários da rádio para a TV, em matéria de publicidade.
Sendo vizinhos (Portugal e Espanha) as diferenças são enormes. Parece que mudamos de planeta...
Em Espanha houve investimentos, na realidade, em infraestruturas que proporcionam qualidade de vida às pessoas. A população das cidades espanholas, normalmente numerosa, permite uma dimensão que não é comparável à portuguesa, também na presença em eventos desportivos (os estádios em Portugal estão, normalmente, "às moscas"). No que respeita à rádio (idem se aplica à TDT), a qualidade dos emissores e proliferação de estações emissoras, com qualidade, é indiscutível. Quanto ao DAB+, a Espanha apenas há um ano começou os investimentos a sério, que se prevê sejam massivos dentro do espaço temporal de um ano.
Quanto à qualidade de som em DAB+, espero que o "nelsonsoares" tenha aumentado bem o volume de som e constatado que não existe qualquer ruído de fundo nem distorção, e o som é francamente superior ao da FM para além das muitas funcionalidades que o digital permite.
Também não exagerando. Vigo é um excelente exemplo, é uma cidade da dimensão do Porto, até ligeiramente maior no que ao concelho propriamente dito diz respeito e é muitíssimo menos desenvolvida, no mínimo, a olho nu, diria que se nota um atraso de 15 anos. Não acho que Lisboa ombreie mal com Madrid também. Por outro lado, Portugal tem uma maior densidade populacional. Aqui, isso sim, o povoamento tende a ser mais dispero, e concentramos mais a população em torno das duas grandes cidades, o que implica uma multiplicação de investimentos (o famoso polidesportivo ou grande auditório que todos os concelhos têm).
Espanha beneficia da economia de escala, isso sim, é um mercado quase 5x maior que Portugal. Portanto, são 5x mais pessoas a pagar o mesmo Estado. E se há custos que têm uma relação direta com a escala, por exemplo, em saúde, sendo que Espanha nem sequer tem um sistema puro como o nosso e o Inglês, que são autênticos sovedouros de dinheiro, em muitos casos isso não é verdade. Por outro lado, a existência de regiões, facilita e muito a gestão do dinheiro. A cultura de fuga ao fisco, todos os dados indicam ser muito inferior em Espanha, havendo até economistas dos dois lados da fronteira que estimem que esse comportamento português terceiro mundista, justifica o diferencial de PIBpc entre os dois países.
No tocante às infraestruturas, Espanha beneficiou muito de ter ficado muito destruída pela Guerra Civil Espanhola. A revolução em Portugal, graças a Deus foi pacífica, na prática foi mais uma evolução na continuidade, mas teve esse efeito muito perverso. Por outro lado, por cá, sempre se viu como mais útil gastar dinheiro a redistribuir, do que propriamente a criar condições para o país evoluir.
No que respeita ao futebol, francamente, mesmo eu não sendo um adepto ferrenho, a qualidade das duas ligas justifica a diferença de assistência. A Liga Portuguesa tem jogos que são fraquíssimos. Mais uma vez, beneficia dos efeitos de escala.
O pecado original foi o nascimento de Portugal em 1143, que é um país pequeno, e, ainda por cima, absolutamente ultra periférico, que perde competitividade em toda a linha, perante os nossos parceiros e mercado natural, a Europa. É claro que é preferível ser pobre e falar português, do que um pouco menos pobre e falar castelhano. Ainda para mais, nós seriamos sempre os do fim da linha, tal como acontece hoje com os galegos, que estão mortinhos que aquele país colado com UHU há demasiados anos estoire, para ser virarem para nós.
A Orquestra e Coros da RTVE são excelentes, adorei ouvir o concerto desta noite de Sexta 31 de Outubro, que me fez ouvir apenas a 2ª parte do da Antena2.
Essa é outra que não me cai no goto, porque raio a nossa rádio não tem um coro e uma orquestra. Gasta-se dinheiro em tanta coisa mal feita. Lá está, mais uma vez, economia de escala, 48M a pagar o mesmo que pagam 11M. Em algum lado tem de se fazer cortes.
Falaram abaixo nas madrugadas da SER... mas, pelo menos às primeiras horas, volta e meia sintonizo 100.6 que melhor ou pior vão chegando de março a outubro, e muitas vezes apanho com repetições das tardes.